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Alcest - "Spiritual Instinct" Review


Se há coisa que os Alcest nos provaram ao longo da sua existência é que, independentemente do álbum em questão, há sempre algo de muito reconfortante na sua música. É quase impossível odiar esta espécie de mistura de Burzum com Slowdive e Yann Tiersen, que sabe-se lá como, se tornou num dos mais icónicos e aclamados nomes do metal nos últimos anos, contribuindo e de que maneira para a introdução e explosão do shoegaze neste género musical.

Chegamos a 2019 com mais uma proposta de Neige e Winterhalter, denominada de "Spiritual Instinct" e o que é que nos trás de novo? Uma mão cheia de nada. Produções à parte, aquilo que se ouve neste novo trabalho em nada difere de "Kodama" ou "Écailles de Lune". Contudo, olhando para a discografia do duo, será que alguém esperava outra coisa? É que tirando a redução de “peso” de Shelter, todos os lançamentos discográficos dos Alcest acabam por ser algo análogos. Daí que a pergunta certa a fazer é: a qualidade mantém-se?  Sem sombra de dúvidas! "Spiritual Instinct" prova que os Alcest continuam a ser reis naquilo que fazem o que lhes confere, de certa forma, alguma singularidade. A facilidade com que o duo cria paisagens sonoras que nos envolvem de forma quase onírica, continua a ser o grande predicado da música dos Alcest, o que juntamente com a suave voz de Neige resulta numa experiência devaneante e surreal.

Num tema, como por exemplo, "Protection", a banda imprime uma toada mais ritmada, quase groovy, criando um interessante contraste com os elementos shoegaze habituais, conferindo-lhe o merecido destaque do álbum. "L'île des Morts", por sua vez, conta com a contribuição, algo óbvia diga-se, da norueguesa Sylvaine, com os seus já habituais cantos etéreos.  

Em suma, uns belos 40 e poucos minutos de “mais do mesmo” que continua a ser bem mais do que satisfatório. Não estará na génese dos Alcest outro tipo de voos, daí que mais vale aproveitar enquanto há chama. Um álbum ideal para relaxar e deixar a mente deambular após um dia cansativo.

Nota: 8/10

Review por António Antunes