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Entrevista aos Marianas Rest


A Finlândia tem as melhores bandas de Metal do mundo. Isso é um facto, sem dúvida. Mas isso não é tudo. Tem natureza, que pode inspirar a todos. Marianas Rest lançarão novo álbum, denominado “Fata Morgana”, pela Napalm Records (12 de março). Jaakko Mäntymaa (voz) e Nico Mänttäri (guitarras) conversaram com a Metal Imperium sobre o álbum, os convidados, a natureza e a sua importância e muito mais.
Se gostam de países nórdicos e tudo que esteja relacionado com eles, fiquem à vontade para ler esta entrevista e ouvir o disco!

M.I. -  Olá! Como é que estão? Bem-vindos à Metal Imperium.

Jaakko Mäntymaa (voz): Olá! Estamos a ter aqui um bonito clima de inverno, por isso não nos podemos queixar.
Nico Mänttäri (guitarra): Olá! Obrigado por nos receberes!


M.I. -  Antes de avançar, devo dizer que é um álbum fabuloso. “Fata Morgana é uma viagem até à solidão. Uma passagem para um lugar, onde a mente fica distorcida pelo frio”. Em que tipo de viagem estão dispostos a levarem-nos? Aos lugares mais frios da Finlândia? Quão difícil foi inventar este título?

Jaakko: É uma longa viagem até à solidão, no limite do mundo. Podes interpretá-la como uma jornada mental, física ou ambas. O lugar que tentei imaginar, enquanto escrevia as letras, era a Antártica, que é um dos lugares mais hostis na terra.
O narrador tem estado no frio durante tanto tempo, que começou a distorcer a sua visão do mundo e é por isso que vagueia para o nada. Ele vê mais as coisas boas ou bonitas. Durante o seu caminho, ele reflete sobre a sua vida passada, escolhas e erros que o tornaram assim. Quando chega ao fim, encontra-se com ele mesmo. Esta é uma forma de ver as coisas. Gosto de pensar que cada interpretação é tão boa quanto a outra. 


M.I. -  Parabéns por assinarem com a Napalm Records, uma das mais importantes editoras underground. O que sentiram, quando assinaram contrato com eles?

Nico: Assustados, definitivamente assustados. Mas também, ótimos. É bom ver alguém, para além de nós, que vê algo nesta banda e na nossa música. 
Jaakko: Foi uma grande surpresa para nós, é algo que esperávamos há muito tempo. Quando finalmente aconteceu, foi difícil de acreditar que era verdade. Mas aqui estamos nós, e tudo tem corrido muito bem até agora. As pessoas são muito simpáticas e profissionais.


M.I. -  Este álbum marca o final de uma trilogia, que começou com “Horror Vacui” e “Ruins”. Foi difícil de escrever o final disso? Consideram fazer outra trilogia?

Jaakko: A história tem aspetos pessoais, por isso, as letras escrevem-se por si mesmas. Ter um conceito para começar, torna tudo muito mais fácil. As músicas deram-lhes uma sensação de frieza, e, de alguma forma, beleza, então pareceu uma boa ideia colocar a história no meio de neve e geada.


M.I. -  Este álbum fala sobre temas de isolamento, eventual colapso mental e emergir desse estado deplorável, respetivamente. Escreveram sobre esses temas, já que estamos a atravessar uma pandemia? Como é que estão a lidar com isso?

Jaakko: Acho que foi fácil, já que todos nós – famílias incluídas – conseguimos manter-nos saudáveis. Mas claro, é assustador ver o quão fácil a sociedade cai à beira do caos. Há muitas pessoas que estão a tirar vantagem desta situação, o que não a torna mais fácil.
Claro, tudo isto tem sido bastante frustrante, porque teria sido excelente andar na estrada e tocar estas músicas novas ao vivo, mas o que podemos fazer? Apenas tens de fazer o melhor possível. Resumindo, é ótimo ter algo como uma banda para manter a cabeça no lugar durante tudo isso. Conseguimos manter-nos ocupados e isso é uma coisa boa.


M.I. -  Este álbum é muito influenciado pela natureza finlandesa e a sua beleza. E vocês criaram melodias muito bonitas. Os finlandeses vão para as florestas, para se inspirarem, especialmente vocês? O que mais vos inspira? 

Nico: Acredito que alguns músicos finlandeses vão e vagueiam pelas florestas em busca de inspiração. Devo dizer que não é uma grande coisa para mim, pessoalmente. Encontro a minha inspiração na minha vida quotidiana. 
Jaakko: É bom ter um tipo de imagem mental, enquanto se escreve novo material. E a Finlândia tem muito para dar às bandas de Metal nesse departamento.


M.I. -  Como é que vocês criaram estes tons de guitarra com atmosfera incríveis e notas melódicas, combinadas com Doom Metal, que fazem com que o ouvinte imagine que está na Finlândia? Que guitarras, pedais usaram?

Nico:
    • Usamos algumas guitarras diferentes, de marcas tradicionais Les Paul e SG.
    • Neste álbum, para o som de guitarras, usamos um Peavey 6505, para amplificação.
    • Também tivemos um sortimento de pedais: Alguns pedais antigos, mais antigos acho que eram dos anos setenta ou algo, e uma variedade de delays e alguns reverbs.
O nosso produtor, Teemu, desempenhou um grande papel na criação dos sons gerais.
Jaakko: E claro, tivemos a guitarra do Harris, Meatporridgegrinder, que é um elemento chave no nosso som.


M.I. -  Este álbum melódico melancólico foi produzido pelo Teemu Aalto (Insomnium, Omnium Gatherum) e gravado e misturado pelo by Teemu Aalto, nos Teemu Aalto Music Productions e masterizado pelo Svante Forsbäck, Chartmakers West, que recebeu uma nomeação nos Grammys com os Candlemass, com apresentação de Tony Iommi, por Best Metal Performance. Sentiram alguma pressão, por trabalharem com pessoas tão respeitáveis? Como correu?

Nico: Temos trabalhado com o Teemu e o Svante desde o primeiro álbum, por isso trabalhar com eles, desta vez, surgiu naturalmente. Claro, a primeira vez que trabalhamos com eles, lembro-me de todos nos sentirmos um pouco nervosos, mas são ambos muito fáceis de lidar e pessoas simpáticas. Mal começamos a trabalhar, tudo se encaixou perfeitamente.
Jaakko: O Teemu está connosco há tanto tempo, que já o vejo como um sétimo membro da banda. Ele sabe muito bem o que queremos, e raramente precisamos de lhe explicar o que pretendemos. É um tipo muito fácil de trabalhar.


M.I. -  Kjetil Karlsen é o responsável pela capa de “Fata Morgana”. Como é que conseguiu capturar a essência das vossas mentes e tirou as fotos, na vossa cidade natal, Kotka? As imagens que ele tirou para cada canção, serão incluídas no álbum?

Jaakko: Na verdade, o Kjetil já tinha tirado as fotos, quando o abordamos. O seu trabalho condiz perfeitamente com o que fazemos e, felizmente, ele sentia da mesma forma. Kjetil é da Noruega, e imagino que a maioria das fotos foram tiradas lá. E sim! Há oito imagens, uma para cada canção, e todas estarão na impressão do CD. 


M.I. -  Vamos falar dos convidados, certo? O violoncelista Timo Virkkala e Lindsay Schoolcraft (ex-Cradle Of Filth) ajudaram neste álbum. Porque é que escolheram estes convidados e não outros? Foi um desafio para eles?

Jaakko: Já tínhamos trabalhado com o Timo anteriormente, não foi nada complicado. Um tipo muito profissional e simpático. Tenho certeza de que faremos isso novamente com ele no próximo álbum. Esperamos tocar em alguns concertos com ele também, quando for possível novamente.
Nico: A Lindsay foi uma ideia do nosso produtor, quando começamos a pensar que poderíamos usar algumas vozes femininas limpas. Estou muito feliz que o Teemu nos tenha apresentado a ideia e foi capaz de atraí-la para este projeto. Ela é uma profissional.


M.I. -  “Glow From The Edge” é o primeiro single e, nessa canção, a Lindsay canta. É muito misterioso e místico. Há alguma simbologia por trás disso? Qual? Qua será o próximo single?

Nico: Acho que a simbologia se resume ao ouvinte. Como o vejo? Pessoalmente, acho que pode ser o brilho que te atrai para o limite ou um eco de algo que poderia ter sido... de qualquer maneira.
Considerando o próximo single, infelizmente não posso dar essa informação ainda.


M.I. -  “Horror Vacui” foi lançado pela Sliptrick Records, “Ruins” pela Inverse Records e “Fata Morgana” pela Napalm Records. Quais são as principais diferenças entre estas editoras?

Jaakko: O tamanho é a grande diferença. ASliptrick e a Inverse são ambas pequenas editoras, que nos trataram bem. Mas, claro, é uma coisa diferente estar na lista de uma editora tão distinta, como a Napalm.


M.I. -  No mesmo dia do lançamento do álbum, vocês relançarão “Ruins” em vinil, pela Napalm Records também. Que diferenças existirão relativamente ao lançamento anterior?

Nico: A diferença é maioritariamente na arte gráfica. As canções sãs as mesmas como também a produção. Claro, a masterização tem de ser especificamente para o vinil, mas musicalmente é basicamente isso. Recebemos muitas perguntas sobre o vinil “Ruins” e, finalmente, temos algo para oferecer. 


M.I. -  “Glow From The Edge” aparece na lista de reprodução do Spotify: “Metallia Suomesta”. Como é que eles escolhem as bandas e canções? Pela qualidade e streaming? Qual é a vossa opinião?

Nico: Não posso dizer que sei muito sobre as políticas de música do Spotify, mas “Metallia Suomesta” é uma lista de reprodução com curadoria do Spotify, onde os editores do Spotify selecionam as músicas com base no que foi lançado. Penso que é uma combinação de ambos em que a qualidade, pelo menos, desempenha um papel significativo.


M.I. -  Vocês andaram em tournée com os Dark Tranquility. Também andaram em tournée pela Europa em 2019. “Ruined in Europe” foi a tournée e visitaram a Letónia, Polónia, Alemanha e República Checa, para citar alguns. Como foi a tournée com os Dark Tranquility? Acham que este álbum pode abrir mais portas para uma digressão, como por exemplo em Portugal? Com que bandas / cantores gostariam de andar em tournée?

Jaakko: Na verdade, acabamos por dar alguns concertos com os Dark Tranquility, não se pode dizer que andamos em tournée com eles. Dito isso, foram concertos incríveis para uma banda jovem como nós. Nós realmente nunca tínhamos tocado para um público tão grande, por isso estávamos com muito medo antes dos concertos. Mas tudo correu muito bem e os rapazes dos DT foram realmente fantásticos.
Claro, esperamos chegar ao maior número de lugares possível, quando for possível, e Portugal é um deles. Nunca estive aí, mas ouvi ótimas coisas sobre o teu país. Estou realmente ansioso por isso!


M.I. -  Muito obrigado por esta entrevista e muito sucesso para o álbum. Alguma palavra final para a Metal Imperium e os fãs, por favor?

Jaakko: Mantenham-se saudáveis, fiquem sãos, bebam Pople e ouçam Black Metal!
Nico: Mantenham-se seguros e esperamos vê-los na estrada!!!

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Entrevista por Raquel Miranda