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The Deathtrip - "Demon Solar Totem" Review


Os The Deathrip são um quarteto internacional bastante experiente, constituido por Host (guitarra), Kvohst (voz), Dan “Storm” Mullins (bateria) e Thomas Eriksen (guitarra-baixo). Podem já conhecer alguns destes nomes de bandas como Dødheimsgard, Code, Bal-Sagoth, My Dying Bride, Mork ou Thine. The Deathrip é um caldeirão de influências que está bem patente na música que produzem. Catalogar música é fácil e torna-se necessário por forma a identificar banda X ou Y, ou perceber ( como é este o caso) as suas origens, o porquê da sonoridade desta banda em particular.

Um álbum de black metal não é por norma comercial, nem facilmente audível as primeiras vezes. Existem sempre exceções, em boa parte devido á massificação do acesso a algumas bandas que desbravaram caminho, para tornar este estilo mais “mainstream”, se quisermos. Dimmu Borgir e Cradle of Filth são dois dos exemplos sobejamente conhecidos. Não é o caso com este álbum e, a bem da verdade, não é o mesmo com outros trabalhos de outras bandas que praticam este tipo de sonoridade. É preciso ouvir várias vezes estes trabalho para dar oportunidade aos ouvidos de “ensoparem” esta amálgama sonora e poder tirar conclusões.

Em "Demon Solar Totem", somos confrontados com elementos do black metal do início dos anos 90, mas com alguns elementos diferenciadores presentes um pouco por todo o álbum: palhetadas nervosas intercaladas com dedilhados escolhidos a dedo, camadas de vozes limpas, temperadas com generosas doses de efeitos vários e um baixo tímido mas essencial no âmbito geral da composição, que completa uma secção rítmica direta ao ponto, crua e rápida, parca em passagens trabalhadas - o que nos remete desde logo para aquele black metal javardo de Darkthrone, etc. 

"Demon Solar Totem" e "Deep Drone Master" (primeiro trabalho do coletivo), apesar de partilharem a mesma matriz musical, apontam diferenças significativas ao nível da produção, em especial a bateria, que está realmente crua neste último. Não esquecer a utilização levada ao extremos de vozes, coros e outras texturas sonoras que "adoçam" a grande maioria dos temas. O tema que dá também o nome ao álbum é um bom exemplo disso. No meio de 8 minutos, conseguem encaixar aqui umas quantas vezes um refrão realmente catchy: "Demon Solar Totem" não vos vai sair da cabeça tão cedo!

O segundo tema do álbum é até certa medida uma continuação do tema anterior. Duas cores dissolúveis (metaforizando o tema), que fazem parte da composição final - um quadro a preto e branco com um cinzento no final. O terceiro tema, "Enter Spectral Realms", é talvez o melhor tema desta álbum: um riff musculado no início que contrasta com uma composição mais complexa e um solo cheio de delay lá para o final do tema - a primeira influência gótica/doom do álbum. O quinto tema deste álbum é uma referência clara ao doom, um tema mid-tempo a fazer lembrar My Dying Bride.

Ao longo do álbum existem detalhes interessantes, a abordagem à criação de ambiente por utilização da dinâmica dos instrumentos é uma delas. O tema "Abraxas Mirror" é exemplo disso. Um minuto de um misto de distorção com acordes em crescendo de volume, são o motivo perfeito para um tema enérgico de black metal. Pena o abuso dos vocais limpos.  Acho que percebemos a ideia, mas isto é daquelas coisas que deve ser usada com conta, peso e medida correndo o risco de vulgarizar o que podia ser um bom tema.

O último tema, "Awaiting a new Maker", é como o próprio nome indica uma espera de 9 minutos. Não há blast beats desta vez, ao invés disso temos melodias em catadupa e mais vocalizações tribais - é um tema interessante. 

É um trabalho, na minha opinião, inferior ao anterior. Apresenta alguns traços interessantes ao nível da composição, da utilização de samples e efeitos para conseguir aqueles momentos mais viscerais que nos fazem lembrar as tribos canibais da Papua Nova Guiné. Existem também dois ou três temas menos bem conseguidos não obstante de todos os temas terem o inevitável cunho da banda. Não deixa de ser um trabalho original até certo ponto, sendo difícil encontrar paralelos com outros trabalhos do género - "It’s one of a kind".

Nota: 6.5/10

Review por Ivan Frias