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Coprocephalic - "The Oath Of Relinquishment" Review


Imaginem ser esmagados por uma daquelas locomotivas de ferro antigas, sem saberem ao certo de onde veio e porque é que não avisou acerca das suas intenções. Esta é a sensação com que fiquei quando, aos primeiros segundos de “The Oath of Relinquishment”, fui violado por esta massa sonora, para além do brutal, dos Coprocephalic. Confesso que, até hoje, foram poucos os discos que me atingiram com esta carga demolidora, ao ponto de ter tido que ouvir esta nova proposta, oriunda da uma parceria Tailandesa/Americana, várias vezes até me decidir por escrever algo sobre ela.

Com este tipo de embrulho poder-se-ia pensar que estaríamos diante de mais uma banda vocacionada para a rapidez desenfreada e com enfoque especial na violência musical, mas não. O que os Coprocephalic nos oferecem tem vários requintes que condimentam esta análise primária de “The Oath of Relinquishment”. Há a preocupação de embelezar esta avalanche de brutalidade com acabamentos técnicos, onde a dissonância e uma certa atmosfera quase que industrial nos trazem um certo desconforto irresistível. É como se nos avisassem, é melhor não entrarem aqui, porque depois é impossível sair. É neste vortex que o álbum evolui, tema após tema, sem piedade, sem tempo para respirar, sem pedir licença no espancamento que nos proporciona, testando a nossa resistência carnal e empurrando-nos para uma realidade desoladamente psicótica. Afinal, quem é que nos mandou espreitar?

Para terminar, para além das vocalizações apocalípticas de Larry Wang, encontramos reunidos nesta obra, provavelmente, os 3 vocalistas mais desumanos na actual cena extrema. Angel Ochoa (Disgorge), Blue Jansen (Euphegenia/ex Guttural Secrete) e Matti Way (Pathology). Este exercito das trevas vocais espalha o terror ao longo dos temas onde participam e, inclusivamente, colaboram numa frenética tripla abusadora e sem limites para os mais sensíveis. Não que o álbum ficasse mais pobre sem eles, mas a verdade é que os Coprocephalic criaram um opus profundo e multidimensional que chama a si a presença de tão ilustres participações. Este reforço torna todo este “The Oath of Relinquishment” um trabalho imperdível para todos os admiradores de Brutal Death levado ao extremo, mas feito com o cuidado e o equilíbrio necessários para envolver os poucos sentimentos humanos presentes. A não perder!

Nota: 8.9/10

Review por Pedro Pedra