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Void Of Sleep - "New World Order" Review


Quando se fala em stoner/sludge/doom, na nossa mente forma-se logo muito bem formado aquilo que se vai ouvir. Disseca-se e faz-se logo uma análise da música que não se ouviu, antecipando que tipo de distorção de baixo, o fuzz da guitarra, a batida da bateria e o tom cavernoso ou bagaceiro da voz. É uma questão de arrogância natural dos seres humanos, nada de pessoal. E são álbuns como este “New World Order” que servem para desafiar numa primeira instância, e posteriormente destruir essas convenções que se assumem como erradas depois de ouvir poucos minutos desta obra. Poucos minutos de “The Devil’s Conjuration”.

Embora algumas das características atrás se verifiquem, afinal o rótulo de stoner/sludge/doom não cai do ar, o que é certo é que existe aqui muito mais, muito mais que estes rótulos. Para já a voz de Burdo é extremamente melódica, com alguns acessos de raiva, o que nos fá uma dinâmica típica dos Opeth. Ou seja temos uma aproximação ao progressivo que à partida parece incompatível com o trio mencionado acima. Parece mas não é. É a falácia do rótulo. É usado para simplificar no entanto, por vezes complica. A riqueza de “New World Order” não começa e não acaba na qualidade das suas músicas e sim na sua variedade.

“Hiddens Revelations” e “Slaves Shall Serve” são temas enormes de metal (sem prefixos e sem sufixos) que também não se negam a rockar. Aliás, o rock (inclusive uma certa costela alternativa) faz tanta parte do ADN deste trabalho como o metal, pelo que este é um trabalho que se assume como quase inesgotável nas audições que proporciona. Uma riqueza que é evidenciada nos temas finais que surgem colados, o tema título e o épico e óbvio “Ending Theme” que totaliza catorze minutos de duração. Trabalho surpreendente e rico, de uma forma que o preconceito não permitiria conceber e só como tal, este é um dos trabalhos que além de exigir várias audições (e vai crescendo a cada uma delas) também faz com que cada uma delas surja naturalmente.


Nota: 8.5/10

Review por Fernando Ferreira