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Reportagem: Anathema e Mother’s Cake @ Paradise Garage, Lisboa – 10/10/2014


Pode-se dizer que os britânicos Anathema têm uma relação cada vez mais próxima com o nosso país, algo que ficou novamente provado com a sua última passagem pelo Paradise Garage, em Lisboa. Embora com o principal intuito de apresentar o seu décimo álbum, “Distant Satellites”, lançado há alguns meses, também houve espaço para revisitar outros trabalhos da banda. 


A primeira parte do espectáculo esteve a cargo dos austríacos Mother’s Cake, que têm vindo a acompanhar os Anathema na presente tour. O concerto iniciou com uma sala ainda a meio gás, mas que se foi compondo ao longo da actuação. E foi com um rock que alterna entre o progressivo e o funk que os Mother’s Cake foram conquistando o público português. Nos primeiros temas sentiu-se uma timidez inicial, tanto por parte do público como dos membros da banda, mas a partir de “I Like It” a situação alterou-se. Embora com tempo limitado, os austríacos foram comunicativos com o público e proporcionaram um bom aquecimento para o concerto que se avizinhava, colocando bastantes membros da plateia a dançar. Os Mother’s Cake anunciaram o tema “Runaway”, que rapidamente gerou aplausos nas primeiras filas, terminando assim a sua actuação.  Neste momento, já se podia comprovar aquilo que tinha sido anunciado anteriormente pela Prime Artists, na véspera do concerto: lotação esgotada. Facto que os Anathema mencionaram pouco depois de subirem ao palco, agradecendo ao público português. 



Os britânicos entraram em palco com um sorriso nos lábios e iniciaram o concerto com “The Lost Song, Part 1”, do seu último registo. O som não iniciou de forma perfeita mas a situação foi rapidamente ultrapassada. Em “The Lost Song, Part 2” já se ecoavam algumas vozes na plateia com a letra sabida, mostrando que, apesar de recente, o álbum “Distant Satellites” já tinha conquistado o público português. No entanto, foi em “Untouchable, Part 1” e “Untouchable, Part 2”, do álbum “Weather Systems” (2012), que a grande maioria do público se fez soar. Seguiu-se “Thin Air”, de “We’re Here Because We’re Here” (2010), trabalho que esteve representado no concerto por duas vezes, sendo mais tarde tocado o tema “Universal”. Nesta altura, já se fazia sentir um calor imenso, mas a lotação esgotada não coibiu os fãs de se mexerem e cantarem ao som dos britânicos. Mais tarde, Danny Cavanagh e Jamie Cavanagh chegaram mesmo a distribuir várias garrafas de água pela plateia.  Seguiram-se “Ariel” e “The Lost Song, Part 3”, também de “Distant Satellites”. Quanto ao último tema, Danny Cavanagh referiu que foi composto em Lisboa, e atribuiu as “culpas” ao nosso multi-instrumentista e produtor Daniel Cardoso, que foi bastante elogiado pela banda e aplaudido pelo público. Aliás, durante a actuação foram vários os elogios tecidos, o que comprovou, mais uma vez, a união da banda. John Douglas foi referido como um pilar dos britânicos e a causa da banda ter permanecido unida até então. Já Lee Douglas, vocalista feminina da banda, comemorou o seu aniversário nesta data, tendo sido solicitado ao público que cantasse o seu “happy birthday in portuguese”, pedido que foi acedido num ápice, colocando a banda com um sorriso maior do que aquele que já transportava. Foi notória a cumplicidade dos músicos com o público português, havendo mesmo lugar a algumas piadas, nomeadamente por Danny Cavanaugh, que perguntou se era suposto dizer “obrigado” ou “obrigada”, e que a dada altura respondeu algo como “What? O quê?”. Uma boa notícia para os fãs lisboetas prendeu-se com o facto de ter existido uma after-party oficial do concerto, tendo Danny Cavanagh como DJ de serviço. No entanto, o músico fez um pedido aos fãs: “não me venham pedir autógrafos, apenas dancem!”. Mesmo os fãs que não puderam adquirir bilhete, por culpa da lotação esgotada, estavam convidados a entrar nesta festa. Foi com o tema “Closer”, do álbum “A Natural Disaster” (2003) que se terminou a primeira parte do concerto, quando anteriormente já se tinha ouvido os temas “Anathema”, do novo álbum, e “The Beginning And The End”, de “Weather Systems” (2012). Não foi necessário aguardar muito pelo encore, que foi longo (e ainda bem). Regressaram com “Firelight” e “Distant Satellites”, do último registo, seguindo-se “A Natural Disaster”, momento em que a sala ficou em silêncio para ouvir Lee Douglas, e onde se criou ambiente com os vários telemóveis que se faziam mover no ar, a pedido de Danny. Seguiu-se “Take Shelter”, o último tema do novo álbum a ser tocado, e o público já se mostrava impaciente, possivelmente por ser compreensível que o espectáculo dos britânicos estava prestes a terminar. Assim, quer tenha sido por este motivo, por ser um dos temas mais queridos da banda, ou mesmo pelos dois em simultâneo, foi em uníssono que “Fragile Dreams” se fez ouvir, quase não sendo possível distinguir a voz de Vincent e dos fãs. Este tema, que faz parte do álbum “Alternative 4” (1998), foi o término perfeito para mais uma noite memorável que os Anathema nos proporcionaram. Os britânicos mostraram, mais uma vez, que podem pisar os nossos palcos ano após ano, pois os seus seguidores continuarão a encher as salas (e, preferencialmente, a esgotá-las, como aconteceu nesta noite).



Texto por Sara Delgado
Fotografia por Diana Fernandes
Agradecimentos: Prime Artists & Amplificasom