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Desolate Shrine - "The Heart Of The Netherworld" Review


Finalmente, uma intro que tem razão de ser! Nos seus quatro minutos estabelece a disposição (bem arrepiante e negra) para o resto do trabalho sem se tornar aborrecida. Com quatro minutos, não é tarefa fácil nem tão pouco comum de observar. “The Heart Of The Netherworld” é o terceiro álbum da banda finlandesa que mais parece ser sueca, tal não é a gravilha e a sujidade com que apresentam o seu som. Juntando-se ao feeling arrepiante e negro, adivinha-se um álbum impróprio para pessoas mais sensíveis a estas coisas das trevas e escuridão. Na realidade, não é bem este sentimento que tem mais impacto, é mais o tempo em que este sentimento se manifesta.

Exceptuando pela intro, temos as faixas entre os seis minutos e os quinze, o que poderá fazer com que este trabalho possa ser algo denso demais para suportar de uma vez só. A banda junta ao seu death metal, um certo espírito doom, pelo menos no que diz respeito às suas melodias e a um certo espírito. Em termos de música, o andamento é na grande maioria das vezes uptempo e as estrutura das composições até oferecem dinâmicas suficientes para que não se tornem enfadonhas devido à sua longa duração. Ou seja, se por um lado temos um ambiente geral de negritude, claustrofobia e outras coisas menos boas, por outro temos dinâmicas diferentes de brutalidade que fazem com que faixas como “Desolate Shrine” e “We Dawn Anew” não se tornem aborrecidas – esta última, por acaso, a ter mais elementos de doom que qualquer outra do trabalho.

O problema é mesmo conseguir sobreviver a uma hora disto. Apesar de composição superior, de um som extremamente poderoso, ainda que mantendo algum do elemento primitivo que a banda demonstrou em trabalhos anteriores, continua a ser extenuante interiorizar este trabalho de uma vez só, sendo necessária alguma paciência e dedicação para que “The Heart Of The Netherworld” finalmente se instale. Mas quando isso acontece, dificilmente vai sair. Dificilmente conseguirá agradar a todos os entusiastas death metal, sendo demais para absorver de uma vez só como seria um álbum típico de death metal, mas a todos que apreciam a forma como a música progride, evolui e cresce dentro do próprio ouvinte, dentro do panorama extremo, claro, terão aqui muita matéria para dissecar durante uma boa quantidade de tempo.


Nota:
8.6/10

 
Review por Fernando Ferreira