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Reportagem: Amon Amarth, Huntress e Savage Messiah @ Paradise Garage, Lisboa – 10/02/15


Mais uma vez - e ainda bem - a conhecida sala lisboeta, Paradise Garage, esgotou. Desta feita os Amon Amarth foram os autores dessa façanha, eles que se fizeram acompanhar de outros dois colectivos de respeito: Huntress e Savage Messiah. Se é certo que muitas das vezes os grandes nomes do metal – como é o caso dos Amon Amarth – trazem bandas para a sua abertura que não se afiguram como mais-valias para o espectáculo, desta vez não foi o caso. 

Os ingleses Savage Messiah estiveram longe de uma actuação e recepção mornas. Os fãs de Amon Amarth mostraram abertura para apreciar e participar nos outros concertos da noite, mas é certo que as bandas também fizeram por isso. O jovem colectivo londrino, formado em 2007, já editou três álbuns na sua carreira, mas foi na novidade "The Fateful Dark", que basearam na totalidade, a sua performance. Essa escolha em tocar temas do mais recente disco revelou-se acertada, tendo resultado bem ao vivo, perante um público entusiasta. "The Fateful Dark" é, sem dúvida, o mais forte dos três álbuns dos Savage Messiah, mostrando evolução em relação aos seus antecessores. Ao vivo, estes temas e a intensa actuação da banda, mostraram uma sonoridade que anda longe das típicas propostas de thrash metal que invadiram o mercado nos últimos anos, com uma injecção de heavy metal que os distingue de outros grupos que têm menos para dar. O quarteto, na curta meia hora a que teve direito, naquela que foi a sua estreia em solo português (o que foi referido pelo vocalista/guitarrista Dave Silver), deixou uma óptima impressão e deixou os espectadores bem aquecidos para o que vinha em seguida.


Os Huntress mostraram que também são uma banda acima da média e não apenas um nome que sobressai apenas por ter uma vocalista na sua formação. É certo de Jill Janus dá nas vistas mas a música destes californianos tem boas ideias e a voz da cantora é singular. A franzina vocalista que, segundo consta, no passado pousou para a playboy, em palco destacou-se pela sua competentíssima performance vocal e destemida presença. Já em finais de 2012, quando visitaram o Paradise Garage, com a missão de abrir para os Dragonforce, os Huntress deram boa conta de si. Agora, mais conhecidos e fortes em palco, já começam a justificar uma presença em Portugal em nome próprio. De certeza, que muitos dos presentes nestes concertos da banda, em Portugal, corresponderão à chamada. Não foram só de temas dos seus dois discos que os Huntress presentearam o público presente. As novas músicas "Harsh Times On Planet Stoked" e "Flesh" foram debitadas no Paradise Garage, sendo bem recebidas, dando sinal que vem aí o terceiro disco dos Huntress e, provavelmente, uma nova passagem da banda pelo nosso país. A base da música praticada pela banda de Jill Janus e companhia é o heavy metal. No entanto, a voz distinta da frontwoman e a mescla com elementos thrash e mesmo black metal, traduz-se numa agradável sonoridade. Os melhores momentos deste concerto estavam guardados para o final: "I Want to Fuck You to Death", cuja letra foi escrita em parceria entre a vocalista e o lendário Lemmy Kilmister, teve direito a um público a cantar o refrão e "Eight of Swords", um dos melhores e mais conhecidos temas da banda, até à data, fechou em grande o concerto com Jill Janus a vociferar com toda a convicção, "Let the Witches In".

Após uma missão bem cumprida por parte das bandas de suporte, que abrilhantaram esta noite, foi a fez dos vikings Amon Amarth entrarem em palco, para mais um regresso triunfante ao nosso país. Os fãs da banda mostraram mais uma vez que são fiéis seguidores da mesma e encheram o Paradise Garage, prontos, novamente, para a batalha. Quem não batalha em cima de palco é o quinteto sueco, que está todo junto desde o ano de lançamento do primeiro álbum, o que se traduz numa impressionante coesão do grupo, ao vivo. Aqui não há membros que se destaquem ou que queiram para si próprios o protagonismo, todos actuam em harmonia e o resultado final são grandes músicas tocadas como deve de ser, o que se traduz em grandes concertos. É certo que os Amon Amarth, tanto ao vivo como em álbum, não falham. E assim foi na sala de espectáculos lisboeta. Os nórdicos trouxeram a terras lusas um alinhamento de luxo, que percorreu quase todos os seus discos, embora baseado, principalmente, nos seus trabalhos mais recentes. Mostrando que apreciam todos os álbuns dos Amon Amarth e não apenas os mais antigos como os fãs de outras bandas, os devotos da banda sueca receberam de forma efusiva dois dos temas do seu último álbum que iniciaram o concerto: "Father of the Wolf" e "Deceiver of the Gods". Os espectadores foram incansáveis, correspondendo a todos os apelos por parte do sempre interventivo Johan Hegg, bem como cantarolando letras e riffs de várias músicas da banda, das mais recentes aos clássicos. A música dos Amon Amarth é poderosa mas incrivelmente catchy, tendo um apelo irresistível ao headbanging e cantorias por parte do público. Assim aconteceu novamente, em cerca de uma hora e meia de puro metal, que terminou com o encore, do qual fizeram parte as inevitáveis "Twilight of the Thunder God" e "The Pursuit of Vikings".



Texto por Mário Santos Rodrigues
Fotos por Paulo Tavares
Agradecimentos: Prime Artists