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Entrevista aos Imperial Age


A Rússia é conhecida não apenas pela sua vodka, a Catedral de São Basílio, a Praça Vermelha... por isso, conversamos com os Imperial Age, de Moscovo e banda de Symphonic/Power Metal. Pode ser Inverno e estar a nevar, mas Alexander "Aor" Osipov (cantor) recebeu-nos calorosamente e explicou-nos como tudo começou, o interesse pelas civilizações antigas, o porquê de as pessoas os compararem com os Therion, o amor por Portugal e muito mais. 

M.I. - Olá e muito obrigada por estares aqui, a responderes às nossas perguntas. Espero que estejas bem.

Olá! Obrigado por estarem interessados em nós! Nós estamos bem e esperamos que tu também estejas!!


M.I. - Poderias, por favor, apresentar a banda?

Claro. Nós (Jane & Aor) somos os dois fundadores e compositores/cantores da banda. Os outros músicos são Anna na voz, Pavel na guitarra, Belf no baixo e Max na bateria.


M.I. - Vocês colaboraram em múltiplas ocasiões com músicos, desde os Therion aos Arkona e eles já tocaram nos vossos álbuns. Como surgiu a ideia?

Bem, nós conhecemos o Sergei (guitarrista dos Arkona) e Masha há 14 anos, e isso aconteceu naturalmente. Foram eles que nos apresentaram ao Christofer em 2014, e verificou-se que tínhamos muito em comum (não só a música), por isso aconteceu naturalmente.


M.I. - Christofer Johnsson (membro fundador e guitarrista dos Therion), trouxe-vos atenção mundial, quando fizeram a cover de “To Mega Therion” e, graças a isso, muitas pessoas comparam-vos com a banda. Concordas?

Contrariamente ao que muitas pessoas pensam, nós e o Chris pensamos que os Imperial Age estão mais na onda dos Nightwish / Rhapsody no que toca ao Symphonic Metal, do que na dos Therion. Por alto, poderão existir algumas semelhanças entre nós e os Therion (coro, 3 cantores), mas se aprofundares mais, ouvirás que, a música em si, é muito diferente. Therion é mais complicado, mais clássico e menos mainstream. Eles são mais sobre harmonias e são mid-tempo. Nós, por outro lado, somos mais sobre melodias cativantes, mais populares e mais optimistas.


M.I. - Possuis mestrado em História e interesse em civilizações antigas, como o Antigo Egito, a Suméria e Mesoamericana. Vocês também têm inspiração pela Atlântida e Hiperbórea. Porquê especificamente estas?

Porque tenho esse mestrado em História, sei muito bem que História não é uma ciência exata (e na minha modesta opinião, não é uma ciência) e a História, a que somos ensinados hoje, é uma disciplina muito vaga com muitas contradições. Existem inúmeras evidências concretas no mundo, todas apontam para o facto de que a nossa civilização não é a primeira neste planeta e que haviam outras mais avançadas tecnologicamente, antes de nós. A mitologia de vários povos à volta do planeta, aponta para a mesma coisa. E, na verdade, muitas coisas escritas nos livros didáticos de História da escola têm muito menos provas (em muitos casos, é apenas um texto não verificável, escrito por alguém, há 1000 anos atrás) do que a ideia de civilizações progenitoras avançadas (na maioria dos casos, é uma estrutura megalítica enorme e bem conhecida, que é impossível construir, mesmo com a tecnologia moderna).


M.I. - Em 2012, Imperial Age era suposto ser um projeto a solo com músicos. Por que mudou?

Jane começou a participar muito na banda - primeiro a tocar teclado e organizar coisas, depois a cantar, agora a cantar e a escrever canções - ficou óbvio que não é apenas o meu projeto, mas estamos juntos nele.


M.I. - O vosso EP “Warrior Race”, foi lançado via Adulruna, na Europa, com a ajuda do Christofer. Como foi trabalhar com ele?

O Christofer fez o que pôde para nos ajudar e, ao mesmo tempo, foi a única forma de sermos apresentados ao público ocidental. Graças a ele, agora somos capazes de assinar acordos e sermos cabeças de cartaz. Ele providenciou aquele “pontapé” necessário “no rabo”, que nos fez voar na direção certa. Agora Adulruna não está a funcionar, mas temos um ótimo acordo de distribuição com a Sound Pollution / Black Lodge (os tipos famosos por lançarem os Sabaton) - e isso graça ao Chris por nos ter apresentado também.


M.I. - “The Legacy Of Atlantis” foi lançado no dia 1 de fevereiro de 2018 e refere-se a várias personagens, que contam uma história oculta, sobre um mágico da Atlântida, que renasce na Itália medieval. De onde veio a inspiração?

Embora isto possa ser novidade para o ouvido público, a tradição esotérica sempre remontou às antigas civilizações avançadas – Atlântida (tradição Ocidental: Hermetismo, Cabala etc.) ou Hiperbórea (tradições Védicas e do Norte). Todos os ensinamentos mágicos e espirituais mágicos, são fragmentos de um vasto conhecimento e provêm de uma raiz e essa raiz é a ciência da Atlântida. Esse conhecimento foi passado do mestre ao aprendiz através de várias Ordens, por exemplo, Platão (o filósofo grego que introduziu o nome Atlântida) era membro da ordem dos Órficos, cujos outros membros eram Aristóteles, Pitágoras e muitos outros filósofos e cientistas famosos do tempo. Está documentado, por exemplo, que Pitágoras lembrou 17 de suas encarnações anteriores. Portugal tem conexões muito fortes com a ordem dos Templários, e esses tipos eram descendentes diretos dessa linha. Por isso, a ideia não é nova, simplesmente escrevemos uma pequena ópera como se fosse uma antiga lenda esotérica.


M.I. - Vocês lançaram a versão instrumental do álbum. Porquê?

Para que os nossos fãs possam cantar em uníssono e se possam divertir!


M.I. - Em 2013, vocês lançaram o vídeo para “Anthem of Valour”. Importas-te de explicar o conceito para o mesmo?

Eu mencionei a Tradição do Norte (também conhecida como Rúnica) - bem, este vídeo é sobre isso e a filosofia de guerreiro que ela traz. A música em si também enfrenta probabilidades impossíveis e ainda luta contra elas até ao último suspiro.


M.I. - Seis anos passaram e, no dia 20 de dezembro, lançaram o vídeo para “The Legacy of Atlantis”. Porquê todos estes anos e esta canção?

Bem, primeiro de tudo, até 2018, quando “LOA” foi lançado, não tínhamos músicas novas para gravar um vídeo. Então, em 2018, primeiro fizemos uma tournée e depois descansamos da tournée. Então, no início de 2019, iniciamos o financiamento colectivo, mas novamente fizemos uma tournée de 3 meses.  Então voltamos e havia alguns obstáculos que não podíamos controlar, e, eventualmente, o vídeo saiu em Dezembro de 2019. No momento, estamos a preparar um novo financiamento colectivo para um novo vídeo e garantiremos que ele seja muito mais rápido!!!


M.I. - “Live in Wrocław” saiu este ano (2019). Porquê esta cidade?

Bem, antes de tudo, foi um concerto realmente fantástico. Segundo, tivemos sorte que o engenheiro de mistura local o tenha gravado para nós. E, finalmente, queríamos fazer esse gesto extra de amizade e respeito para com os nossos fãs polacos. Os nossos governos (não o povo) estão constantemente “presos” numa luta política completamente estúpida (porque é economicamente benéfico para alguns idiotas influentes de ambos os lados) e queremos mostrar que amamos e respeitamos a Polónia, o povo polaco e a sua independência, e que o Metal não conhece fronteiras e faz reverência a nenhum político e que somos fortes e unidos, não importa o que alguns idiotas estejam a tentar impor-nos. Sempre tivemos concertos muito bons na Polónia e sempre fomos bem tratados.


M.I. - Como planearam este álbum? Houve convidados envolvidos?

Não havia nenhum plano, excepto a história geral. No entanto, no momento da gravação, não tínhamos uma formação estável, apenas os 3 cantores estavam na banda, e simplesmente pedimos aos rapazes dos Therion (Nalle, Vidal) e Arkona (Sergei e Andrey) para gravar todos os instrumentos para nós. Thomas Vikstrom também cantou comigo em Domini Canes.


M.I. - Vocês assinaram com a gravadora japonesa Rubicon Music, para três lançamentos. Serão lançados mundialmente depois por uma gravadora europeia também?

São os mesmos álbuns, apenas com mais algumas faixas ao vivo. Mas podes encontrar muitas faixas ao vivo no “Live in Wrocław”.


M.I. - Em Fevereiro deste ano, vocês vieram a Lisboa, Portugal, para um concerto no RCA Club. Como correu? Gostaram do nosso país?

O Carlos é uma pessoa fantástica e um promotor muito bom; o concerto foi um dos melhores da tournée. Já estamos a pensar em voltar. Temos um clube de fãs e uma equipa de rua muito fortes e ativos em Portugal. Portugal parece ser um país especial para nós, e eu tenho uma suspeita do porquê. O outro país é o Reino Unido - e estes dois têm uma conexão muito forte, então também não há hipótese. Como mencionei acima, existe essa linhagem de conhecimento antigo que inclui os Templários (que depois o transmitiram aos Maçons, que emergiram da sua posição). E se pesquisares na “lista de sites associados aos Cavaleiros Templários”, verás que o país nº 1 é o Reino Unido (Londres tem até um bairro inteiro e uma estação de metro chamada Temple, onde a maioria dos edifícios ostenta símbolos dos Templários) e o país nº 2 é Portugal (a maioria dos sites está dentro e nos arredores de Tomar). É sabido que, quando os Templários foram perseguidos por toda a Europa, o rei Português recusou e, em vez disso, ofereceu-lhes refúgio. Há também um facto menos conhecido: a aliança militar britânico-portuguesa é a mais antiga do mundo, com mais de 600 anos, e ainda está em vigor. Fui criado no Reino Unido (na Inglaterra e na Escócia) e visitei Portugal quando era criança (o meu pai trabalhou três meses na Universidade de Lisboa, morávamos perto de Cascais). Também tenho uma vaga lembrança de mim mesmo como um Cavaleiro Templário, com cabelos e barba escuros e uma aparência geral Ibérica. Quando estávamos sentados no Porto, num café à beira do rio pela primeira vez em 2018, tive uma sensação muito forte de que já antes tinha estado lá e tive uma visão embaçada de caravelas a entrar no rio, e todo o barulho do porto, e os barris, tabernas e várias bandeiras…


M.I. - Muito obrigada por esta entrevista. Foi uma honra. Podes deixar, por favor, os teus pensamentos para os leitores e fãs?

Nós realmente amamos Portugal - estamos a planear ir aí de férias ainda este ano, e vemo-nos quando chegarmos. Também temos fãs fantásticos em Portugal, e estamos a pensar em como tornar possível um concerto em Lisboa o mais rápido possível.

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Entrevista por Raquel Miranda