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Web - "Everything Ends" Review


A primeira memória dos Web remonta a um concerto no Verão de 87, em que uma cassete com gravações de ensaio foi apresentada a um pequeno grupo de amigos. Quase 30 anos depois, o grupo lança o terceiro longa-duração, sendo que apenas uma década separam este “Everything Ends” do primeiro disco.

A quem (ainda) desconheça o grupo, tudo isto poderá parecer estranho, mas os Web tiveram três diferentes períodos na sua existência: A fundação, a fase “Evil Tape”, por volta de 94/95 em que estiveram presentes de forma massiva em diversos eventos e, finalmente, a fase mais recente, iniciada já no presente século. “Everything Ends” é, desde já, o disco mais ambicioso do grupo, mais consistente e, sem dúvida, o primeiro em que consigo esquecer os Web da fase “Evil Tape”, importante para mim, por razões pessoais. Hoje, como já antes, o colectivo centra o seu som algures entre o thrash e o power, estando neste disco, próximo de uns Annihilator, como se percebe em temas como “Taking The World” ou “False Prophets”. Mas, nesse aspecto, os quatro de Valadares permanecem coerentes, nunca se assumindo como um nome inovador no estilo, mas antes um sólido nome de meio de tabela que nunca desilude ao vivo e em que a forma de abordar o som, sempre unida e directa, prevalece sobre a “moda musical”.

Logo de entrada, “Vendetta” não se revela apenas um tema de abertura, mas também um tema que pode perfeitamente acordar o público fora de uma sala, romper conversas e aproximar todos do palco. É complicado escutar um disco de Web sem separar o estúdio do palco, onde o grupo ganha uma dimensão superior. Pena que o tema se perca num mid-tempo que arrasta a composição para lá dos seis minutos. Com “False Prophets” recomeça a sedução, rapidamente se entrando numa cadência rápida que decai para um mid-tempo.

“All Turns Into Dust” é o exemplo da história do ovo ou da galinha: Nasceu este tema para os fãs terem a sua sessão de mosh ou resulta da inspiração depois de um violento circle pit? A resposta é difícil mas o tema simboliza aquilo que o grupo é e sempre foi: uma máquina de palco cujo valor está nas actuações. É a pensar no palco que se deve escutar este disco, mesmo quando o grupo aborda a linha mais conceptual em “Everything Ends”, um tema dividido em dois, mas que na realidade soa como uma só composição e permite abordar o disco como senão conceptual, pelo menos ligado à mesma temática. Nota ainda para “Leaving Scars”, que contém dueto com Miguel “vai a todas” Inglês, dos Equaleft, grupo que tem acompanhado os Web na digressão promocional ao álbum.

Bateria sólida, excelentes riffs de guitarra, vocais exigentes. No fundo um bom trabalho, por vezes com demasiados pormenores e pedindo uma segunda audição, por vezes menos directo do que deveria ser, mas sempre consistente e equilibrado.

Nota: 8/10

Review por Emanuel Ferreira