O regresso dos Cro-Mags às edições discográficas tem início com “Don’t Give In”, um tema a fazer lembrar Megadeth. Isto não só pela atmosfera pesada, mas também pelos solos dilacerantes de Rocky George, aliados a um ritmo capaz de lembrar o thrash clássico. Seguimos para “Drag you Under”, um tema mais hardcore, rápido e agressivo com Harvey Flanagan a gritar a plenos pulmões e a banda a servir de suporte instrumental perfeito.
Com efeito, ao longo de “In the Beginning”, é-nos oferecido um grande contraste entre temas. Alguns são tipicamente hardcore, outros são mais experimentais, como o excelente e melancólico instrumental “Between wars”; sempre com as guitarras ritmo, bateria e baixo a segurar a voz, com os solos constantes, mas não demasiado evidentes a servir o propósito de cada tema que passa pela mensagem presente nas letras (atente-se aos singles “No One’s Victim” e “From the Grave”).
Os convidados têm o condão de tornar os temas em que participam mais interessantes, como o solo de guitarra de Phil Campbell, ex-Motörhead em “From the Grave” (com direito a apresentação por Harvey Flanagan) e o violoncelo de Carlos Cooper em “Between Wars”. Mas os solos de Rocky George são um dos pontos altos do disco, especialmente pela forma como se encaixam em cada um dos temas e demonstram a mestria deste veterano da cena hardcore e crossover thrash.
A voz, por vezes, consegue ir além da pura agressividade, como em “The Final Test”, sendo que os temas das letras tratam sempre de situações do dia-a-dia, com “PTSD” ou “One Bad Decision”. Em “No Turning Back”, temos uma sonoridade sludge, a lembrar Down, especialmente na voz que dá corpo aos versos; de seguida o disco encerra com o tradicional “There was a Time”, que lembra os clássicos Suicidal Tendencies.
Apesar de ser um álbum de regresso, que procura ser também uma afirmação por parte do líder (dadas as batalhas legais que o precederam), o novo disco dos Cro-Mags consegue ser um dos melhores álbuns lançados este ano, tanto em termos de qualidade como em termos de experimentação (samples em “No One’s Coming” ou “Two Hours”, e o já mencionado violoncelo em “Between Wars”). Por outras palavras, consegue manter a sonoridade do grupo intacta e, ao mesmo tempo, sair da zona de conforto do género musical do qual foi pioneiro.
Nota: 9/10
Review por Raúl Avelar