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Reportagem Helloween - Sala Tejo @ Altice Arena, Lisboa - 06/12/2018


Aos primeiros acordes de "Let Me Entertain You", de Robbie Williams, a plateia que, no passado dia 6 de Dezembro, enchia quase por completo a Sala Tejo do Altice Arena entrou em frenesim.

Obviamente não seria por causa do intérprete inglês, pois nem ele tinha data marcada para Lisboa nem seria esse concerto razão pela qual a Metal Imperium estaria pelo Parque das Nações. O burburinho e a expectativa era mesmo porque a faixa marca o início dos concertos da digressão "Pumpkins United", o tour que reúne no mesmo palco a formação actual dos germânicos Helloween com outro dos seus fundadores, Kai Hansen, e o carismático ex-vocalista Michael Kiske.

Aos primeiros acordes de "Halloween", um dos épicos temas da primeira parte de "Keeper of the Seven Keys", percebeu-se logo que iríamos presenciar perto de três horas de história de concertos de metal em Portugal. 13 minutos de primeiro êxtase para a plateia, com Michael Kiske e Andy Deris em dueto perfeito sobre o duelo de guitarras de Kai Hansen, Michael Weikath e Sascha Gerstner, com Markus Grosskopf sempre exuberante na guitarra baixo e Dani Löble muito seguro na bateria. Interessante verificar que Kiske mantém o registo vocal de quando gravou os dois álbuns mais famosos da banda de Hamburgo, mas Deris foi um substituto à medida nos anos que se seguiram.

Mal temos tempo de respirar este regresso fulgurante a Lisboa e já se ouvem as pancadas e gritos que antecedem o riff inicial de "Dr Stein". Loucura generalizada na sala, com o ecrã atrás do palco a mostrar a capa do single e a plateia a gritar a plenos pulmões toda a letra. No final, as primeiras palavras dos dois vocalistas, com Deris contente por regressar a Lisboa depois de tanto tempo (a última vez foi no Vagos Metal Fest de 2016), ao que Kiske retorquiu com piada que para ele então fazia uma eternidade que não regressava, fazendo lembrar a data de 20 de Setembro de 1998, quando abriram para Iron Maiden no mítico Dramático de Cascais.

A grande maioria dos presentes não teria idade para ter estado nessa altura em Cascais, mas Kiske relembrou a quem esteve como foi, com uma rendição perfeita de "I'm Alive", seguida de dois temas apenas com Deris na voz, “If I Could Fly” do álbum "The Dark Ride" e “Are You Metal?” de "7 Sinners". A troca ou parceria de vocalistas foi uma constante do concerto, assim como foram as animações no ecrã gigante, com as personagens de banda desenhada Seth e Doc a servirem de ponte entre temas.

“March Of Time” e “Perfect Gentleman” antecederam um dos momentos mais aguardados pela velha guarda, a evocação do disco "Walls of Jericho", com Kai Hansen na voz! “Starlight”, “Ride The Sky”, “Judas” e “Heavy Metal (Is The Law)” deixaram com certeza pelos levantados na plateia, que acompanhou o primeiro vocalista dos Helloween durante toda a sua prestação. Kiske regressou a palco para interpretar "a única balada do alinhamento da noite", como referiu, e "A Tale That Wasn't Right" ecoou nas colunas, com o público imediatamente a reagir e a cantar de tal maneira que deixou o vocalista sensibilizado e a deixar por largos segundos a plateia tomar conta da actuação. Seguiu-se a faixa que dá mote à digressão, "Pumpkins United", gravada em 2017 quando os sete artistas se reuniram em estúdio. Sensibilizado ficou depois quem se deslocou à Sala tejo, com um solo de bateria de Dani Löble a acompanhar imagens no ecrã de um outro solo de bateria, do malogrado Ingo Schwichtenberg.

Já em velocidade de cruzeiro na direcção do final do alinhamento "normal", destaque para um fenomenal "A Little Time" com Kiske ao leme, "Waiting for the Thunder" entregue por um Deris visivelmente agradado com a reacção do público presente, e o final com "How Many Tears", vocalizada pelos três frontmen de sempre da banda.

O primeiro encore com "Eagle Fly Free" e "Keeper of the Seven Keys" deixou com certeza algumas lágrimas de saudosismo nos presentes, tal a carga emocional com que foram transmitidas e recebidas, mas foi o segundo e último encore que "partiu a loiça toda"! Ao primeiro acorde de "Future World" todos esqueceram que estavam ali de pé há mais de duas horas e meia, e a Sala Tejo com certeza moveu-se alguns milímetros, tal a força com que a plateia saltou de alegria. E quando irrompe pelo ecrã a capa do single "I Want Out" veio tudo abaixo. Do primeiro ao último segundo, a plateia ajudou Kiske e Deris, por entre balões gigantes cor de laranja vindos dos lados do palco e explosões de confetis, a dar por terminada a passagem por Portugal da reunião das abóboras mais speedadas da história do metal internacional.


Texto: Vasco Rodrigues
Fotografias por Anne Carvalho
Agradecimentos: Rock n' Rock e Turbina