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Reportagem: The Mission e The Awakening @ Paradise Garage, Lisboa, 12/10/2016


Os britânicos The Mission, icónicos do rock gótico, partiram para uma extensa tour mundial, comemorando os seus 30 anos de existência. O nosso país foi contemplado com duas datas, 11 e 12 de Outubro, no Hard Club e Paradise Garage, respetivamente. Vimos falar da data lisboeta que, à semelhança da data portuense, teve lotação esgotada.  

A primeira parte do evento esteve a cargo dos The Awakening, projeto criado e liderado pelo sul-africano Ashton Nyte. Apesar de cumprirem o objetivo de aquecer a noite (uma das primeiras mais frias e chuvosas deste início de outono), é importante salientar que a banda já conta com duas décadas de existência, não sendo propriamente novatos no meio. Não têm uma sonoridade tão tradicional como os The Mission, alternando entre o rock gótico e o darkwave, mas mostraram-se uma escolha apropriada para esta noite. Talvez não tenham sido tão aplaudidos como mereciam devido ao (ainda) desconhecimento da banda por parte dos fãs que, lentamente, iam compondo a sala à medida que o primeiro concerto decorria. Também é de notar que os espectadores, alguns da “velha-guarda”, mostrando-o através de t-shirts e coletes antigos, iam aproveitando este início de noite para recordar caras conhecidas e relembrar outros tempos. No quinto tema apresentado, “Fault”, a casa já estava bem composta. Ashton Nyte, no seu jeito característico, um pouco “socially awkward”, comentou ser bom estar em Portugal, enquanto bebia do nosso vinho. A atuação durou 50 minutos e foram percorridos temas como “Indian Summer Rain”, “Upon The Water” e “Angelyn”. 

Pouco passava das 22h00 quando Wayne Hussey e companhia entraram em palco. O tempo parece não ter passado pela banda desde a sua última aparição em Portugal, em Outubro de 2011. Começam com “Beyond The Pale” e o público fica ao rubro, seguindo-se as também míticas “Serpent's Kiss” e “Like A Hurricane”. A voz de Wayne confundia-se com a voz dos fãs (que, na realidade, já tiveram muitos anos para decorar estes temas!). De seguida, o músico recorda o último lançamento dos The Mission, “Another Fall From Grace”, que ocorreu no passado mês de Setembro: “Nós temos…novo álbum…muito bom!”, indica Wayne, num português quase irrepreensível. Aproveitando a dica, tocam o tema “Tyranny Of Secrets”, deste registo. Seguem-se “Naked And Savage” e “Sea Of Love”, altura em que o público amorneceu um pouco. Wayne canta um excerto do conhecido tema “Can’t Help Falling In Love”, de Elvis Presley, e a atenção volta a estar focada nos músicos. Mais tarde, mal começam os primeiros acordes em “Like A Child Again”, o público fica eufórico e canta em uníssono. O espetáculo também apresentou um fator surpresa com a entrada de duas bailarinas portuguesas de bellydance, Soraya Moon e Mary Nemain, no tema “Tower Of Strenght”. As bailarinas fazem parte do conhecido grupo Ignis Fatuus Luna (o terceiro membro do grupo, Kahina Spirit, encontra-se em tour com os Myrath – é possível ver que, cada vez mais, as diferentes artes se fundem no mesmo palco).  Segue-se “Wasteland” e um pequeno intervalo antes do primeiro encore, no qual se ouve “Stay With Me”, “Butterfly On A Wheel” e a já solicitada pelo público “Severina”. Nestas últimas, foi onde se destacou mais a voz da presença feminina que acompanha a banda em tour, Evi Vine, que também tem a sua presença no último álbum da banda como vocalista de suporte. Segue-se um “Boa noite” vindo de Wayne, mas o público lisboeta pede um segundo encore, entoando “Give me deliverance!”. A banda regressa ao palco para o segundo encore, sendo o terceiro e último tema, o tão aguardado “Deliverance”. 

O que retirar desta noite? Venham mais 30 anos. Venham mais concertos em Portugal com lotação esgotada. Pois os seus temas…esses nunca se esgotam. 


Texto por Sara Delgado
Fotografias por Liliana Quadrado
Agradecimentos: Everything Is New