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Reportagem: Vagos Metal Fest 2018 - Dia 4 @ Quinta do Ega, Vagos - 09/10/11/12-08-2018

 
Dia 12/08 – Dia 4
 
A começar este quarto e último dia de festival tivemos os nacionais Stonerust. Provenientes de Cascais, este grupo de stoner rock demonstrou grande entusiasmo por estar a ter uma grande oportunidade como esta.
Apesar de ainda estar pouco movimento no recinto, a banda deu o seu melhor e justificou com um concerto interessante e com atitude de rockalhada à antiga a oportunidade que lhes foi dada. Um bom começo de tarde/noite. 
 
Os galegos Dark Embrace e o seu metal mais melódico/gótico foram o ato que se seguiu.
Após uma passagem pelo nosso país o ano passado pelo Santa Maria Summer Fest, regressaram para um concerto interessante e refrescante – e com um novo álbum na bagagem, “The Call Of Wolves”  lançado no final do ano passado. Foi uma boa prestação ao vivo que já reuniu um número maior de curiosos.
 
Adição de última hora ao cartaz, após o cancelamento de Sinister, a banda de black metal suíça Schammasch acabou por ser uma das grandes surpresas deste dia.  Envoltos em teatralidade, a banda proporcionou-nos um espetáculo de excelente qualidade a todos os níveis. Foi um concerto de black metal poderosíssimo e intenso que nos envolveu numa aura negra ao som de temas como “Metatonia” ou “Chimerical Hope”.
 

Depois da missa negra, veio o som mais “teenager” dos Feed the Rhino, uma banda de metalcore.
Apesar da sua atitude em palco ser de quem se sente confortável a comandar as hostes na plateia, musicalmente deixou muito a desejar. Foi um concerto que cumpriu com o esperado e que foi do agrado dos fãs deste tipo de som e pouco mais que isso. Apesar disso, esses “poucos mas bons” deram tudo de si e acompanharam a energética banda com muito mosh, e até mesmo com uma wall of death provocada pelo vocalista.
 
O heavy metal clássico  de Ross the Boss, antigo guitarrista dos incontornáveis Manowar foi um momento alto para os fãs destas sonoridades.
Com muito carisma e boa disposição em palco, o músico e os seus companheiros foram recebidos em pompa e circunstância pelo público. A setlist trouxe alguns clássicos como o grandioso “Hail and Kill”, bem como um tema novo – “Fistfull of Hell” – retirado do novo trabalho de originais “By Blood Sworn”.
Um concerto que decreto cumpriu com as expectativas até dos mais exigentes.
 
A banda norte-americana de punk hardcore Integrity entrou em palco a matar. Uma banda com uma excelente capacidade técnica que tem uma forte presença em palco, deu uma descarga de riffs furiosos que causaram movimentos por entre o público.
A setlist ajudou à animação, tendo a banda percorrendo um pouco todos os álbuns da sua carreira, sem esquecer o seu mais recente trabalho “Howling, for the Nightmare Shall Consume” – o pretexto para este concerto.
 
Podemos muito facilmente descrever o concerto dos Municipal Waste em duas palavras – puro caos! Continuando a onda de destruição iniciada com o concerto anterior, com músicas rápidas e in your face a banda começou a puxar pelo público, que respondeu da melhor forma.
Nem a chuva que começou a cair por breves momentos ou o cansaço depois de quatro dias de festival estragaram o gigantesco moshpit que se formou.
Foi uma atuação bastante energética por parte da banda, que se mostrou bastante comunicativa e monstruosa em palco.
 
Após terem perdido os seus instrumentos – cortesia da companhia área, claro – os Ensiferum brindaram-nos com um set acústico especial e mais intimista. Foi a segunda vez que a banda deu um concerto acústico fora da sua natal Finlândia (a outra aconteceu umas semanas antes num festival também pelos mesmos motivos). Apesar da estranheza inicial, acabou por ser uma solução vencedora que resultou num concerto fora do vulgar e memorável. Ouvir temas como “Twilight Tavern” ou “In My Sword I Trust” nestes moldes foi refrescante, e mesmo assim o público fez a festa e criou um gigantesco mosh acústico no meio da plateia.
 
O grande momento deste último dia foi a sublime performance dos Suicidal Tendencies! Um concerto gigante e ao mais alto nível de qualidade por parte da histórica banda californiana pioneira do crossover. Nem mesmo as pequenas falhas no som conseguiram estragar o espetáculo. Uma hora e meia de música poderosíssima e uma atuação irrepreensível por parte de uma banda com uma excelente atitude em palco e que transborda simpatia, que teve a maior das receções por parte de um público incansável e que transformou a plateia numa autêntica batalha campal. As músicas foram soando e foi impossível não ficar com alguns temas presos na cabeça, como por exemplo “Lost Again”, “War Inside My Head” (que contou com a ajuda do frontman de Municipal Waste) ou até mesmo “How I Will Laugh Tomorrow” – onde os refrões tiveram a ajuda das muitas vozes no meio da multidão cá em baixo. Para terminar em toda a sua glória, uma tremenda invasão de palco por parte de alguns fãs da banda ao som de “Pledge of Allegiance”. Simplesmente genial!
 
Nascidos das cinzas dos míticos Bolt Thrower, os Memoriam, que contam apenas com 2 anos de existência, têm andado bastante ativos e trouxe consigo os seus dois álbuns – lançados no espaço de apenas um ano e meio – que serviram como pretexto para um grande concerto. Este no entanto, ficou um pouquinho abaixo do que se podia esperar, devido ao facto de terem tido, infelizmente, o pior som da noite. Apesar de a setlist ter ficado apenas nos temas originais de Memoriam, foi possível sentir o espírito da música de Bolt Thrower a pairar sob o palco. Apesar de os Suicidal Tendencies não serem um ato nada fácil de se seguir, estes mestres do death metal fizeram um bom trabalho e conseguiram manter o público cativado até ao fim.

O encerramento desta edição do Vagos Metal Fest ficou a cargo dos nacionais Rasgo. A noite já ia longa e o cansaço estava cada vez mais pesado, no entanto a banda – muito por culpa do carismático vocalista – conseguiu puxar o interesse do público que ainda se manteve em grande número junto ao palco. Além dos temas originais como “Puxa” ou “Homem ao Mar”, os Rasgo acabaram o seu set em grande com uma cover de Pantera, do tema “Fucking Hostile”. Foi uma boa forma de encerrar esta edição do Vagos Metal Fest.
 
Em jeito de balanço e resumo final podemos começar por apontar que o grande ponto fraco desta edição do Vagos foi o som. No entanto, apesar desta situação há muitos aspetos a destacar pela positiva, nomeadamente o espírito de amizade que se faz sentir e o excelente ambiente vivido na maioria dos concertos. Há que destacar também o grande profissionalismo da equipa por detrás do festival, com uma nota especial para a equipa de imprensa e comunicação que nos facilitaram imenso o trabalho e foram de uma simpatia extrema. O recinto continua a crescer e a adição de um segundo palco foi um passo na direção certa. No entanto, fica a questão no ar – será que 4 dias de concertos valerá a pena? Houve muita surpresa boa neste cartaz, mas também ficou a sensação que houve bandas que só lá estavam a fazer número. Uma maior aposta em qualidade em vez de quantidade (sendo que a qualidade muitas das vezes é subjetiva) seria um ponto a considerar.

O balanço desta edição é com nota positiva, ficando apenas uns pequenos detalhes que a organização poderá vir a alterar de forma a crescer ainda mais com o festival e reforçar o elevado nível de qualidade do mesmo. Para o ano há mais, e lá estaremos!
 
 (ver mais fotografias do evento aqui e aqui)

Texto por Rita Limede
Fotografias por Jorge Pereira
Agradecimentos: Vagos Metal Fest