Talvez os Morbid Evil passassem ao lado de muita gente, como sendo mais uma banda de Sludge Doom, mas tal facto, provavelmente, não vai acontecer porque têm o Keijo Niinimaa a ocupar-se das vocalizações desta formação. Aventurando-se em águas menos, muito menos rápidas, o vocalista de Rotten Sound cria aqui um teste de força musical cujo arrastamento pretende inspirar-se na ausência de esperança e de fé na espécie humana. In Hate With The Burning World “, marcha de forma compassada e absolutamente indiferente aos sentimentos que se vão manifestando ao longo da sua audição, é este o retrato destes, apenas, 6 temas.
O iniciante e sufocante “Cruel”define muito bem a intenção deste projecto, depois temos“Crippled”, um tema angustiante a roçar algum desprezo pela própria existência. De seguida, com uma alusão ao tema título deste trabalho, “In Hate” atinge-nos com uma força desoladora que teima em permanecer presente sem auspicionar nada de positivo. “South of Hell” é, talvez, o tema mais “mexido”deste disco, com um lento andamento Sabbatiano que se entranha com facilidade tal e qual uma sanguessuga que nos retira energia vital, porém, verdade seja dita, ainda nos traz alguma (falsa) esperança face ao que tinhamos ouvido até ao momento. Digo falsa porque, não passou mesmo de uma ilusão, já que, de seguida, o pesado e demarcado“Pollute” cai que nem uma bomba contribuindo para uma hipnótica sensação de morte colectiva. A fechar chega-nos “Burning World”, mais uma vez a aludir à obra seminal dos Morbid Evils, com 10 minutos de pura ruína, nada mais, nada menos. Se ainda houvesse algum estímulo para recuperar, este tema remata com um enorme isso não vai acontecer!
No final, fica esta sensação de vazio, do nada, do finito, e é nestes pontos, em particular, que estes Filandeses são muito bem sucedidos com “In Hate With The Burning World”dado terem conseguido concretizar a sua intenção. Mais que um disco implicativo com o sistema nervoso, este é um disco negativo que deverá ser ouvido apenas em caso de atracção pelo lado mais mórbido do Ser Humano. Sem dúvida, uma viagem surpreendente e digna de ser contada!
Nota: 8.2/10
Review por Pedro Pedra
