"The Dormant Acrimony" é o primeiro trabalho do projecto português Anthropomorphic Soul que se propõe a ser um escape de ideias musicais de Nuno Lourenço, o músico por trás do projecto. Trata-se de um projecto amador - assumido por Nuno como tal - sem grandes pretensões a não ser mesmo a experimentação do processo criativo. A produção é caseira e até é bem mais ambiciosa do que as afirmações humildes do seu mentor, mas no final não consegue esconder as suas limitações.
Com um objectivo de experimentação por trás, é de esperar que algumas experiências resultem e outras não e apesar de ser bem notável o talento do músico, certas coisas acabam por ficar algo longe do desejável. Como exemplo temos a primeira música, "Cotard Delusion". Esta faixa dá um novo sentido à expressão ir a todas e não acertar em metade. Com uma percussão agradável (que dá ideia de ser programada), o principal problema desta faixa é a sensação de termos três músicas a tocar ao mesmo tempo. A pista de teclados não está em harmonia com a de piano e estas duas não estão em harmonia com o restante. Torna-se algo confusa e dá valor à máxima "menos é mais". Isso também acontece levemente na "Dark Dream Hymn".
Outras coisas menos boas são faixas como a "Spiritu Incarnato" que dá a sensação de banda sonora de jogo de PC de meados da década de noventa enquanto a "The Small Everything" parece estar por acertar às vezes ao lado, a conter duas ou três músicas ao mesmo tempo no mesmo espaço. Experimentações que resultam temos a "Feel Like A Praying Mantis In A Swarm Of Locust", com a percussão a dar um toque de classe - embora também em conflito com a bateria. Os momentos mais directos acabam por ser os melhores, como a "The Creature" e a "I Am Null". Para finalizar temos duas faixas bónus, nitidamente inferiores em termos de produção em relação ao resto, mas mais interessantes em termos de ideias.
Em resumo, existe talento evidente, mas também existem pormenores que não ajudam a que o talento se evidencie da melhor forma, como os constantes efeitos na voz e a sobreposição de demasiadas coisas ao mesmo tempo. Explorar diversos estilos é sempre bom, mas é ainda melhor quando isso resulta em músicas memoráveis, principalmente quando tudo surge naturalmente. Que é precisamente o que não acontece aqui. No entanto, sendo o objectivo experimentar e criar, de certeza de que "The Dormant Acrimony" vai servir para que o próximo trabalho ser bastante superior, se se tiver em conta tudo aquilo que não deu certo.
Nota: 5.5/10
Review por Fernando Ferreira
Com um objectivo de experimentação por trás, é de esperar que algumas experiências resultem e outras não e apesar de ser bem notável o talento do músico, certas coisas acabam por ficar algo longe do desejável. Como exemplo temos a primeira música, "Cotard Delusion". Esta faixa dá um novo sentido à expressão ir a todas e não acertar em metade. Com uma percussão agradável (que dá ideia de ser programada), o principal problema desta faixa é a sensação de termos três músicas a tocar ao mesmo tempo. A pista de teclados não está em harmonia com a de piano e estas duas não estão em harmonia com o restante. Torna-se algo confusa e dá valor à máxima "menos é mais". Isso também acontece levemente na "Dark Dream Hymn".
Outras coisas menos boas são faixas como a "Spiritu Incarnato" que dá a sensação de banda sonora de jogo de PC de meados da década de noventa enquanto a "The Small Everything" parece estar por acertar às vezes ao lado, a conter duas ou três músicas ao mesmo tempo no mesmo espaço. Experimentações que resultam temos a "Feel Like A Praying Mantis In A Swarm Of Locust", com a percussão a dar um toque de classe - embora também em conflito com a bateria. Os momentos mais directos acabam por ser os melhores, como a "The Creature" e a "I Am Null". Para finalizar temos duas faixas bónus, nitidamente inferiores em termos de produção em relação ao resto, mas mais interessantes em termos de ideias.
Em resumo, existe talento evidente, mas também existem pormenores que não ajudam a que o talento se evidencie da melhor forma, como os constantes efeitos na voz e a sobreposição de demasiadas coisas ao mesmo tempo. Explorar diversos estilos é sempre bom, mas é ainda melhor quando isso resulta em músicas memoráveis, principalmente quando tudo surge naturalmente. Que é precisamente o que não acontece aqui. No entanto, sendo o objectivo experimentar e criar, de certeza de que "The Dormant Acrimony" vai servir para que o próximo trabalho ser bastante superior, se se tiver em conta tudo aquilo que não deu certo.
Nota: 5.5/10
Review por Fernando Ferreira
