O gótico tem sido considerado um meio um tanto estagnado no panorama geral deste vasto universo. Auras simultaneamente belas e sombrias, a proeminência de vocalizações femininas e o uso e abuso de teclados são os padrões e clichés de um género que já teve o seu pico e desde o início do milénio se tem mantido no seu nicho, salvo um punhado de bandas mundialmente reconhecidas como é o caso dos Lacuna Coil, Paradise Lost, Type O Negative, Within Temptation, HIM, entre outras.
Os Dominia vêm do frio da Rússia – um óptimo local para se inspirarem para fazerem metal gótico – e destacam-se por fazerem uma poderosa mistura deste género com death metal melódico, assemelhando-se a uns Trail Of Tears neste sentido. Em vez de caírem na prática comum de carregarem em teclados como se não houvesse amanhã para conceberem atmosfera , os Dominia servem-se de violinos para garantirem um espectro lúgubre, gélido e inegavelmente belo às suas composições melancólicas e altamente orelhudas que conseguem trazer uma boa dose de força e uma versatilidade que faz com que o ouvinte nunca caia no tédio. Prova disso são temas muito bem concebidos como é o caso de “Mother Plague”, “The Final Trip”, com especial destaque para a épica “Death Only” e para o fúnebre final de “In Solitude”.
Este é um daqueles álbuns em que, apesar de não trazer nada de novo ao género, nota-se que o seu objectivo é conseguir um registo intenso e bem composto. Estes russos elaboraram um disco que, tal como quando se bebe um shotzinho de um bom Vodka, traz consigo impacto e satisfação ao ouvinte.
Review por Tiago Neves
