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Entrevista aos Zurrapa


Estivemos recentemente a conversar com o Nuno Mendonça, baixista dos Zurrapa. Covid-19 e as saudades do palco foram alguns dos assuntos abordados, mas, como não podia deixar de ser, "Lambe-me o CUbo", o novíssimo trabalho da banda, foi o tema central desta entrevista.

M.I. - Boas Nuno. Desde já muito obrigado pela disponibilidade para esta entrevista. Como correu a apresentação do álbum no passado dia 6?

Nuno: Viva! Obrigado nós, pela oportunidade e pelo apoio!!
A apresentação correu dentro das nossas expectativas. Foi mais uma "mini" reunião de amigos para beber um copo (ou dez), ouvir o disco e trocar umas ideias. Deu para vender alguns discos e no fundo, nesta fase e tendo em conta as circunstâncias, não podíamos pedir mais.


M.I. - Este novo trabalho "Lambe-me o CUbo", embora também aborde temas sociais e políticos, parece mais focado em divertir, do que em criticar. Isto quando comparado com o antecessor. Foi propositado, ou simplesmente aconteceu?

Nuno: Propositado não foi. E muito sinceramente, nem vejo bem as coisas dessa forma. É verdade que tem a "Rosa" que é gozo puro (embora haja quem leve a sério e já me tenha dito que era uma vergonha...), as Intros que são uma forma de tornar a coisa mais "light"... mas de resto, mais directamente ou menos, acho que continuamos a tentar tratar mal quem merece. E isso sim, é propositado. Continuamos com muita vontade de tratar mal uma série de seres abjetos que poluem o nosso país. 


M.I. - Com apenas três anos de existência, este é já o vosso quarto registo. Os Zurrapa são uma banda produtiva, mas, este álbum teria saído com um intervalo de apenas seis meses do anterior, se não estivéssemos a atravessar este período (Covid 19)?

Nuno: Não, garantidamente que não existiria "Lambe-me o CUbo", pelo menos para já. O nosso plano, como sempre, depois de lançar o "(Des)Governo No País Das Maravilhas" era rodá-lo ao vivo o máximo possível. Já tínhamos algumas datas certas e muitas apalavradas e até estávamos bastante entusiasmados. O "Lambe-me o CUbo" surge quase como um escape, uma forma de não desatarmos todos à chapada uns nos outros. Ficamos mesmo na merda com o " (Des)Governo..." numa mão e a outra cheia de nada. Tínhamos os discos, o merch, o concerto de apresentação marcado e pronto e do nada... tivemos de cancelar tudo. Quando voltamos aos ensaios, depois da quarentena, a verdade é que não tínhamos vontade nenhuma de tocar as malhas do  "(Des)Governo...", provavelmente um pouco pela desilusão. O remédio foi seguir viagem e começar a fazer malhas e como a coisa começou a rolar bem começamos a pensar na possibilidade de fazer um segundo disco no mesmo ano. Parar é que não queremos nem vamos. 

 
M.I. - Quanto a vídeos? Estão a prever gravar mais?

Nuno: Sim, temos sempre planos e ideias para passar as músicas a vídeos. Nem sempre fazemos mais porque os recursos são curtos. Mas temos ideias pelo menos para mais um ou outro vídeo deste "Lambe-me o CUbo", já que do anterior "só" fizemos 2 ou 3.

 
M.I. - Nos vossos concertos nota-se que vocês disfrutam bastante em palco, ao ponto de o dividirem com o público em certos temas. Está a ser muito difícil para vocês este afastamento forçado?

Nuno: De facto é no palco que gostamos de estar. É onde nos sentimos mais à vontade e é onde disfrutamos realmente das músicas. Até gostamos de ensaiar e gravar (mais eles que eu!), mas a verdade é que tudo o que fazemos é com esse propósito, tocar ao vivo. A parte de o pessoal ir para o palco dá-nos muito gozo, porque essa é muito a essência dos Zurrapa... estamos todos juntos nisto e sem o pessoal que curte isto não fazia sentido nenhum. Por isso nem é bem juntar o publico no palco, é mais juntar a banda toda!
Mas sim, tem sido deprimente não poder tocar. E cada vez custa mais, quanto mais o tempo passa mais sentimos essa privação. Acho que não há vez nenhuma que estejamos juntos que não se fale nisso. Sentimos mesmo falta. De tocar, de ver os outros a tocar, de falar com o pessoal nos concertos...
 

M.I. - Os Zurrapa são um projeto a tempo inteiro, ou permitem a participação dos seus elementos noutras bandas?

Nuno: Todos os elementos assinaram um contrato de exclusividade, por isso não há espaço para invenções!!!
Não, nada disso, é uma banda séria e a sério, mas todos temos liberdade para explorar outros caminhos e ter outras experiências. A música tem tanto para explorar que nem fazia sentido nos fechamos. Ninguém faz vida da banda, por isso não fazia o menor sentido limitarmos a vida uns aos outros. Eu, por exemplo, estou com mais duas bandas, os Basalto e os Tvmvlo. 

 
M.I. - Existe alguma banda, nacional ou estrangeira, com que gostassem de partilhar o palco? Ou algum músico que gostassem de convidar para participar numa gravação?

Nuno: Nós gostamos de tocar com toda a gente. Não temos esquisitices, desde que seja pessoal porreiro e sem merdas estamos felizes.
Claro que era giro tocar com os Exploited ou com os Rancid... ou com os Ramones e os Censurados...! Mas não é isso que nos move, somos plenamente felizes a tocar no bar do "Zé" com 1 coluna e meio micro, no fest de metal ou de grind... com a banda popular ou com a banda de Thrash... a verdade é que queremos é mesmo tocar. 

Participações, nunca pensei nisso. O verdadeiro problema era conseguir convencer alguém a querer gravar e participar num disco nosso!!! Já tivemos alguns amigos, que coagidos lá aceitaram, mas não foi fácil. Aconteceu porque sentimos necessidade naquele momento, se voltar a acontecer, logo se vê se enganamos mais alguém.

 
M.I. - Mais uma vez, muito obrigado pelo vosso tempo. Querem deixar alguma mensagem aos nossos leitores?

Nuno: A mensagem é aquele cliché de sempre, mas que é verdadeiro: continuem a apoiar as bandas tugas, seja nos concertos ou a adquirir discos e merch, porque só assim é que a coisa consegue ir rolando. E claro, apoiem estas iniciativas como a Metal Imperium, porque é com pessoal assim, com gosto e dedicação que vamos conseguir aguentar o "barco"!!!
Muito obrigado pela disponibilidade e pelo tempo!
Um grande abraço!!

Entrevista por António Rodrigues