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Entrevista aos Khonsu

S.Gronbech é o mentor de Khonsu… irmão de Arnt S. Gronbech dos Keep Of Kalessin, está a provar que tem tanto talento como o irmão. O novo álbum “The Xun Protectorate” foi lançado há alguns dias e foi o principal tema da conversa que S. Gronbech teve com a Metal Imperium. 


M.I. – Porque é que a banda decidiu usar o nome do antigo Deus Egípcio da Lua?

Realmente Khonsu é o antigo Deus Egípcio da Lua e, literalmente, significa “aquele que viaja através da noite”. Este nome encaixa perfeitamente na banda devido às suas referências à escuridão, mistério e cosmos, também gostamos por ser um nome curto e fácil de lembrar. 


M.I. – A banda integra membros dos Keep Of Kalessin e Manes… é muito complicado lidar com os horários destas bandas?

Sim, as vozes limpas no álbum foram feitas por Rune Folgerø de manes e Atrox, e os solos de guitarra em 4 dos temas foram feitos por Arnt “Obsidian C.” Gronbech dos Keep of Kalessin. Estes tipos são apenas músicos de estúdio, portanto não foi difícil arranjar tempo nos seus horários. A gravação das vozes demorou cerca de 4/5 dias e os solos demoraram um dia, portanto não foi complicado.


M.I. – A música dos Khonsu é bastante futurista e mistura elementos metal e electrónicos… este som foi intencional ou surgiu naturalmente? Foi uma fuga aos sons a que estamos habituados? 

Surge naturalmente porque é o resultado das minhas influências. Eu (S. Gronbech) sou o único compositor da banda e sou eu que toco todos os instrumentos. Eu adorava as bandas de black metal noruguesas dos anos 90, e fui muito influenciado pelos álbuns clássicos que foram lançados nesse período. Havia um grande foco na atmosfera e é algo em que também aposto com os Khonsu. Para além disso, ouço muita música electrónica e bandas sonoras de bons filmes. Portanto, todas estas influências se misturam quando crio música para Khonsu. Não faço de propósito para criar música diferente, mas é o que me sai mais naturalmente.


M.I. – A banda assinou com a Season Of Mist em 2012 e tocou no palco principal no Festival Inferno… achas que tal teria acontecido se Khonsu não tivesse músicos tão conhecidos?
  
Eu não sou muito conhecido mas, quando tocámos no Inferno, o meu irmão Obsidian C. dos Keep of Kalessin tocou guitarra, o Thebon dos Keep of Kalessin cantou e o Shandy Mckay dos Absu tocou baixo. Não teríamos tocado lá se eu não tivesse estes músicos comigo, porque ainda nem tínhamos lançado o primeiro álbum. 


M.I. – É bom ter reputação e conseguir que uma editora te apoie mal falas de um novo projecto?

Bem, eu não tenho reputação nenhuma porque Khonsu é o meu primeiro projecto, por isso não posso responder a esta questão. E Khonsu é o único projecto em que estou envolvido.


M.I. – Ter um membro da banda mascarado já não é novidade nos dias que correm. Qual é a mensagem ou ideia por trás da máscara? É para proteger a identidade do músico?

Eu sou o único que que usa máscara e, sim, é para proteger a minha identidade. Essa é a razão principal mas também porque é fixe. Para além de mim, os Khonsu têm outro músico, T’ol, nas vozes, mas ele não usa máscara.


M.I. – O vosso álbum de estreia foi classificado como “obra prima” o que coloca “The Xun Protectorate”, que acabou de ser lançado, sob grande pressão, não é?

Sim, o “Anomalia” recebeu excelente críticas e foi descrito como épico, e eu senti que tinha de fazer algo melhor ainda com este álbum. Penso que o consegui fazer, após 3 anos de trabalho árduo, por isso estou muito satisfeito e ansioso que todos ouçam o álbum.


M.I. – Estás muito confiante?

Confiante em quê? Que o novo álbum é bom? Estou mesmo muito confiante que o álbum é bom, melhor ainda que o álbum de estreia. Mas se as pessoas o irão apreciar, isso já não sei, porque é muito diferente de tudo o resto.


M.I. – “The Xun Protectorate” é um álbum conceitual sobre ocorrências numa estação espacial, ou cidade cósmica, em órbita à volta do sol a séculos luz no futuro, e a banda descreve-o como uma jornada de uma hora com paisagens escuras e estranhas. Porquê este fascínio com o que é extraterrestre?

Sempre fui um grande fã de ficção científica, tanto em filmes como em livros, e essa é uma das principais razões. Um dos meus filmes preferidos é “Blade Runner” e não é difícil perceber que foi a principal inspiração para o conceito do novo álbum. Por norma, gosto de imaginar mundos diferentes do nosso.


M.I. – Acreditas em vida extraterrestre?

Não tenho opinião quanto a isso. Até podemos estar sozinhos no universo, mas penso que é muito improvável, principalmente se pensarmos na enormidade do mesmo. Portanto, considero que é possível existir vida no universo, mas não tem necessariamente que ser perto de nós. Não acredito que o nosso planeta tenha sido visitado por vida extraterrestre.


M.I. – No dia 24 de Setembro, o primeiro single "A Jhator Ascension", do álbum "The Xun Protectorate" foi lançado em todas as plataformas digitais. Como é que os fãs reagiram?

O feedback que recebemos foi muito bom mesmo, os fãs adoraram-no. Mas o novo álbum, lançado na sexta feira passada, tem ainda surpresas melhores. “A Jhator Ascension” é um excelente tema, apesar de ser o mais black metal do álbum… os outros temas são completamente diferentes deste.


M.I. – O vídeo “Visions of Nehaya” foi lançado há dois anos. Porque é que o vídeo foi lançado antes do tema estar incluído num álbum?

Porque demorou muito mais tempo a terminar o álbum do que eu tinha, inicialmente, planeado. Quando gravámos o novo álbum no estúdio, “Visions of Nehaya” estava no alinhamento, e também gravámos temas para um EP. Nós queríamos lançar o EP para dar algo aos fãs enquanto aguardavam o álbum e porque queríamos incluir alguns temas que não fariam parte do álbum. Gravámos uma nova versão do tema “Ix” que eu criei com o meu irmão Obsidian C em 2000. Esse tema foi incluído no EP “Reclaim” de 2004 dos Keep of Kalessin e fizemos uma nova versão que queríamos lançar. Para além disto, gravámos uma cover do tema “Army of Me” da artista islandesa Bjørk, e uma versão puramente electrónica de um tema do nosso primeiro álbum. Lançámos este EP no início de 2014 e incluía “Visions of Nehaya” porque tínhamos pensado lançar o álbum mais tarde nesse mesmo ano. Mas a produção do álbum demorou muito mais tempo do que tínhamos imaginado e, por isso, é que o tema saiu dois anos antes do álbum.


M.I. – Quem escreve as letras?

As letras são escritas por Torstein Parelius das bandas noruguesas Manes and Chton. O álbum é conceitual e a letra de cada tema é parte de uma história. O álbum é sobre o processo de acordar de um dos milhares de clones trabalhadores que operam numa cidade cósmica conhecida como “The Xun Protectorate”. Ele tem visões e sonhos e torna-se evidente que o seu objectivo é acabar consigo e com a humanidade, conduzindo a cidade até ao sol.


M.I. – Adrien Bousson fe um trabalho impressionante com o artwork e todas as pinturas no folheto do álbum. Como é que ele criou estas pinturas? Disseste-lhe exactamente o que pretendias ou ele inventou essas imagens/cenas somente baseado nas ideias que partilhaste com ele?

O Adrien trabalha na Season of Mist e é um excelente artista e designer gráfico. Estou muito feliz por ele ter concordado trabalhar no “The Xun Protectorate”. Ele fez um trabalho fantástico e as imagens que criou encaixam perfeitamente na música e no conceito. Não foi preciso dizer-lhe muito, só lhe falei do conceito principal e que queria uma cidade futurista na capa. Trocámos alguns emails mas não foi complicado. Depois de ter feito a capa, fez muitas imagens da banda e uma imagem para cada tema. Enviei-lhe as letras e a música e ele criou a partir daí. 


M.I. – The álbum foi lançado por Jhator Recordings, criado por ti. Não houve nenhuma editora a oferecer-te um bom contrato?

Sim, eu criei Jhator Recordings, porque gosto de controlar tudo, desde a produção, promoção, artwork, etc. Nem enviei o álbum para editoras!


M.I. - S. Gronbech and T’ol têm a ajuda de Rune Folgerø dos Manes e Atrox nas vozes limpas deste álbum. Ireis tocar ao vivo? Quem se juntará a vocês em palco?

Os músicos principais são só dois, eu e o T’ol, e vivemos em cidades diferentes, portanto não me parece que tocaremos outra vez ao vivo. Dá muito trabalho porque teríamos de arranjar músicos, ensaiar, etc. Sinto que teríamos de pensar num grande e majestoso espectáculo que encaixasse bem na música e no conceito. Não sinto a necessidade de tocar ao vivo e estou muito ocupado com o meu emprego e os meus passatempos. Mas sei que a música de Khonsu soaria muito bem ao vivo. Se tudo correr bem com o novo álbum e se recebermos boas propostas, pensaremos nisso.


M.I. – Os fãs estão entusiasmados com o lançamento em vinil de “Traveller”, que foi inicialmente só lançado digitalmente. Como têm corrido as vendas?

Sim, muitos fãs tinham pedido produtos físicos do EP “Traveller” e decidimos que era um boa altura para o lançar em vinil. Vendeu muito bem e já só temos alguns, de uma edição limitada de 300 cópias.

  
M.I. – Porquê só o lançamento em vinil? Se o lançasses em formato CD, as vendas, muito provavelmente, correriam muito melhor!!

Inicialmente nem tínhamos planos de o lançar em formato físico, o vinil foi um “presente” para os fãs. A intenção não era vender, mas sim fazer algo exclusivo.


M.I. – A banda tem um site muito baseado em sci-fi, assim como todas as capas do vosso material. Porquê esta obsessão com este tema?

Tal como já referi, sou um grande fã de ficção científica e este álbum foi a minha oportunidade para criar o meu próprio universo futurista. Porque é que gosto tanto destes temas? Também não sei mas aprecio tudo o que esteja relacionado com o universo e a nossa existência, sou um sonhador. Sonhava ser astronauta quando era criança! Sempre olhei para as estrelas e imaginava como seria sair deste planeta.


M.I. – Não é impressionante que os Keep Of Kalessin também parecem partilhar esta obsessão. Eles foram uma grande influência para ti?

O meu irmão é o compositor dos Keep of Kalessin e aprendemos os dois a tocar guitarra e piano desde muito novos. Há quem diga que temos um estilo semelhante a tocar e a criar música. Mas também há diferenças entre Keep of Kalessin e Khonsu! Não sei se ele me influenciou ou se, simplesmente, temos a mesma forma de escrever, compor e tocar. Ouvíamos a mesma música quando éramos novos e isso permitiu que desenvolvessemos muito o nosso estilo. Somos ambos criativos e fãs de ficção científica… talvez seja por isso…


M.I. – O Arnt tem feito alguma promoção do teu trabalho. Como é saber que há músicos que gostam, apoiam e partilham o teu trabalho?

O Arnt tem sido um grande apoio e ajuda para Khonsu. Foi ele que me apresentou ao pessoal da Season of Mist, que lançou o nosso primeiro álbum. Ele também publica atualizações sobre Khonsu na sua página do Facebook e na dos Keep of Kalessin também e isso ajuda imenso. Mas, para além disto, ele não faz muito mais. Ele tem muitos projectos e não tem muito tempo para promover os Khonsu. Penso que é dificil as bandas pequenas serem descobertas hoje em dia. Há tantas bandas e pessoas a produzir música e a postarem-na online que é dificil seres notado! Por isso, conhecer outros músicos e receber ajuda deles é muito valioso!


M.I. – Como está a cena noruguesa actualmente? Há bandas que mereçam destaque?

Sinceramente, não sigo muito a cena metal. Ouço muita música electrónica e, quando ouço metal, vou buscar os álbuns dos anos 90. 
Aqueles foram os melhores álbuns de metal na minha opinião. Gostei muito do último álbum de Mayhem que foi lançado há uns anos e do novo de Ihsahn. Sempre fui fã de Emperor e gosto muito do trabalho de Ihsahn.


M.I. – Achas que há mais bandas a tentar abandonar os clichés do mundo do metal?

Tal como disse, há muitas bandas a tocar metal e para uma banda chamar a atenção e se tornar grande, tem de ser mesmo original e única.


M.I. – Espero mesmo que a banda toque ao vivo e que venha a Portugal. Deixa uma mensagem aos fãs portugueses! Rock on!

Obrigado pelas perguntas interessantes. Agradecemos o vosso apoio! Esperamos que todos os portugueses gostem do nosso novo álbum.

Entrevista por Sónia Fonseca