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Reportagem: Desire e Painted Black @ Hard Club, Porto - 16/06/2018


Após uma noite carregada de emoção em Lisboa em Dezembro do ano passado, os Desire rumaram finalmente até ao norte, mais precisamente até ao Porto, para nos brindarem com um concerto especial. O mote foi o renascer do seu mítico álbum “Infinity… A Timeless Journey Through na Emotional Dream”, cerca de 22 anos após o seu lançamento.

A primeira parte da noite ficou a cargo dos Painted Black. Ainda com uma plateia muito despida, fizeram-se soar os primeiros acordes de “The Living Receiver”, retirada de “Raging Light”, o seu mais recente trabalho lançado em Outubro do ano passado. Com algum sentido de humor e à-vontade, vieram as primeiras apresentações – “boa noite, nós somos os Painted Black e viemos de todo o lado”. Seguiram-se 17 minutos de musicalidade em forma de arte, com “Almagest”. Por fim, um regresso ao passado com “Via Dolorosa”, faixa esta retirada do seu trabalho de estreia “Cold Comfort”. Foi um concerto repleto de emoção e um bom aquecimento para o que veio de seguida. 

Debaixo de luzes de um infra vermelho intenso, os Desire e os seus convidados especiais entraram em palco um a um, em jeito de procissão solene. A sala estava apinhada, envolta numa aura de silêncio solene. Fez-se soar o prólogo, um arrepiante desfiar de melodia , dando o sinal de partida. Seguiu-se “(Leaving) This Land of Eternal Desires”, interpretada com alma e com o toque especial da magnífica voz lírica de Rute Fevereiro (Enchantya) - uma das convidadas especias -  e com melodia de violinos de fundo. Uma a uma, sempre em tom cerimonioso, a banda percorreu o seu mítico trabalho “Infinity…”, expandindo ao vivo a experiência mágica que é a sua escuta. De destacar o momento mais acústico, com as guitarras clássicas na faixa “Forever Dreaming… (Shadow Dance)”, que remataram na perfeição todo o sentimento. Com o soar do epílogo, fez-se terminar a primeira parte do espectáculo da banda, onde não houve interrupções e deixaram a música falar por si enquanto deram nova vida a este clássico do metal nacional.

Já num ambiente mais informal, a banda fez as devidas apresentações e já se demonstrou mais comunicativa com o público. Aqui, nesta segunda parte em jeito de encore, brindaram-nos com uma música dos seus EPs “Pentacrow” e “Crowcifix”, bem como do seu álbum de 2002 “Locus Horrendus – The Night Cries of a Sullen Soul…”. Esta foi a forma ideal de terminar a noite, de onde os presentes saíram com o coração cheio. Mais uma vez, os Desire demonstraram  a razão de serem uma das bandas com maior mística e respeito dentro do underground nacional. 


Texto por Rita Limede 
Fotografias Por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Desire