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Entrevista aos Orkan


Qualquer banda de Black Metal vinda da Noruega certamente causará um impacto na cena underground… Orkan está prestes a fazê-lo com o seu terceiro álbum “Element”… A Metal Imperium conversou com Rune e Gjermund para conhecer melhor este intenso furacão (Orkan!).

M.I. - O nome Orkan significa Furacão. Acreditas que causaram tumulto no cenário underground semelhante ao que um furacão provoca quando passa?

Rune: Não acredito que tenhamos agitado as águas da cena underground tanto quanto gostaríamos, pelo menos, até ao momento. Existem tantas grandes bandas que lançam músicas todos os anos e acho que somos uma das muitas bandas que tentam inovar na cena musical. O nosso desejo é que todos compareçam aos concertos e sintam algo parecido com um furacão quando estivermos no palco.


M.I. - Este será o segundo álbum lançado pela Dark Essence Records. Quão importante é a editora para a promoção e sucesso de uma banda?

Rune: A Dark Essence Records é vital para nós. Sem eles, não chegaríamos tão longe com a nossa música. O facto de acreditarem na nossa música o suficiente e trabalharem tanto é a razão pela qual estamos a fazer esta entrevista, e a razão pela qual tantos têm a hipótese de ouvir a nossa música. Uma editora, na maioria dos casos, tem uma rede maior do que qualquer banda e ferramentas para promover música. Eu gosto de poder concentrar-me em escrever e organizar a música, gravar e tocar, em vez de tentar descobrir como promovê-la. Também é inspirador ter alguém que trabalhe para nós, alguém que esteja na nossa equipa e que ajuda com uns abanões quando estamos a trabalhar. Isso faz com que trabalhemos mais no duro para melhorar, para acompanhar a progressão do nosso trabalho criativo. Às vezes, é preciso haver um prazo para concluir o trabalho.


MI. – Achas que os Orkan estão exactamente onde deveriam estar? Atingiram as metas que tinham definido quando começaram?

Rune: Boa pergunta. Eu vejo o sucesso como um evento contínuo. Primeiro, queria gravar e lançar um álbum. Em seguida, assinar um contrato e fazer uma tournée internacional. E depois fazer o álbum seguinte... E para cada meta que alcançamos, estabelecemos novas. A pior coisa na minha mente para a nossa banda é ficar parado sem nada a acontecer. A vontade de fazer mais e mais é o que nos impulsiona para a frente. E acredito que a paixão pela música é o que nos dá vontade de criar e conquistar!


M.I. - "Element" é o 3º álbum da banda... porquê este título?

Rune: Quando escrevi as letras, tinha algumas ideias para os títulos dos álbuns, mas nenhuma abraçava a sensação do álbum. Mas, uma noite, li todas as letras das músicas do começo ao fim, e a palavra "elemento" ficou na minha cabeça quando terminei. É o resumo de todas as músicas, e é isso que eu acho que o título de um álbum deveria ser. Este é um álbum que lida com as forças dos quatro elementos. Além disso, é uma homenagem à natureza aventureira que nos rodeia na costa da Noruega. É muito inspirador para mim andar na floresta. Eu sei que parece um cliché, mas é um cliché por um motivo. Algumas das letras que escrevi para “Element” e “Livlaus” são descrições do que vi e senti na floresta. – A mesma floresta que verás no nosso próximo vídeo para a música de encerramento em “Element”, chamada “Heim”.


M.I. - De que maneira "Element" difere dos vossos trabalhos anteriores?

Gjermund: Acho que é um pouco mais experimental, os arranjos musicais são mais variados. Também há mais melodias com um toque de melancolia...
Rune: Nós fizemos uma produção muito mais detalhada desta vez. "Livlaus" foi escrito e gravado com a intenção de que seria possível tocar tudo ao vivo. Em "Element", temos que pensar em como podemos tocar as músicas ao vivo, porque há muita coisa a acontecer. Mas a recompensa está nas mãos (ou ouvidos) do ouvinte. É complexo e tem um óptimo som, na minha opinião.


M.I. - O primeiro álbum da banda tinha títulos em Inglês e no segundo usaram o Norueguês. Porquê essa mudança? Além de que tanto "Livlaus" e "Element" têm 7 faixas... coincidência?

Rune: O nosso primeiro álbum foi meio thrash metal. Naquela época eu escrevia letras em Inglês a maior parte do tempo, mas também algumas em Norueguês. Sentimos que o Inglês combinava melhor com a música naquele momento. Quando ouvi pela primeira vez os contornos do álbum "Livlaus" e começamos a arranjá-lo, imediatamente, soube que tinha que escrever esse álbum em Norueguês. Não sei porquê, mas foi como se os riffs que o Gjermund fez estivessem a gritar por isso. Também é muito mais confortável para mim expressar-me na minha língua materna, por isso foi uma decisão fácil. O Black Metal em Norueguês também soa mais intenso aos meus ouvidos. E 7 músicas por álbum? Coincidência. Eu nunca pensei nisso antes de o mencionares. Uma das músicas de “Element” contém um riff que esteve em consideração como base para uma música em “Livlaus”, mas decidimos abandonar essa ideia e guardá-la para mais tarde. Então, poderiam ter sido 8 músicas em “Livlaus” e 6 músicas em “Element”.


M.I. - Formaste os Orkan para fazer a tua própria música e optaste pelo Black Metal. É o teu género favorito dentro do metal? É aquele que se adapta melhor à tua música?

Gjermund: Sim e sim. Tive períodos em que tentei escrever música mais “thrash” ou mais “progressiva”, mas acho difícil ter essas limitações ou orientações antes de fazer riffs. Em ambos os álbuns, «Livlaus» e «Element», comecei a fazer música, não pensando no género ou se iria seguir uma nova direcção ou não. Acontece que a maioria das músicas se encaixam no Black Metal, mas também temos uma música no álbum que é algo completamente diferente. E isso é muito interessante.


M.I. - As letras de “Livlaus” foram baseadas na natureza e nas histórias de fantasmas… supostamente esta “lida com o poder dos quatro elementos e destaca-se como uma homenagem à força implacável da terra como testemunhada pela paisagem da sua terra natal - a Ilha de Stord.” Qual é a importância dos elementos para vocês?

Rune: Os elementos são a razão pela qual vivemos e respiramos. E além disso, são bastante impressionantes e, às vezes, divertidos… Quando escrevi as letras de todas as músicas desta vez, aconteceu de todas caírem nesse conceito. Não me sentei com um plano de colocar todas as músicas neste tema e, francamente, nem todas as músicas se encaixam neste conceito por si só. Mas a soma de todas as letras fez-me abrangê-las, e acho que ligou as letras de Element. Não que seja importante ter um tema ao longo do álbum, mas eu gosto de álbuns que têm um fio condutor entre as músicas. Talvez seja um pouco antiquado, mas eu sou assim.


M.I. - O álbum será lançado no próximo mês... quais são as expectativas?

Rune: É sempre emocionante lançar material novo e estou ansioso para ouvir os comentários dos fãs. É sempre bom ouvir os fãs, porque é para eles que nós lançámos a música! Esperamos alcançar um público maior desta vez. E sempre estaremos interessados em vender os nossos álbuns e espero que todos comprem ;-)


M.I. - Em Outubro, os Orkan andarão em tournée com Taake, Bölzer, One Tail, One Head e Slegest. Quão excitados estão? Além dessa tournée, têm planos de tournée para o futuro próximo?

Rune: Muito animados!! Sentimos que conseguimos um punhado de novos fãs quando fizemos a tournée após o álbum “Livlaus”, e bebemos algumas cervejas com os fãs depois dos concertos. Adoramos cada minuto! Realmente espero encontrar alguns de vocês novamente desta vez, e também fazer novos amigos pelo caminho! Além disso, as bandas que estão em tournée connosco são óptimas, portanto serão semanas inspiradoras para nós. Além desta tournée, não temos concertos confirmados este ano. Espero que voltemos a tocar durante a Primavera. Estamos interessados em tocar o máximo que pudermos!


M.I. – Os Orkan gostariam de fazer uma tournée com Iron Maiden, Metallica e Hellhammer… porquê estes 3 em particular?

Rune: Quem não gostaria??? Também somos fãs de música e temos os nossos heróis como a maioria das pessoas. 


M.I. - A banda passou por alguns momentos difíceis, mas voltou com força total. Consideraste a ideia de abandonar este projecto quando esses tempos difíceis vos atingiram?

Rune: Sim, houve alguns dias difíceis quando alguns tiveram problemas de saúde. Nós estávamos realmente preocupados com eles, mas eu não pensava no bem-estar da banda nessa altura. Só queria que eles tivessem uma boa recuperação. Depois de eles ficarem bem, pensei no facto de a banda estar em perigo, mas isso não me importava. Acho que nos fortalecemos com isso. Não que eu queira que isso aconteça novamente, ou que seja visto como uma boa situação, mas de uma forma que eu acho que precisamos de ver o lado positivo  e continuar. Tivemos alguns atrasos com a escrita e gravação, mas foi isso, e já passou.
Gjermund: Eu acho que é impossível estar numa banda sem estar cansado e irritado de vez em quando, mas isso tem mais a ver com correspondência lenta e opiniões diferentes, não tem a ver com o facto de alguns membros da banda terem tido cancro. Desistir nunca foi uma opção por causa de má sorte e doença.


M.I. – Sendo já homens de família, vêem a cena underground de maneira diferente da que viam há 25 anos atrás? Na tua opinião, o que mudou?

Rune: Eu não penso nisso. Mas acho que parte da mística desapareceu. Toda a informação está na ponta dos dedos o tempo todo. Eu respeito as bandas que são capazes de manter um pouco da privacidade e um pouco de atmosfera mística em seu redor. Ao mesmo tempo, estes são os dias de partilha e de contacto, o que também é bom, com os fãs e tudo mais... eu acho que cabe a cada um decidir como deseja partilhar as suas informações pessoais.


M.I. - Os membros da banda gostam de fazer uma pausa do metal... quais as bandas que ouves quando fazes essa pausa? Por que precisas de a fazer?

Rune: Eu gosto de ouvir várias bandas e artistas diferentes. Preciso de variedade na música, senão é muito chato para mim. Uma das minhas coisas favoritas é quando os amigos me pedem para ouvir os seus antigos ou novos favoritos! É divertido conhecer novas áreas do universo musical. Além disso, gosto de ouvir músicos e bandas locais e manter-me actualizado com tudo o que acontece na minha cidade. Alguns dos meus favoritos actualmente, além da música metal, são Susanne Sundfør, Lana Del Rey, Dire Straits, Pink Floyd e Bare Egil Band.
Gjermund: Em tournée, especialmente, com várias bandas e barulho nos bastidores, é bom ouvir algo além de metal no autocarro, descansar os ouvidos e obter alguma variação. A música pode ir de rock a country a pop dos anos 80, electrónica ou bandas sonoras de filmes. Alguns dos meus favoritos Noruegueses são Susanne Sundfør e DumDum Boys.


M.I. - Que as bandas / músicos te influenciaram enquanto crescias? Por quê? Eles foram de alguma forma responsáveis por queres tornar-te músico?

Rune: Para mim foi Iron Maiden. Quando ouvi pela primeira vez “Live After Death”, sabia que esta era a minha vida, e que tinha de me tornar músico. Além disso, passei a curtir os Pink Floyd e Dire Straits por causa do meu pai, e ele deu-me a oportunidade de os ver ao vivo quando era criança. Isso foi importante para mim.
Gjermund: Iron Maiden e Metallica eram os meus favoritos quando era criança.


M.I. - Se pudesses ter um dos teus “ídolos” como músico convidado num dos álbuns, quem escolherias e porquê?

Rune: Não me importaria que o David Gilmour fizesse um solo de guitarra em “Heim” do nosso novo álbum!
Gjermund: Eu raramente sinto vontade de fazer solos de guitarra em Orkan, mas gostaria de ver o Adrian Smith a fazer um.

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Entrevista por Sónia Fonseca