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Reportagem: Arena e Forgotten Sun @ Paradise Garage, Lisboa - 20/04/2015


Clive Nolan, membro fundador dos Pendragon e ainda teclista deste peso pesado do Prog Rock actual, em 1995 juntou-se ao baterista original dos Marillion, Mick Pointer para formar os Arena. Como se isso não bastasse, estas lendas que comemoram o seu vigésimo aniversário com esta tour, fazem-se acompanhar com John Jowitt, baixista durante também 20 anos nos IQ. Para abrir este autêntico estrelato do Prog, nada mais, nada menos, que o nosso trunfo nesse estilo musical, os Forgotten Suns. Seria de esperar uma noite mágica para os entusiastas deste mundo sonoro, mas infelizmente a adesão foi muito à conta da qualidade que passeou em palco, no entanto isso não estragou em nada a festa progressiva que se adivinhava. 

Por coincidência, ou não, como disse o vocalista Nio Nunes, os Forgotten Suns voltavam a pisar o palco onde tinham apresentado e tocado na íntegra o seu último registo de longa-duração “When Worlds Collide”, há um mês atrás. Não se sabe o que se passou no departamento técnico, totalmente alheio à banda lusa, mas a entrada dos lisboetas saiu extremamente prejudicada pelo som no primeiro tema, totalmente desequilibrado, praticamente sem voz, sem guitarra e com os teclados bastante baixos, no entanto foi um erro rapidamente rectificado e acabou por ficar equilibrado. Com uma atitude desprendida e descontraída, o quinteto vez mais uma longa visita ao último trabalho com “Fortress of Silence”, “Somewhere In the Darkness” e “Rise and Fall”, mas com um piscar de olhos ao seu passado com “Betrayed” e um tema do segundo disco “Snooze”. A banda organizadora do evento fez assim o seu dever e aqueceu as hostes.

Quando finalmente os Arena pisaram o palco pela primeira vez no nosso país, já se encontravam algumas dezenas de pessoas para ouvirem “The Demon Strikes”, o tema de abertura do novo disco “The Unquiet Sky”, o outro mote da digressão europeia dos Arena para além do seu aniversário. Os britânicos não se sentiram nada envorgonhados estarem a tocar para menos de uma centena de pessoas, aliás, as brincadeiras da pseudo-apanhada entre o vocalista Paul Manzi e John Jowitt mostraram a descontracção e entusiasmo que queriam passar à audiência. O primeiro sinal de devoção veio com a dupla visita a “The Visitor”. “Double Vision” e a inconfundível “Crack In the Sky” arrancaram os primeiros cânticos e palmas rítmicas, conferindo mais energia à banda para prosseguir pela noite dentro. Eis que Clive Nolan anuncia uma música que nunca foi feita para ser tocada ao vivo e assim foi estreada “Moviedrome”, 20 minutos de puro hipnotismo que a par de “Salamander” e “Serenity” serviram para mais uma visita aos 20 anos de carreira do grupo britânico, antes de mais uma dedicatória ao futuro com “The Unquiet Sky” e “Traveller Beware”. O som muito perto da perfeição nesta segunda metade da noite deu especial enfase à instrumental “Riding the Tide”, provavelmente o grande momento da noite, onde todo o génio técnico do quarteto (Paul Manzi tinha ido refrescar a voz) ficou demonstrado e com Clive Nolan a rodar as suas teclas à la Jordan Rudess. Infelizmente na última parte do concerto, a frustração da audiência diminuta e o cansaço de uma tour longa começou a transparecer nos britânicos, mas os poucos presentes puxaram bastante pela banda, principalmente através de palmas rítmicas e no final foram recompensados com um encore, onde se tocaram dois dos maiores êxitos da banda, “(Don’t Forget to) Breathe” e “Crying for Help VII” que teve direito a coros da parte dos presentes puxados para cena por Paul Manzi. Foi pena a pouca afluência do público a este evento, mas apenas serviu para demonstrar o profissionalismo desta grande banda que nos presenciou com um concerto de perto de duas horas sem perderem a dedicação aos fans presentes.


Texto por Bruno Farinha
Fotografias por Liliana Quadrado
Agradecimentos: Premiere Music