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Wells Valley - "Matter As Regent" Review


O preconceito é tramado. Se me dissessem que o som dos Wells Valley é cheio de dissonâncias, provavelmente não me daria ao trabalho de conhecer as seis músicas que compõem, já que a minha opinião de coisas dissonantes é altamente preconceituosa. No entanto, apesar desse preconceito, também me é possível reconhecer que algumas entidades que usam e abusam de dissonâncias conseguem criar verdadeiras obras de arte – como caso mais flagrante e num espectro mais extremo, os Deathspell Omega. Os portugueses Wells Valley não são tão extremos como os franceses, mas conseguem ser quase tão intensos como eles.

No caso dos Wells Valley, a banda portuguesa consegue cativar usando e abusando das dissonâncias, estabelecendo ao mesmo tempo um ambiente denso, tão denso que uma parede de fumo é tão maciça como uma parede de cimento, a par de bandas como Cult Of Luna e Neurosis. Nem sempre é eficaz todavia. “Hands Are Void”, por exemplo, demora uma eternidade a levantar os pés do chão, enquanto a “Sacred Mountain” nunca o chega a fazer por completo. Fica a ideia de que apesar do seu potencial demonstrado, a banda nunca o chega a concretizar.

A nível nacional, talvez seja a proposta mais ambiciosa do género – muito dependendo do gosto pessoal de cada um e em que género o insiram – mas mesmo assim fica aquém daquilo que o seu ambiente sugere. É-se cercado por um constante sentimento de expectativa que é frequentemente frustrado. Este álbum é uma boa estreia, sem dúvida, mas que não conseguiu tocar nos botões certos para que fique na memória ou exija por parte do ouvinte mais audições. Ainda assim, bom esforço.


Nota: 6.5/10

Review por Fernando Ferreira