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Pinkish Black - "Bottom Of The Morning" Review


A avaliar pelo início de “Brown Rainbow”, este “Bottom Of The Morning” parece ser mais um álbum que poderia servir para duas coisas. Ou como homenagem aos Goblin, ou para uma banda sonora de um filme de terror do Dario Argento dos finais da década de setenta, inícios da de oitenta. Na realidade, há muito mais aqui do que essa faceta que está evidente no chamado tema. Os Pinkish Black nasceram a partir das cinzas dos The Great Tyrant, que nunca chegaram a lançar um álbum porque o seu baixista Tommy Atkins cometeu suicídio. Os dois membros restantes, Daron Beck e Jon Teague decidiram continuar sobre esta designação, Pinkish Black. Como já foi dito, pela amostra do primeiro tema atrás citado, os sintetizadores são um dos grandes factores da banda, no entanto há aqui mais qualquer coisa, difícil de identificar.

Há certamente um factor opressivo, que é impossível de sacudir ao longo do tempo que dura esta experiência auditiva. E, claro, o factor cinematográfico está sempre presente. Uma “Burn My Body” torna-se hipnótica com o seu toque especial que junta doom à música electrónica da década de oitenta, tornando-a muito mais emocional do que à partida se julgaria possível. O factor nostálgico tem muita importância, mas há mais aqui do que simplesmente olhar para trás e reinventar o que já foi feito. Cada música tem um seu próprio propósito, com diversas facetas e o que faz com que este álbum seja mais dinâmico do que à partida se julgaria possível.

“Special Dark” poderia chamar-se como proto-metal industrial, enquanto “Everything Must Go” poderia ser uma espécie de Massive Attack primordial transformada por uma tensão hipnótica estupidamente alta que descamba num devaneio claustrofóbico. Poderia estranhar-se um álbum destes lançado pela Relapse Records, mas a editora já provou diversas vezes que por muito díspar seja o espectro do alcance das suas propostas, todas têm em comum um factor: a forma como surpreendem e impedem de deixar indiferente o ouvinte. “Bottom Of The Morning” – excelente trocadilho já agora – é apenas o mais recente exemplo. Um álbum que não sendo fácil de ouvir, passado algum tempo, também não é fácil de o deixar de fazer.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira