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Entrevista aos Firewind


Vinte e cinco anos na indústria da música é uma coisa notável nos dias de hoje. Mas os Firewind fizeram-no com o seu álbum auto-intitulado "Firewind". Palavras para descrevê-lo:  incrível, fresco e muito mais. Gus G. conversou com a Metal Imperium sobre o novo lançamento, o novo vocalista Herbie Langhans, as suas inspirações, Tobias Lindell e muito mais. 

M.I. -  Olá. Que honra fazer esta entrevista contigo! Como te sentes?

Estou cansado. Fiz quinze entrevistas hoje, tu és a última por hoje. Além disso, estou bem.


M.I. -  Sério??? Vamos começar, para que possas descansar.

Obrigado. Aprecio o gesto.


M.I. -  "Firewind" será lançado no dia 15 de maio deste ano. Como o descreverias e porquê?

É um momento muito especial para nós. Este álbum é um disco autointitulado, é basicamente uma afirmação, porque é como um renascimento da banda e um novo começo. Temos uma grande mudança de formação, um novo cantor e também o nosso teclista saiu. Então, continuamos como uma banda de quatro elementos. É uma grande mudança para nós e um período muito importante. Acho que criamos um álbum muito sólido e estou muito feliz com os resultados. Existem muitos elementos dos nossos álbuns anteriores combinados neste álbum. É uma variação de teclados neste álbum. Ouves muitas coisas tradicionais, do Heavy Metal ao Hard Rock e Power Metal. Portanto, há muitas coisas para o ouvinte.


M.I. -  Muitas bandas decidem lançar um álbum autointitulado como primeiro lançamento, mas vocês decidiram fazê-lo após uma carreira de 22 anos e oito álbuns. Porque é que demoraram tanto tempo e porquê agora?

Agora parecia ser a melhor hora para o fazer. Porque, como acabei de dizer, temos uma grande mudança na formação. Quando o teclista Bob desistiu e decidimos mudar de cantor, foi um momento muito importante para mim. Devo dizer que foi um período muito stressante, mas fez-me pensar muito no meu futuro, se iria continuar com a banda ou não. Em algum momento, decidi que deveria continuar mas queria começar de novo. Eu poderia mudar o nome da banda, mas o álbum já soa como os Firewind, porque eu tenho sido o compositor principal da banda. Faz sentido ter um disco autointitulado e, se eu tivesse a hipótese de começar de novo hoje, era assim que faria.


M.I. -  Podemos ouvir claramente um som mais Power / Heavy Metal neste álbum, especialmente diferentes tipos de guitarras. Como é que escolheste a melhor guitarra ou outros instrumentos?

Para ser honesto contigo, para mim, foi como o costume, sabes? Toquei com as minhas próprias guitarras, como faço sempre. Tenho os meus modelos exclusivos, das guitarras Jackson, que toco. Foi o mesmo procedimento que faço sempre. Não tenho a certeza se é diferente de outros registos que fiz, é diferente, mas o tom é como sempre foi.


M.I. -  Gustavo Sazes é um designer brilhante e surpreendente e trabalhou com muitas bandas diferentes, como os Amaranthe e Dynazty e companhias discográficas (AFM Records, Nuclear Blast), só para citar alguns nomes. Ele é o responsável pela capa e logótipo. Quem entrou em contacto com ele? Tu ou a editora?

Vou contar-te uma pequena história sobre este álbum. O primeiro trabalho internacional do Gustavo, fora do Brasil, foram os Firewind em 2007. Ele contactou-me, naquela época, no MySpace (risos). Ele disse-me: "Ei, meu, sou do Brasil. Adoraria que me desses a hipótese de criar um site para vocês. Por favor, dá-me essa oportunidade". E eu disse: “Sim, claro, meu. Podes criar um site!”. Nós tornámo-nos amigos. Ele desenvolveu um ótimo site. Muitas pessoas perguntavam: “Uau! Ótimos gráficos! Quem fez isso, quem fez isso?”. A primeira capa que ele fez para nós, foi o álbum “The Premonition”, em 2008. Desde então, muitas bandas ficaram impressionadas e ele conseguiu muitos trabalhos para muitas bandas desde aí. Já há treze anos que ele tem sido o nosso artista principal.


M.I. -  Herbie Langhans, que já trabalhou com os Avantasia e Sinbreed, foi a escolha certa para vocalista. Disseste: "Herbie é um cantor infernal e o seu estilo poderoso dá uma nova vida ao nosso novo material, mas também ao nosso catálogo anterior". Diz-nos que critério estavas a procurar vocalmente falando, por favor.

Acima de tudo, quando ouço um cantor, instintivamente sei se ele se encaixa no que eu faço, musicalmente ou não. Com o Herbie, ouvi imediatamente, foi como que um instinto. Eu sabia que esse tipo deveria ser o cantor dos Firewind. Ouvi muitos cantores durante a minha vida e sei como é o meu catálogo antigo e não é fácil cantar as nossas músicas. Tivemos cantores diferentes. O Herbie lembrou-me um pouco o nosso primeiro cantor, Stephen Fredrick, dos dois primeiros álbuns, porque tinha um alcance muito abrangente também. Ele pode fazer todo o tipo de coisas diferentes com a sua voz. A primeira coisa que fizemos foi pedir-lhe que cantasse uma música antiga. A segunda coisa foi que nos enviasse algo novo para experimentar e ver se ele poderia escrever algumas novas ideias comigo. A primeira música que escrevemos juntos foi "Devour", que é a segunda faixa do álbum. Quando ele me enviou essas linhas vocais, era bastante óbvio que esse deveria ser o gajo. Este é o gajo certo para a banda.


M.I. -  É muito claro que, com este novo álbum e vocalista, podemos ouvir um som mais dinâmico e notável. Quais são os teus pensamentos sobre esta afirmação?

Sim, obrigado (risos). Acho que é um álbum novo para os Firewind. Acho que existem elementos dos álbuns anteriores, como eu disse. Mas há algo novo neste, em parte por causa da variação no registo e nas variedades musicais. Além disso, em parte por causa da voz do Herbie, porque acho que ele junta a era antiga com a nova perfeitamente, com a sua performance. É também em parte por causa da mistura... o Tobias Lindell fez uma mistura excelente para este álbum. Ele deu à banda um som forte e moderno, com uma mistura muito boa. Eu acho-a ótima, pois encaixa-se perfeitamente.


M.I. -  Estas músicas são novas, mas fortes e melódicas ao mesmo tempo. Que influências podemos ouvir neste álbum?

As minhas influências sempre foram o Classic Heavy Metal, o Heavy Metal dos anos 80, dos Black Sabbath, dos anos 70 até Iron Maiden e Judas Priest e todas essas coisas. Ouço muito disso. Accept, Scorpions, todas essas bandas fazem parte da minha formação em Heavy Metal. Fora isso, também há uma influência do nosso passado nos registos dos Firewind. O teu passado é inevitável e influencia-te. Não podes escapar disso. Ouves muitos elementos dos registos anteriores também aqui.


M.I. -  Entre "Immortals" e "Firewind" houve um hiato de três anos. Porquê?

Eu acho que é normal. Estivemos em tournée durante dois anos (risos). Quando lanças um álbum e vais em tournée por quase dois anos, vinte, dezoito meses ou algo assim, precisas de alguns meses para escrever e gravar um novo álbum. É normal lançar um álbum a cada três anos, se fizeres muitas tournées como realmente fizemos. Se não fazes muitas tournées, podes fazê-lo antes. Estivemos em tournée até dezembro do ano passado.


M.I. -  O engenheiro de som, o sueco Tobias Lindell (Europe, Avatar, H.E.A.T.), misturou o álbum, no Lindell Audio Studios. Como foi trabalhar com ele? Conta-nos como é que se prepararam para este álbum?

Foi uma situação interessante, porque o álbum deveria ter sido misturado pelo Dennis Ward, que misturou o álbum dos Immortal e também o meu disco a solo. Mas o Dennis estava ocupado com outra produção e não podia entregar o álbum a tempo. Então, perguntei a alguns amigos meus se conheciam alguém que poderia ajudar na mistura assim à última da hora. Um amigo da Suécia disse-me: “Ei! E que tal o Tobias Lindell? Ele é ótimo!". Eu conhecia-o por causa das produções que fez para os Europe, H.E.A.T. e Avatar e adorei as misturas. Eles puseram-me em contacto com ele e disse-lhe: “Ei, meu. Podes começar já hoje? Agora mesmo?" e ele disse: “Sim! Posso começar já!”. E conseguiu o emprego imediatamente. Fez um ótimo trabalho e presenteou-nos com uma mistura brutal.


M.I. -  "Rising Fire" foi lançado no dia 20 de março, deste ano. "Essa música é sobre superar dificuldades e situações em que alguém pode estar preso. Todos nós já estivemos lá em algum momento das nossas vidas." Podemos dizer que isto está associado ao que está a acontecer no mundo devido ao Covid-19 e aos problemas que trará, como fome, pobreza?

Para ser sincero, não escrevi a letra dessa música com isso em mente. Não estava a pensar numa pandemia (risos). Era mais sobre problemas que enfrentamos enquanto pessoas, sabes? Situações pelas quais passamos, porque todo o mundo passa por momentos difíceis, sejam os seus relacionamentos pessoais ou outros. É uma música que talvez tenha mais significado mais profundo. Podes relacionar-te com o que está a acontecer agora? Se a música falar contigo dessa maneira, tudo bem. Quero que as pessoas a interpretem como quiserem.


M.I. -  "Kill The Pain" tem um som magnífico e a tua guitarra, o baixo do Petro, a bateria do Johan e a voz do Herbie são pura perfeição para os ouvidos e a alma e ajudam a matar a dor ou algo pior. Qual é o seu significado? Qual foi a ideia para a música?

Eu posso-te dizer sobre o que trata a música, porque fui eu que a escrevi. Na verdade, é interessante mencionares essa música, porque é a que contém, simultaneamente, a ideia mais antiga que escrevi e a mais recente. Essa ideia começou quando descobri uma demo antiga, de 2005, das sessões do álbum "Allegiance". Descobri-a recentemente num computador antigo e pensei: “Uau! Esta é uma demo perdida. Não sei por que nunca a gravamos!". Os dois principais riffs eram de uma demo antiga, de 2005, e eu peguei, reorganizei, adicionei mais coisas e, basicamente, fiz a música do zero novamente. Então tínhamos um grande solo, no meio, e eu não sabia o que ia fazer aí. Quando estávamos a gravar a bateria, escrevi essa parte no meio do solo, no estúdio com o Johan. É um pequeno pedaço como um círculo completo. É como a ideia mais antiga, cronologicamente, e a mais recente, neste registo. Liricamente, acho que o Herbie e o Dennis escreveram a letra. Era basicamente sobre um tipo que está meio deprimido e pensa em acabar com a sua vida, mas encontra a sua força interior e agarra-se a ela para continuar. O significado da música, liricamente, é que te aceitas como és, o que aceitas, define quem tu te tornas. Esse é o significado por trás da música.


M.I. -  Tens expectativas mais altas para este álbum do que para os outros? Quais são?

Não tinha a certeza do que pensar sobre este álbum, quando o terminei, porque passamos por muitas mudanças e tantas coisas, mas estou a receber feedback realmente positivo até agora sobre este álbum. Acho que pode ser o álbum que vai levar os Firewind para o próximo nível. Honestamente, acho que é este, e muitas pessoas também me têm dito isso. É apenas triste não podermos ir em tournée agora, para promover o álbum como deve ser, para fazer o que deveríamos fazer. Felizmente, a música fará este trabalho. Espero que as pessoas possam apreciar o disco.


M.I. -  “The 25th Anniversary North American Tour 2020” na América e no Canadá foi adiada. Haverá novas datas? E visitarão outros países, por exemplo, Portugal?

A tournée está adiada agora e deve acontecer no próximo ano. Ainda não sei em que mês, porque esta é uma "Symphony X Tour", com convidados especiais. Estou à espera que o agente me comunique as novas datas. Não sei exatamente quando mas acontecerá no próximo ano. Iremos tocar em Portugal? Não sei, porque já não vamos aí há uns doze anos. De qualquer maneira, é realmente difícil de chegar e tocar em Portugal. Estivemos bem perto, no verão passado. Tocamos na fronteira de Espanha e Portugal, mas não vamos a Portugal há muitos anos. Espero que talvez, no próximo ano ou nos próximos dois anos, possamos estar de volta.


M.I. -  Colaboraram com os Apocalyptica. Como surgiu esta colaboração e porquê esta música, chamada "Edge Of A Dream"?

É apenas uma balada que tivemos naquela época. Lembro-me de ouvir a balada e o Bob tocava piano e disse-me: “Seria ótimo ter um violoncelo aqui. Um violino!”. Eu disse: “Sim! Seria ótimo se tivéssemos os Apocalyptica”! (risos). Ele diz: “Eles nunca fariam isso. Acho que não!". “Nós poderíamos perguntar-lhes! Tudo o que eles podem dizer é não!”. Acho que o nosso gerente da época procurou os Apocalyptica e perguntamos se eles o queriam fazer e eles disseram que sim. Mandamos-lhes a faixa e eles mandaram-na de volta, com os violoncelos, e aí está! Essa foi a música.


M.I. -  Uma demo, nove álbuns, dois álbuns ao vivo, quinze videoclips e um DVD. Como descreverias esta jornada, do passado até agora? E como visualizas o futuro da banda?

Definitivamente, foi uma jornada infernal para nós, com muitos altos e baixos, sabes? Não tem sido fácil. Foi muito divertido, mas também tivemos tempos difíceis. Acho que somos uma banda muito problemática mas, de alguma forma, sempre superamos, e eu sempre continuo. Desde que sinta que tenho algo a dizer de forma criativa, continuarei a fazê-lo. Para mim, é simples. Claro, tenho os meus sonhos para a banda e espero que a banda possa crescer e ser grande em algum momento. Estamos a trabalhar nisso.


M.I. -  Muito obrigada! Foi um prazer falar contigo. Algo mais que gostarias de partilhar connosco e com os fãs portugueses?

Quero dizer olá a todos os fãs portugueses e obrigado por nos apoiarem todos estes anos. Espero que eles possam ouvir o álbum. Espero que todos fiquem seguros, porque isso é o mais importante agora. Mal posso esperar para voltar um dia.


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Entrevista por Raquel Miranda