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Entrevista aos Diabolisches Werk


Diabolisches Werk é um trio recém-formado das profundezas do subsolo. Esta banda é composta por membros dos Endstille, Tauthr e Dysangelium, entre outras bandas, e tocam uma forma profana e destrutiva de death/thrash metal. Em 2021, Kruger juntou-se a Pissmark, Knochenmark e Smellhammer, tornando os Diabolisches Werk uma máquina ainda mais poderosa e completa.
Pissmark respondeu às perguntas da Metal Imperium sobre o novo álbum e os planos para 2022. Apreciem a Besta!

M.I. - Diabolisches Werk significa e é obra do diabo. Por que é este o melhor nome para a banda?

A ideia era escolher um tema sinistro para combinar com o género musical. Há uma instituição da igreja na Alemanha chamada Diakonisches Werk. Diabolisches Werk, no entanto, é como uma inversão dessa organização cristã. É obra do diabo, a pura blasfémia e a rejeição dos seus valores religiosos. Ao mesmo tempo também uma provocação para aqueles que propagam esses valores.


M.I. - Os membros fundadores desta banda estão na cena da música extrema há décadas... por que sentiram necessidade de criar outro projeto? Já não estão envolvidos nos projetos pelos quais são famosos?

Ainda estamos ativos nessas bandas.
Como fazemos música juntos há muito tempo, tornamo-nos uma equipa muito boa. Musicalmente, também temos muito em comum. E temos muitas ideias musicais que não combinam muito com as outras bandas. É por isso que fundamos os Diabolisches Werk, para colocar essas influências que temos nas músicas.


M.I. – Os Diabolisches Werk são, de alguma forma, o resultado do tédio do confinamento? Como conseguiram criar um projeto tão interessante quando a maior parte do mundo estava a enfrentar problemas mentais devido à pandemia?

Durante todo este tempo, que ainda está a acontecer, nunca fiquei entediado. Quando penso no início da pandemia, devo dizer que me inspirou muito. Tanta gente assustada que pensava que ia morrer, ruas vazias, supermercados, etc. Lembro-me de passear e apreciar o ambiente. Foi uma ótima experiência escrever músicas muito sombrias e agressivas. Isso inspirou-me muito. Portanto, pode dizer-se que o álbum “Beast” foi consequência da pandemia, mas não foi o motivo da criação dos Diabolisches Werk.


M.I. - A banda é pura blasfémia musical, combinando death e thrash metal na sua forma mais brutal. O que mais é que os Diabolisches Werk têm para “oferecer” à cena do metal extremo?

Acho que há muito da nossa experiência musical nas músicas. Criamos músicas num estilo que nunca fizemos antes. Mas também podem ver o nosso passado... o que é meio lógico, porque a música também é sempre um espelho da nossa alma e do nosso ser. Por isso, o álbum tem uma atmosfera própria, uma espécie de escuridão que talvez não seja tão típica destes géneros.


M.I. – O vosso álbum de estreia “Beast” foi lançado em dezembro do ano passado. Antes disso, vocês lançaram três singles. Como é que os singles/álbum foram recebidos?

Muito bem. Temos um feedback muito bom. Isso surpreendeu-me positivamente. É sempre uma sensação boa quando percebes que as pessoas gostam do que criaste.


M.I. - "Beast" deveria sair em novembro, mas só foi lançado em dezembro... não é muita diferença, mas o que causou o atraso?

Não houve grande razão para o atraso. Foram apenas alguns problemas de agenda. Mas não era nada digno de nota.


M.I. - Quem ou o que é a “Beast”?

Uma fera é algo que é selvagem, agressivo e mesquinho por natureza. A besta também tem um aspeto religioso. Um ser poderoso e sombrio. Esses duplos significados e adjetivos encaixam-se muito bem no álbum. Neste caso, a besta não é realmente um ser físico. É mais um símbolo e uma descrição de estatuto.


M.I. - A imagem do vídeo “False Flag” inclui a bandeira americana numa posição diferente da usual e duas cruzes invertidas... qual é a mensagem por trás dessa música? 

A letra da música tem uma abordagem muito diferente das outras. Enquanto o resto das músicas tem um significado espiritual, esta é socialmente crítica. A letra foi escrita no momento em que manifestantes nos EUA invadiram Capital Hill em Washington DC. Mas não se trata apenas desses manifestantes. Esse foi apenas o gatilho. Mas foi um exemplo de como algumas pessoas, os chamados líderes, influenciam as pessoas. No final, um lado culpa o outro pelo dano causado. No final, são sempre as pessoas as culpadas e não os seus líderes. A bandeira dos EUA é um símbolo de dano e opressão que está espalhada por todo o mundo. Como o evento mencionado foi o gatilho para a letra, a arte também se encaixa muito bem com o significado da música.... Embora a opressão e a agitação já fossem um problema mundial e transfronteiriço no passado, eles também são, e especialmente agora claramente percetível, em quase todos os lugares. 


M.I. - Num post no Facebook em agosto, a banda escreveu “Mais um tiro de advertência, prevenindo o mundo para o Armageddon iminente que chegará neste outono pela Uprising Records, quando lançarmos o nosso álbum de estreia”. Contem-nos mais sobre este Armageddon iminente. Que temas abordam nas suas letras?

As letras das músicas em particular têm inspirações parcialmente diferentes em, por exemplo, antigos escritos religiosos, descrições de fantasias ou pinturas antigas. A letra da música The Sinkhole, por exemplo, foi influenciada pela pintura Inferno de Botticelli. As obras de Hieronymus Bosch também tiveram forte influência nas letras do álbum. Essas obras-primas encaixam muito bem com a nossa música e inspiraram-nos muito.
Assim como também a heresia dos antigos escritos gnósticos teve forte influência no nosso trabalho.
Portanto, mesmo com as letras, existem muitas fontes diferentes que ajudaram a moldar este álbum.


M.I. - A arte da capa e o logotipo são todos em vermelho e preto... acham que essas cores são as perfeitas para transmitir a vossa mensagem diabólica devido às emoções e sentimentos frequentemente associados a elas?

Preto e vermelho fazem sempre uma combinação escura e forte. Quando escrevo música, penso sempre na cor que essas músicas têm em comum. Tanto o som como as cores criam uma atmosfera e uma forma de ser. Antes de começarmos a trabalhar na arte, senti que as únicas cores que se encaixam na atmosfera do álbum são o preto e o vermelho.
Além disso, essas duas cores são muito antigas quando se trata de capas de álbuns, e isso combina muito bem com Diabolisches Werk.


M.I. - Tendo em consideração todas as coisas estranhas que estão a acontecer no nosso mundo no momento (vulcões em erupção frequente, tempestades, covid...)... acreditam que o Armageddon está literalmente a chegar?

Sempre pensei que quando o Armageddon acontecer, quero vivenciá-lo. O que talvez seja um pouco estúpido porque não se ganha nada com a experiência, (risos)... Mas seria um evento muito especial para o nosso planeta. Ao lado dos dinossauros, seria muito especial para nós... Desculpa, estou a brincar.
O Stephen Hawking disse uma vez que acreditava que a humanidade desapareceria em 100 anos. Ele era um homem inteligente. Portanto talvez o apocalipse para a humanidade não esteja assim tão longe. Há muitos sinais de que ele pode estar certo.


M.I. – A vossa experiência como músicos ajudou-vos a criar o som que queriam?

Sim, porque já não precisamos de pensar no básico. Ainda estamos a aprender e a tentar melhorar, mas a experiência ajuda muito, claro... como tudo na vida.


M.I. - A música ajudou-vos a enfrentar momentos difíceis pessoais, ajudou-vos a manter a sanidade mental durante estes dias estranhos que o mundo está a viver?

Provavelmente sim. A maioria das coisas que faço tem algo a ver com música. Há melodias para cada momento. Onde quer que eu vá, há pelo menos música na minha cabeça ou nos meus ouvidos. Portanto, é uma grande parte da minha vida e não consigo imaginar viver sem ela.
Às vezes não tenho certeza se estou são ou louco, (risos). Mas tocar, criar e ouvir música ajuda a lidar com a vida, é claro.


M.I. - Como surgiu o contrato com a Uprising! Records? Diriam que ser conhecidos na indústria da música deu uma ajuda?

Quando se está na cena musical há tantos anos, entra-se em contacto com muitas pessoas. Nós e a Uprising entramos em contacto através de um amigo que eu conhecia por causa de outros projetos em que estou a trabalhar. É sempre bom conhecermos pessoal (obrigado Søren).


M.I. - Espero que tournées sejam possíveis este ano... já têm algum plano? Portugal será incluído?

Já tínhamos alguns planos. Mas infelizmente todos eles foram destruídos pela situação atual. Mas esperamos poder subir ao palco assim que as coisas melhorarem novamente.
Só toquei uma vez em Portugal. Foi no poderoso SWR Barroselas Metalfest. Foi muito divertido e eu lembro-me muito bem. Seria ótimo voltar a Portugal. Cruzo os dedos para que um dia possamos ir a Portugal com os Diabolisches Werk.


M.I. - Considerando que vocês são uma banda nova, há alguma mensagem especial que gostariam de partilhar com os leitores da Metal Imperium?

Estes são tempos difíceis para os músicos em geral, mas são realmente difíceis para novas bandas. Por isso, se gostarem do álbum “Beast”, ajudem-nos a divulgar.

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Entrevista por Sónia Fonseca