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Entrevista aos Dark Oath

Os portugueses Dark Oath já fazem parte da cena underground há uns anos mas só em 2016 é que partilharam a notícia do contrato com a editora italiana WormHoleDeath. Já que uma novidade nunca vem só, comunicaram também que o álbum de estreia “When Fire Engulfs the Earth” será lançado em breve. A Metal Imperium esteve à conversa com a vocalista Sara Leitão para tentar descobrir mais novidades...


M.I. - Com que idade te iniciaste na música? Quando descobriste que a música era uma paixão?

Bem, eu entrei na banda em 2010, tinha 17 anos na altura, mas já ouvia metal há mais tempo, desde os 14, 15 anos, mais ou menos. Lembro-me que a primeira banda assim mais para o “pesada” que eu ouvi foi System of a Down, a Atwa. Essa foi a música que me colou e me deu vontade de ouvir mais. Passei por Korn, Slipknot, aquelas bandas mais ditas comerciais. Depois, a partir daí, fui descobrindo mais bandas, outros subgéneros e foi até ao dia de hoje. 


M.I. - Em Janeiro os Dark Oath anunciaram um contrato com a WormHoleDeath. Qual foi a tua primeira reação?

Foi fantástico! Já há tanto tempo que andávamos para anunciar o álbum e a nova editora mas estava difícil de arrancar com tudo. Foi óptimo quando finalmente pudemos anunciar as boas notícias.


M.I. - Para quantas editoras enviaste os vossos trabalhos antes de assinares contrato com a WormHoleDeath?

Enviamos para algumas mas a verdade é que nunca tínhamos enviado nada para a WormHoleDeath, foram eles que nos descobriram. Fomos contactados quando estávamos já a começar a gravação do álbum, isto em 2013. O interesse foi mútuo e acabamos por assinar contrato.


M.I. - Os vossos temas falam de Vikings, mitologia nórdica e história. Quem as escreve?

As letras do álbum foram escritas por várias pessoas mas quem contribuiu mais foi o Joël, guitarrista da banda. Eu escrevi algumas, e usamos também partes de letras que o nosso antigo baterista, o Pedro, tinha escrito enquanto estava na banda.


M.I. - A história do nosso país também é bastante rica em acontecimentos marcantes. Já ponderaste a ideia de escrever temas baseados na grandiosidade de Portugal na era dos Descobrimentos?

Sim, claro que sim. O conceito dos Dark Oath é sermos trovadores, contadores de histórias. Nós começámos pela mitologia nórdica porque já tínhamos algum background que abordava o tema, mas a ideia é abordar muitas mais, muitas mais histórias e lendas de outras mitologias. E claro que a história portuguesa não vai ficar de parte. Já temos algumas ideias para aplicar mais tarde.


M.I. - O álbum inclui 10 temas… qual o teu favorito? Porquê?

Pergunta difícil essa. Gosto de várias por várias questões diferentes: A Watchman of Gods é uma das que gosto mais porque tem muita energia, é rápida, e poderosa. Mas depois também gosto da Brother’s Fall que é uma música linda, emotiva e triste até. Acho que cada uma das músicas tem qualquer coisa, é difícil escolher.


M.I. - Tens partilhado algumas reviews do vosso trabalho e todas têm atribuído uma boa pontuação ao álbum. Estais satisfeitos?

Muito! Até agora só temos recebido boas críticas, por isso só pode significar que estamos num bom caminho.


M.I. - Que esperas da editora em termos de trabalho promocional? Consideras que têm feito um bom trabalho até ao momento?

Sim, sem dúvida. O Carlos, que nos tem acompanhado desde o início do processo com a editora, tem sido espectacular connosco. Procura sempre que as coisas estejam do nosso agrado e preocupa-se em nos ajudar a fazer o que for melhor para a banda. Sempre se preocupou com o nosso ponto de vista e com aquilo que imaginamos  a nível de conceito para os Dark Oath.


M.I. - Já que a editora é italiana e tem filiais no Japão e na Noruega, parece-te possível que os Dark Oath façam uma tournée europeia ou até mundial? Gostarias que tal acontecesse?

Sim, claro, neste momento toda a nossa motivação direcciona-se de forma a conseguirmos mais visibilidade no estrangeiro. Pensamos que, com a editora, as coisas podem desenrolar-se mais facilmente e sabemos que é um grande impulso para que tal ocorra. Se as coisas correrem bem, esperemos que uma tournée lá fora, seja europeia ou mundial, seja uma notícia a anunciar em breve.


M.I. - No início dos anos 90, a cena underground nacional e mundial praticamente não incluía mulheres. Hoje em dia vêem-se mulheres em várias bandas. Que pensas desta “evolução”? O que mudou afinal?

Sim, hoje em dia já não é uma novidade uma rapariga estar numa banda de metal. E penso que é uma coisa boa e positiva, apesar de nos dias de hoje já não haver aquela ideia que o metal é só para os homens. Acho que é uma evolução natural e eu aposto que os homens agradecem! [Risos]


M.I. - Como vocalista, qual o elogio mais interessante que já recebeste?

[Risos] Não sei responder a isso! Mas se alguém vier ter comigo no fim do concerto e disser que curtiu o espectáculo, e mal consegue esperar pelo próximo, isso deixa-me feliz e basta.


M.I. - Existe alguma vocalista feminina que seja um ídolo para ti? Quem? Porquê?


Houve uma altura em que gostava muito de Arch Enemy, e a Angela, numa fase da minha vida, foi uma motivação; a primeira vez que tentei fazer gutural foi numa de a tentar imitar. Hoje em dia, admito que já não ligo tanto à banda em si e com a saída da Angela, perdi ainda mais o contacto. Eu própria mudei os meus gostos mas não digo que não me tenha influenciado, acredito que em certa altura a Angela Gossow teve o seu papel na minha evolução.



M.I. - Que vocalistas (homens e mulheres)/bandas te inspiram? Porquê?


Mikael Stanne dos Dark Tranquillity e o Joe Duplantier dos Gojira são dois artistas que me inspiram e que, de alguma forma, me influenciam enquanto vocalista. Podem não ter o gutural mais agressivo e mais técnico do mundo mas adoro o feeling que dão às músicas como vocalistas. Depois existe a Lana del Rey mas acredito que toda a gente, lá no fundo, tem o seu crush por ela! [Risos]


M.I. - Quão fácil/complicado é ser músico em Portugal?

Todos sabemos que o caminho das artes em Portugal, seja ele qual for, não é fácil. Muito menos dentro do nicho que é o metal. Eu sinto que, quando entrei mais no meio do underground nacional, já foi numa fase de quebra. Por outro lado, viu-se um renascer mas virado para subgéneros muito específicos como o grind e o brutal death há mais ou menos dois, três anos. Acho que são fases normais como em qualquer outra coisa. Nós, ao longo do nosso percurso, tivemos muitos altos e baixos, e houve uma altura em que estávamos mesmo a bater mal, porque parecia que nada andava para a frente. Se formos a ver iniciamos o processo para lançar este nosso álbum de estreia em 2012. Só vai sair este ano. Foi um parto difícil mas depois de muitos trambolhões tudo se orientou. Eu acredito que nós fazemos as coisas acontecerem com trabalho árduo e, se o universo assim quiser, as coisas acontecem. Não podemos é ficar de braços cruzados à espera que tudo caia do céu.


M.I. - Como vida de músico em Portugal não paga dívidas, com que frequência é que a banda se junta para ensaiar?


Como os membros da banda estão todos em pontos diferentes do país, temos que ser muito organizados. As coisas funcionam bem apesar disso porque todos nós fazemos o nosso trabalho de casa. Desta forma, uma ou duas vezes por mês é suficiente para ensaiar. O ensaio acaba por ser mais um meio para limar as arestas e ver se está tudo a soar direitinho, porque o grosso do trabalho faz cada um em casa. Todos temos outras ocupações nas nossas vidas porque a verdade é mesmo essa, a música ainda não é um meio de sustento.

M.I. - Sara, espero que os teus sonhos e os dos Dark Oath se concretizem neste ano que se iniciou recentemente e que o vosso álbum seja um enorme sucesso. Queres deixar uma mensagem aos leitores da Metal Imperium?


Estejam atentos porque temos muitas coisas boas ainda por anunciar! Dêem uma checkada no nosso álbum “When Fire Engulfs The Earth” e apareçam nos concertos que vamos anunciar em breve!

Entrevista por Rita Limede