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Mr. Big - "...The Stories We Could Tell" Review


Não querendo bater no ceguinho na relação que há entre a Frontiers e o hard rock da década de oitenta e noventa que está a ser recuperado nos dias de hoje, é com alguma satisfação de que se vê o regresso de uma das grandes bandas do hard rock americano, banda essa que quase que conseguiu atravessar o período de seca sem cessar funções. Quase por que acabaram por findar actividades em 2002, já sem Paul Gilbert que tinha saído uns anos antes para se concentrar nos Racer X(tendo entrado no seu lugar o não menos ilustre e talentoso, Ritchie Kotzen) e também após alguma turbulência com Billy Sheehan. Após exigência dos seus fãs, a banda reuniu-se em 2009 e não faltou muito para que voltasse aos álbuns de originais, com a sua formação original.

“…The Stories We could Tell” é o segundo álbum desde esse regress e provavelmente o último com a formação original, já que uns meses atrás Pat Torpey anunciou de que sofria de Parkinson e como tal iria retirar-se das lides artísticas. Apesar dessa notícia triste, fica a consolação da sua despedida (esperamos que momentânea) ser feita com um grande álbum, onde a banda não acusa o toque de ser de outros tempos assim como mantém a sua identidade intacta, com os seus pontos de referências intactos, seja a batida segura de Torpey, a voz quente e bluesy de Eric Martin, o baixo irrequieto de Sheenan e a guitarra virtuosa de Gilbert. Como todos já sabemos, não adianta termos grandes músicos para interpretar más músicas, e assim sendo, este trabalho não tem momentos fracos do início ao fim.

Como sempre, temos as músicas mais calmas, as chamadas baladas, que inevitavelmente teriam que aparecer. “Just Let Your Heart Decide”, “East/West” e “The Man Who Has Everything” cumprem bem a sua função, mesmo sem chegar aos níveis de efectividade de “To Be With You” e “Just Take My Heart” (tal também não lhes eram exigido) e convivem bem ao lado de outras bem mais roqueiras como a “I Forget To Breathe” , “The Monster In Me” e  “The Light Of Day” que deixam vincado bem o lado blues que sempre teve na origem do som da banda. Como é possível ouvir um tema como “What If We Were New” e não bater o pé imediatamente? Só se se estiver morto ou então não gostar de rock/blues – que para isso mais vale estar morto.

Bom álbum, bom regresso, à altura daquilo que a banda sempre nos habituou mesmo nos seus momentos mais desinspirados. Simples, eficaz, hard rock tingindo a rock’n’roll blues e mais não se pede, mais não é necessário. Rock On!


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira