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Reportagem: Inner Blast, Hourswill e Revenge of the Fallen @ RCA Club, Lisboa - 22/11/2019


O concerto de lançamento de um novo álbum de uma banda é sempre visto como algo festivo. Não só para os artistas, orgulhosos por poder apresentar um novo trabalho, como também para o público que comparece, mostrando desde logo o seu interesse em fazer parte de algo tão importante. A Notredame Productions lembrou-se de criar um evento onde duas bandas nacionais, ambas com considerável caminho percorrido, pudessem mostrar os seus mais recentes trabalhos, dois bons álbuns, diga-se. Falamos dos Hourswill, que editaram recentemente “Dawn of the same Flesh” e dos Inner Blast, com o seu novo “Figment of the Imagination”. O palco escolhido foi o RCA, já habituado a estas andanças e o público respondeu positivamente à chamada. Os Revenge of the Fallen, também eles com um registo editado recentemente, foram a banda convidada para a abertura deste concerto. Mais um miminho para quem se deslocou atempadamente ao RCA neste dia.

Foi com muita vontade que estes lisboetas se apresentaram em palco. Quem já assistiu aos seus concertos sabe que as suas atuações se pautam por isso mesmo, mas nesta noite existia o tal motivo extra. Sim, o novo EP “Unbroken” tem quatro músicas de metal alternativo, que têm tudo o que é necessário para resultarem bem ao vivo, o que se verificou, especialmente com a ritmada “Tears”. O seu anterior EP também não foi esquecido e durante os 45 minutos da sua atuação, houve tempo para tocarem alguns desses temas, como “Shadows Fall” e “Darkside of Age”. 

Às 22h40 subiram ao palco os Hourswill e logo se começou a ouvir “Asherah”, tema com que inicia o seu último álbum e seguindo a mesma tendência, “Innocence”. Com três músicas já tocadas, tornaram-se evidentes dois aspetos: primeiro que Leonel Silva iria contar para este concerto com a ajuda de uma vocalista, sim, o grupo apresentou-se em palco como um sexteto e o resultado foi muito bom; segundo, o alinhamento de “Dawn of the Same Flesh” iria ser respeitado tanto quanto possível. Estes lisboetas levaram mesmo a sério a apresentação do seu disco. Não só o tocaram praticamente na totalidade, como ainda, devido à confiança que depositam na qualidade de todo este último trabalho, decidiram apresentá-lo mantendo a disposição dos temas na gravação. Se alguém na audiência pensava que os Hourswill iriam descarregar malhas dos seus anteriores trabalhos neste concerto, enganou-se. A exceção foi mesmo a última música que tocaram, “Abyss Syndrome”, retirada do anterior álbum “Harm Full Embrace” e que fechou de forma perfeita uma atuação muito bem conseguida. A qualidade do som ajudou o metal progressivo da banda e a experiência e técnica de todos os músicos fizeram o resto. Nem parecia que estavam a tocar temas que foram lançados recentemente, tal a desenvoltura de todos os elementos ao longo deste concerto que teve a duração de uma hora. Todas as músicas foram muito bem recebidas pela audiência que, embora não enchesse a sala, tornou-a muito bem composta.

Passavam já dez minutos da meia noite quando os Inner Blast iniciaram a sua atuação. Fizeram-no de forma agressiva com “There´s no Pride in this War”, tema do seu último álbum e logo o público se começou a abanar acompanhando o ritmo. Seguiu-se “Darkest Hour” do anterior LP, que tocada agora sem teclas se tornou mais violenta e não deixou o público arrefecer. Seguiram-se “I Can Believe” e “Mankind”, excelentes composições do novíssimo trabalho para que, logo de seguida, Liliana chamasse ao palco o baixista e o baterista dos “Dawn of Ruin”, onde ela também canta, para interpretarem “Insane”. Era dia de festa com direito a convidados. Já com todos os Inner Blast novamente em palco prosseguiram com o tema que dá nome ao seu último álbum. “Figment of the Imagination” logo seguida da rapidíssima “No Strings”. 
O concerto deste (agora) quarteto estava a encaminhar-se para o final de forma célere, talvez por estar a ser tão bom provocasse essa sensação. Um dos momentos altos aconteceu aquando da interpretação de “O teu Veneno” que é também um dos temas novos. Todo ele cantado em português e com uma letra particularmente interessante, foi tocado com a ajuda de Basílio, produtor de todo este álbum e que juntou o som da sua guitarra à de Aquiles. Seguiu-se uma nova visita ao primeiro álbum para recuperarem “Legacy” e “Feel the Storm”, que foram intercaladas por “When You Lost Me”. Os Inner Blast despediram-se e abandonaram o palco, mas todos os presentes sabiam que ainda faltava qualquer coisa. Sob fortes aplausos a banda voltou para interpretar “Throne of Lilith”, tema com que terminou a sua atuação.

Os Inner Blast são uma das melhores bandas nacionais no que diz respeito à qualidade das suas composições e dos seus concertos. Liliana possui uma voz muito poderosa e versátil, aliás, naquela mesma noite Leonel Silva referiu isso mesmo, considerando-a das melhores, senão a melhor vocalista de metal nacional. Ela consegue alternar, com uma facilidade incrível, entre vocais guturais e uma voz límpida. Se fecharmos os olhos, podemos até pensar que são duas vocalistas que estão em palco. Instrumentalmente, Aquiles e companhia mantêm a engrenagem dos Inner Blast bem oleada para que Liliana assuma o protagonismo em cima do palco. Sem nunca se esquecer que a sua função principal é cantar, ela é uma entertainer muito completa. Irrequieta, todos os seus movimentos lhe saem naturalmente, captando assim ainda mais a atenção do público.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Notredame Productions