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Skálmöld - "10 Year Anniversary - Live In Reykjavík" Review

Vamos começar por dizer que 2020 foi um ano miserável para concertos.

Para atenuar essa mágoa, ao menos temos um concerto incrível gravado em 2019, navegando entre folk e viking metal. A 25 de setembro, depois de um verão sem qualquer tipo de festival ou concerto megalomano, os islandeses Skálmöld lançaram o álbum 10 Year Anniversary - Live In Reykjavík. A última vez que vieram a Portugal foi para um concerto em 2018, no LAV, em Lisboa, parte de um tour épico com a banda de Metal Pirata Alestorm. Quem esteve nesse ou noutro concerto destes senhores vai ter a sensação de reviver esse momento enquanto ouve este trabalho. Há muitos artistas de valor nesta nação de 350 000, como os Sigur Rós, Sólstafir, Bjork, ou mesmo a selecção de futebol do euro de 2016, a viajar com a bandeira da Islândia, com a missão fazer expandir o alcance dessa cultura maravilhosa. No entanto, a grande diferença desse colectivo é ser bem mais explosivo, diria quase como um vulcão ou geiser em em actividade.

O álbum foi gravado no decorrer da celebração de 3 concertos do 10º aniversário em Reykjavík, capital da Islândia. Não é a primeira gravação de um concerto para a banda, porque já em 2013 lançaram um disco épico com a orquestra sinfónica de Reykjavík. E não, este trabalho para celebrar os 10 anos de aniversário não é tão bom como essa obra magistral, porque poucas coisas batem um concerto entre uma banda de metal e uma orquestra clássica. Mas ainda assim podem esperar uma distribuição de força bem capaz de nos pôr a saltar em casa e torrar a paciência aos vizinhos.

A lista de temas é composta por elementos de todos os trabalhos e por clássicos folclóricos da ilha, que todas as pessoas conhecem e cantam em coro. Começam com a adorável Heima, passando por Gleipnir, e terminam com o clássico Kvaðning. Todas as músicas são cantadas em islandês, onde ocasionalmente compreendemos os gritos fanáticos por Loki ou Odin, mas fora isso, não dá para entender muito mais. Há umas palavras em inglês para agradecer aos estrangeiros presentes, mas poucas. Este é um disco para as bases. Para aqueles com quem começaram. Não é preciso compreender muito, porque temos o ritmo e capacidade de músicos que têm um reportório variado e que transportam qualquer ouvinte para uma saga a bordo de um drakkar. O ritmo lembra precisamente ondas durante a tempestade. A música está longe de ser repetitiva ou demasiado elaborada e não se torna demasiado enfadonha nem pedante, embora tenha uma duração longa, entre 5 a 10 minutos. Lembra por vezes rock progressivo. O facto é que a música flui muito bem, quer se goste de folk metal, viking metal, ou qualquer tipo de música com poder.

Resumindo, é sempre um risco fazer a gravação de um concerto com o objetivo de lançar um disco. Se a atmosfera e a interação com o público não for, no mínimo, excelente, o resultado é medíocre. Imaginem um insulto no meio do encore... Isso não acontece aqui. O valor dos Skálmöld é precisamente esse, a capacidade de dar concertos brilhantes, tendo a sorte de captar a energia do final de 2019, quando ainda não se sabia que vinha aí um período negro de isolamento. Ainda por cima a jogar em casa, eles não tinham desculpa. Mas, mais uma vez, quem alguma vez assistiu a um concerto deste grupo, vai ter a sensação de estar lá. Para aqueles que nunca estiveram, este trabalho é seguramente a melhor opção. Temos boas notícias que, se tudo correr bem, vão voltar às tours em 2021. Infelizmente Portugal não está incluído por agora. Aguardamos pacientemente o raid dos vikings, estaremos preparados para os receber.

Nota: 8.5/10

Review por Miguel Melo