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Entrevista aos Witchery


A Metal Imperium teve a oportunidade de estar à conversa com Patrik Jensen, guitarrista dos suecos Witchery acerca do seu regresso após seis anos e sobre o novo álbum do grupo, lançado no final do ano passado.


M.I. - Qual é a sensação de estar de volta em pleno ao activo após cerca de 6 anos?

É fantástica! Seis anos é muito tempo, e eu pessoalmente já sentia falta de estar no activo a tocar e a escrever novas músicas com a banda, os últimos tempos têm sido bastante divertidos e estou muito feliz por estarmos de volta.


M.I. - Em 2017 celebram 20 anos de carreira, um marco importante para qualquer banda, estão prontos para mais 20?

Sim, completamente, isto agora enquanto ainda somos relativamente novos, mas por mim se o resto da banda quiser eu estou disposto a alinhar (risos). Embora acho que nessa altura já seremos demasiado velhos para tal! Mas é uma boa sensação e uma honra estarmos aqui após duas décadas a fazer aquilo que mais gostamos, mesmo tendo havido uma pausa pelo meio.


M.I. - Têm alguma coisa planeada para festejarem o vosso vigésimo aniversário enquanto banda?

Ainda não sei se vamos ou não fazer algo mais “especial” como um concerto relativo a isso ou não, mas tendo em conta que já temos algumas datas em festivais marcadas, nas quais iremos apresentar uma setlist mais variada com temas de todos os álbuns que lançamos. Creio que será uma boa forma, e simples, de celebrar esses 20 anos de banda.


M.I. - No último ano além do regresso ao ativo, gravaram o novo álbum e despediram-se de dois antigos elementos da banda. Foi muito difícil encontrarem os substitutos adequados? Podes descrever esse processo?

É sempre complicado perder elementos numa anda, especialmente quando estes são teus amigos e estiveram ao teu lado durante muitos anos. Neste caso, tendo um deles sido o vocalista, que era o frontman do grupo, ainda mais complicado foi. Felizmente a busca pelo sucessor não durou muito tempo. O nosso guitarrista conhecia um tipo com uma banda cujo vocalista lhe tinha chamado a atenção, então uma noite fomos ver um concerto deles e gostamos do que vimos. Convidamo-lo para vir ensaiar uns dias connosco e ele encaixou muito bem musicalmente logo desde o início, por isso não tivemos que andar muito tempo a procurar. O mesmo aconteceu com o nosso novo baterista, tivemos imensa sorte e não foi preciso um período de procura muito longo para o encontrarmos. 


M.I. - Isto é um novo capítulo para a banda?

Sim, creio que sim, que lhe podemos chamar isso.  É sempre complicado passar por mudanças de formação numa banda, em especial quando essas pessoas estiveram grande parte do tempo do teu lado. No entanto com a entrada de dois novos elementos, “sangue fresco” por assim dizer, acaba por surgir uma nova energia e alento. Eu pessoalmente estou bastante contente com os novos elementos e com tudo aquilo que eles trouxeram de novo.


M.I. - Além da formação da banda, o que mudou, ou não mudou, nos últimos vinte anos?

Bem, nós estamos vinte anos mais velhos (risos). Além disso, creio que acabamos todos por crescer mais um pouco musicalmente. Apesar de continuarmos dentro do mesmo estilo que sempre tivemos, embora agora o tenhamos polido e desenvolvido mais. A produção que temos nos álbuns mais recentes é bastante melhor também, pois actualmente isso é muito mais fácil graças a toda a tecnologia existente e à rápida evolução desta. Espero que também nos tenhamos tornados melhores músicos. Embora tenhamos passado por certas mudanças e algumas evoluções pessoais, para nós toda esta experiência ainda é mais ou menos a mesma que era desde o início. Ainda nos juntamos todos numa sala a compor e a trabalhar, ainda temos aquele entusiasmo em fazer as coisas e tocar ao vivo, tal como sempre fizemos.

M.I. - No comunicado que lançaram na vossa página nas redes sociais quando do anúncio do vosso regresso disseram que este álbum iria ter um som muito mais cru que os anteriores. Isto é um regresso às origens no que toca à produção utilizada?

Bem, aquando da gravação deste novo trabalho fizemos algo que não se faz muito usualmente, gravamos tudo ao mesmo tempo. Em vez de recorrermos ao habitual processo de gravar por tracks, sempre a bateria e o baixo primeiro, decidimos voltar ao que sempre fizemos no início e gravar tudo ao mesmo tempo. Isto porque, para começar é um processo bem mais rápido e orgânico de gravar um álbum, apesar de ser mais propenso a determinados erros, erros esses que muitas vezes acabamos por deixar ficar, porque dá um toque mais real a tudo isto. Desta vez decidimos fazer assim, em vez de usar o processo mais habitual, embora já o tenhamos feito em álbuns anteriores. Assim fica mais fácil para se conseguir sentir a verdadeira presença das músicas e dá-lhe todo um outro sentimento muito mais cru e visceral, que é isso que a nossa música é suposto ser.


M.I. - Acham que actualmente as músicas, em especial no que toca a bandas de metal, tem uma produção demasiado limpa e excessiva?

Creio sim, mas isso acontece porque hoje em dia é muito mais fácil gravar um álbum com boa qualidade do que era há 10 ou 20 anos atrás. No entanto, acho que se dá demasiada importância a isso, visto que as pessoas têm tendência em pensar demasiado nisso, acabando por polir e limpar demasiado as gravações na fase da produção do álbum. Isto funciona bem para alguns tipos de bandas e de música, mas no rock/metal quando alguma coisa fica demasiado produzida acaba por soar de uma forma artificial, acabando por perder todo o feeling. Por isso é que preferimos fazer as coisas do modo como descrevi, para que fique mais cru e rock n’roll.


M.I. - O vosso novo álbum, “In His Infernal Majesty Service” gira à volta de algum conceito em particular?

A nível lírico? Não, embora possa parecer, mas não é nada disso que fizemos. Creio que a maioria das músicas conseguem ser completas apenas por si mesmas, não estando interligadas de nenhuma forma entre si. O único conceito que existiu aqui foi escrever letras à boa maneira antiga do heavy metal. Todas elas têm um pequeno piscar de olhos ao género do horror/terror em si, mas não há mais nenhuma ligação entre elas além disso.


M.I. - Neste vosso novo trabalho contaram com a participação especial do Hank Sherman dos Mercyfull Fate e do Jason Netherton de Misery Index. Como é que surgiram as oportunidades para essas colaborações?

Já tivemos alguns convidados em álbuns no passado, por isso não é uma ideia inteiramente nova. O Hank já é a quarta vez que participa num dos nossos álbuns. A primeira vez que aconteceu perguntamos-lhe porque achamos que iria ser divertido, depois no álbum a seguir aconteceu de novo, pois acreditamos que ele se encaixava no som que tínhamos planeado na perfeição, tanto que agora acabou por se tornar numa espécie de tradição, por isso ele vai ter que voltar a colaborar connosco no futuro (risos).  A participação do Jason neste álbum, por sua vez, surgiu porque achamos que faltava algo diferente num dos refrões, e fomos falar com ele. Apesar de ter um estilo completamente diferente do nosso, musicalmente falando, o resultado final ficou ainda melhor que o esperado. Eu gosto de ter convidados diferentes nos nossos álbuns, acaba sempre por lhes dar um outro retoque e complementar o nosso som.


M.I. - Tens alguma música favorita deste novo álbum? Qual?

Não sei ao certo, acho que vai variando um bocado de dia para dia (risos). A faixa “The Burning Of Salem” foi das que mais contente me deixou com o resultado final, acho que ficou com uma vibe à Death Angel por exemplo. Também gosto bastante da “Oath Breaker”, que tem um refrão épico, algo que não é muito comum acontecer nas nossas músicas. Não sei bem, no geral gosto bastante do álbum, era mesmo isto que queríamos fazer.


M.I. - Como é que descrevias a vossa música a alguém que nunca tivesse ouvido falar da banda?

Descrevia-a como sendo extremamente fantástica e perfeita para uma boa noite de jantar, dança e outros prazeres (risos). Sinceramente não sei, é bastante complicado de descrever ao certo a música que fazemos, acho que diria apenas que tem todos os elementos clássicos do metal talvez.


M.I. - Passamos agora à artwork... O desenho da capa do vosso álbum foge bastante ao tipo de imagens que tiveram nas capas dos vossos álbuns no passado. Como surgiu isso?

Bem, acho que isso aconteceu porque nos fartamos de ter demasiados esqueletos e cruzes invertidas nas capas dos nossos álbuns (risos). Não, creio que sendo este um novo capítulo e tendo havido uma evolução na nossa música ao longo dos anos, estava na hora dessa mudança chegar também às capas dos nossos álbuns. Já tivemos diversas capas típicas de álbuns de metal, desta vez achei que poderíamos mudar, por isso surgiu esta, com uma base gráfica ainda assim com um ligeiro toque sinistro, mas bastante simples. Mas para o próximo acho que podemos voltar a meter umas cruzes e um esqueleto num cemitério, já não temos uma dessas há bastante tempo (risos).


M.I. - Quais são os próximos passos a seguir ao lançamento do álbum? Uma tour mundial?

Não, para já ainda não temos quaisquer planos para fazer uma tour mundial. Temos apenas algumas datas marcadas em festivais de Verão, nada mais que isso.  Já não damos concertos há muitos anos, estamos um pouco destreinados, por isso para já vai ser assim e levar tudo com calma, depois mais para frente decidiremos relativamente a uma tour.


M.I. - Têm planos para algum festival em Portugal?

Para já ainda não, mas ainda faltam alguns meses para a época de festivais. Pode ser que sim, não me importava.


M.I. - Quais são os locais onde mais gostam de tocar ao vivo?

Em todo o lado basicamente! É uma coisa fantástica ter a possibilidade de andar a viajar para tocar a minha música ao vivo. Quando andas em tour encontras todo o tipo de pessoas e de culturas, é incrível. Por exemplo no Japão, a multidão nos concertos está sempre super concentrada a ver o que se passa, tomam atenção a todos os detalhes. Por outro lado, se fores a países da Europa do sul como Espanha, Portugal ou Itália, o comportamento nos concertos é completamente diferente, a multidão fica completamente louca. Toda a energia que damos é nos devolvida no dobro, é uma sensação incrível, sendo muito difícil dar maus concertos quando tens a plateia ao rubro.


M.I. - Queres deixar alguma mensagens aos fãs e seguidores de Witchery em Portugal?

Obrigado a todos pelo vosso apoio, vão ouvir o nosso novo álbum se ainda não o fizeram, acredito que vão gostar. Espero ver-vos muito em breve!

Entrevista realizada por Rita Limede