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Reportagem: Petbrick e Krypto @ Musicbox, Lisboa - 17/01/2020


Apenas um mês e meio depois de ter estado em Portugal com o seu irmão no âmbito da tournée Return Beneath Arise, Igor Cavalera regressou a solo nacional. Desta vez fê-lo com Wayne Adams, neste projeto intitulado Petbrick. A assegurar a primeira parte deste concerto estiveram os portuenses Krypto. 

Com um álbum de estreia Eye 18 lançado no passado dia nove de janeiro, os Krypto não perderam esta oportunidade para tocarem músicas desse seu recente trabalho, dando-as assim a conhecer ao público lisboeta presente nesta noite no Musicbox. Eram 22h45 quando se começou a ouvir “Crow Oath”, que curiosamente também é o primeiro tema de Eye 18. O público presente ainda era pouco, parece que estava a terminar um empolgante Sporting-Benfica por esta hora. O certo é que durante a sua atuação a sala foi ficando composta e temas como “Spitwater” e “Of Fall” continuaram a ser descarregados com raiva para quem estava e para quem vinha chegando. Com apenas três elementos na sua formação, os Krypto reúnem o necessário para fazerem uma música que contém bastante eletrónica, mas também punk brutal, polvilhada com um pouco de psicadelismo. 

O vocalista Gon é realmente uma força da natureza e isso ficou provado nestes vinte e cinco minutos de atuação. Uma bateria possante e um baixo que assume bastante protagonismo foi o necessário para meter a audiência a mexer. “Stytch” e “Rise of Death” foram apenas mais alguns dos temas tocados nesta noite e que tiveram o condão de conquistar o público presente no Musicbox.

O pessoal estava ali naquela noite para ver o Igor na sua bateria, era ele a atração principal. Ele, por sua vez, avaliando pelo que nos contou na entrevista que nos deu recentemente, voltava a Portugal com o intuito de fazer barulho, muito barulho. Este seu projeto proporciona isso mesmo. Apenas com a companhia de Wayne Adams nos sintetizadores e voz, este duo consegue produzir uma sonoridade que se pode qualificar por grind, noise, punk e sem dúvida alguma, experimental. O arranque daquele concerto deu-se com “Horse”, faixa inicial do mais recente trabalho que se intitula simplesmente “I”. O homónimo EP de estreia também não foi esquecido e com o tema “Heaven´s Gate” ficaram demonstradas todas as capacidades de Igor Cavalera na bateria. 

Os temas do novo álbum são um pouco mais orelhudos (se é que isso é possível), talvez por podermos encontrar neles, se procurarmos bem, algo que se parece com melodia. “Radiation Facial”, “Coming” e “Gringolicker” são um claro exemplo disso mesmo e foram o momento mais alto da atuação dos Petbrick. Estes três temas foram tocados de seguida, sendo apenas interrompidos para um solo de bateria, ou algo muito semelhante a isso, com mais de cinco minutos, em que Wayne Adams produziu apenas alguns sons básicos para acompanhar o seu colega. 

Este concerto estava a entrar na reta final e houve apenas tempo para “Some Semblance of a Story”, também extraída do recente álbum “I”. Foi um bom espetáculo, principalmente para quem se identifica com este tipo de sonoridade mais industrial e também, para aqueles que se lembram de Igor Cavalera nos Sepultura e que têm aqui uma oportunidade de o ver tocar num outro registo não tão habitual. O público ainda aguardou e chegou mesmo a chamar pela banda, mas o concerto tinha mesmo terminado.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Daniela Jacome Lima
Agradecimentos: Musicbox