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Entrevista a Lonely Robot


Lonely Robot é o projeto idealizado pelo produtor, guitarrista e cantor / compositor John Mitchell (Kino, Frost, Arena, It Bites), e vai lançar o seu quarto álbum, 'Feelings Are Good', a 17 de julho de 2020. 'Feelings Are Good' marca um novo começo após a conclusão da "The Astronaut Trilogy”. A obra de arte é, mais uma vez, de Paul Tippett / Vitamina P (Black Star Riders, Frost) e pretende ser perturbadora. A Metal Imperium aproveitou a oportunidade para conversar com John Mitchell para descobrir todos os detalhes sobre o próximo álbum.

M.I. - Lonely Robot é basicamente o John Mitchell a trabalhar sozinho. De onde vem o nome Lonely Robot? É porque fazes tudo sozinho?

O nome vem do refrão de uma música da filha do Sting, Coco Sumner, chamada 'Self Machine'. A letra diz "Robô Solitário num terreno baldio enferrujado num porto solitário". Eu adoro barcos, portos, e ficção científica, por isso o nome Lonely Robot realmente chamou a minha atenção. O facto de englobar muito bem o meu processo criativo, é um bónus!


M.I. - Como descreverias o som de Lonely Robot? Música progressiva é a melhor definição?

Eu diria que é Lonely Robot. O facto de os humanos terem uma grande necessidade de colocar as coisas em caixinhas organizadas, como géneros, não serve para um robô como eu. Sou um cantor de barítono que queria fundir a orquestração musical de filmes com riffs de metal e guitarras ambiente, e pertenço a um género de um - LOL. É muito solitário, não é? Já agora, estou a brincar, sou mesmo humano, não sou uma máquina.


M.I. - Supostamente "Under Stars" seria o último álbum a ter o nome Lonely Robot... o que te fez mudar de ideias?

Eu já ando a pensar em lançar músicas com o meu próprio nome há um bom tempo, mas a minha editora acha que as bandas se saem melhor do que artistas a solo, e preferiram que eu continuasse a fazer músicas sob a marca de Lonely Robot, embora na realidade seja apenas eu a trabalhar com os meus músicos favoritos (como Craig Blundell na bateria), quando necessário.


M.I. – Os teus três primeiros álbuns "Please Come Home", "The Big Dream" e "Under Stars" são conhecidos como "The Astronaut Trilogy". Agora, “Feelings Are Good” é o início de uma nova trilogia ou verás aonde te leva?

'Feelings Are Good' é um álbum autónomo, inspirado em momentos seminais da minha vida pessoal, e eu queria a oportunidade de silenciar alguns fantasmas para sempre. Tendo feito isso, espero que o meu próximo álbum seja cheio de grandes acordes e felicidade! Fiquem atentos... Os três primeiros álbuns tornaram-se uma trilogia temática, de acordo com o meu contrato com a editora, e que eu realmente gostei de fazer como desafio, mas depois do terceiro, senti que havia chegado a uma conclusão natural.


M.I. - Todas as músicas foram escritas, gravadas, produzidas, misturadas e masterizadas por John Mitchell no Outhouse Studios. És o único responsável pelo sucesso da tua música. Quão stressante é criar um novo álbum do zero? Costumas pensar demasiado? Ficas obcecado ou sonhas com isso?

Faço exatamente o que surge naturalmente, um dia de cada vez. Fazer música nunca foi nada além de um prazer e uma alegria, seja o meu próprio material ou produzindo músicas para bandas que entram no meu estúdio. Para o meu próprio trabalho, às vezes acordo a meio da noite com uma melodia na cabeça que tenho que gravar no meu telefone o mais rápido possível, antes de voltar a dormir! Fora isso, o meu processo é escrever uma música em torno de um título que me veio à cabeça. Posso criar a letra e o humor de uma música muito mais rapidamente se tiver um título para trabalhar.


M.I. - Quanto tempo durou o processo de escrita e gravação deste álbum?

Provavelmente levou um mês e meio no total.


M.I. - Musicalmente, mantiveste o teu “som de assinatura” e refinaste-o com luxuosos hinos modernos de prog e rock que combinam elementos complexos e acessíveis com dinâmica surpreendente e composição impecável e atemporal… quão complicado é criar obras de arte constantemente?

Bem, muito obrigado (risos). Eu só vou dizer que tudo vem naturalmente. Não sou bom em muitas coisas, mas dedico todos os meus esforços à minha música. É por isso que o meu frigorífico está cheio de queijo bolorento e minha entrada está cheia de carros enferrujados!


M.I. – O John Mitchell é um homem com uma rica herança e história musical, envolvido em dezenas de gravações... de onde vem a tua criatividade?

Fui forçado a ter aulas de piano aos 6 anos de idade, violino aos 7, e tive a minha primeira guitarra aos 12 anos. Ao longo dos anos, fui inspirado pelo Trevor Rabin, Peter Gabriel, The Police e a proeza lírica do Roger Waters, Justin Currie e Neil Hannon.


M.I. - "Feelings are good" marca um novo começo. O que é que os fãs podem esperar?

Liricamente, é muito mais pessoal e, musicalmente, vem de um lugar mais despojado e mais cru. Tomei a decisão consciente de não usar os mesmos instrumentos ou sons que havia usado na trilogia do astronauta. Usei mais sons antigos, como piano elétrico e sintetizadores de cordas dos anos 80 da coleção de laboratórios analógicos Arturia.


M.I. - Os álbuns da trilogia foram lançados com um intervalo de 2 anos entre si, mas o novo álbum foi lançado apenas um ano depois... estavas muito inspirado ao escrever sobre a tua vida? Foi mais fácil escrever sobre ti e os teus sentimentos? O álbum funcionou como uma terapia para alguns problemas pessoais menos afortunados?

Houve um intervalo de tempo maior entre os outros álbuns porque tive que gravar um álbum dos KINO a meio! No que diz respeito a ser uma forma de terapia, acho que toda a música é terapêutica, mas infelizmente não é uma cura mágica...


M.I. - A obra de arte é um pouco perturbadora e serve totalmente esse propósito... o rosto com os olhos tapados e a boca fechada... o que significa? Os sentimentos são bons se não falarmos sobre eles?! É um título irónico?

Sim, é irónico - és a primeira pessoa que o interpretou corretamente, muito bem! É claro que ter sentimentos é uma coisa boa, mas não expressá-los ou comunicá-los a outras pessoas pode tornar-se perigoso muito facilmente.


M.I. - A formação é diferente neste álbum... são apenas o John Mitchell e o Craig Blundell. O que aconteceu aos outros tipos?

Eu chamo-os quando preciso deles, mas para o processo de gravação, posso tocar baixo e piano e é mais rápido obter as partes que quero ouvir. Eles juntam-se a mim em datas ao vivo para ajudar a dar vida à música no ambiente ao vivo.


M.I. - Este álbum inclui as versões orquestrais de "The Silent Life" e "Crystalline" como faixas bónus... por que optaste por fazê-lo? Por quê essas faixas em particular?

Obrigação contratual!


M.I. - O álbum está programado para ser lançado a 17 de julho de 2020... como tem sido a reação dos média até ao momento?

Acabei de ler uma crítica realmente atenciosa, ponderada e positiva (obrigado Jonathon Rose!), portanto espero que haja mais assim.


M.I. - A banda finalmente quer apresentar-se ao vivo, mas quem é que acompanhará o John e o Craig nessa tarefa?

O meu baixista Steve Vantsis, que também toca nos Fish, e Liam Holmes nos teclados.


M.I. - Os planos de tournée em fevereiro foram cancelados e agora há planos de tocar no Reino Unido, Alemanha e Holanda em dezembro de 2020, se for possível até lá... o que é que as pessoas podem esperar de Lonely Robot numa performance ao vivo?

Focas exibicionistas, comedores de fogo, um Muro da Morte e, espero que algumas músicas sobre naves espaciais :)


M.I. - Qual o impacto negativo que o Coronavírus teve na banda Lonely Robot e no indivíduo John Mitchell?

Li muitos livros, cortei a relva e fiz um trabalho de mistura para o novo álbum de Doris Brendl. Além disso, não fiz muito. Tem sido incrivelmente frustrante e difícil.


M.I. - O álbum "Under stars" é acompanhado por belos visuais no canal do YouTube de Lonely Robot. O mesmo acontecerá com “Feelings are good”? Como surgiu a ideia de fazer um vídeo de 50 minutos?

O lançamento do álbum foi planeado num cinema, e decidimos produzir um filme para acompanhar todo o álbum. A Crystal Spotlight, que cria vídeos e sites para bandas, já tinha gravado três vídeos para músicas do álbum, e assim a ideia de produzir uma versão completa do álbum, ganhou vida.


M.I. - Este álbum, mais uma vez, será lançado pela Inside Out Music. Como é o teu relacionamento com eles?

Eu trabalho com eles há muito tempo, sabemos o que esperar uns dos outros...


M.I. - Disseste que, como seres humanos, gastamos muito tempo sem perceber a beleza à nossa volta e passamos muito tempo agarrados à tecnologia. Nomeia as 3 melhores qualidades da tecnologia e as 3 piores coisas sobre ela.

Melhor
1. Netflix
2. Alexa
3. Zoom para chamadas com os meus amigos fãs de ficção científica

Pior
1. Tik Tok
2. Cultura Selfie
3. Toyota Prius


M.I. - Agora que estamos a viver um momento estranho com a pandemia... achas que as pessoas acabarão por perceber que “os sentimentos são bons” e devem ser partilhados?

Penso que, em termos geracionais, a geração do milénio foi longe demais na direção errada para se comunicar efetivamente.


M.I. - Tens uma mensagem final para os fãs portugueses de Lonely Robot / John Mitchell?

Espero visitar o vosso lindo país em breve!


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Entrevista por Sónia Fonseca