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Reportagem: SWR Fest - Dia 2 @ Barroselas - 30/04/2022


SWR Arena:  Birdflesh  + Autopsy + Sijjin + Midnight Priest 
SWR Café: Filii Nigratium Infernalium + Simbiose + Equaleft + Alcoholocaust

E veio o segundo dia. A ressaca da jornada anterior ainda era suportável. Geralmente as quebras anímicas, pelo festival, apenas se registam ao terceiro dia. Talvez por esse sentimento, ainda de impunidade, talvez por haver gente ainda a chegar ao fest. O Café encheu cedo para ver o desespero sonoro que é Alcoholocaust.  

O quinteto de black thrash toca como se não houvesse amanhã, ou melhor, como o último barril de cerveja estivesse a terminar, e fosse necessário acabar o concerto para chegar a tempo. Num palco enevoado, foi o caos, entre o som rápido e corpos que eram cuspidos do mosh pit. Para muitos poderá ter sido o melhor concerto daquele palco, para outros, apenas um normal gig de Alcoholocaust.

A mudança de palco, com melhor luz, beneficiou Midnight Priest. Era ainda o segundo concerto para o novo vocalista, que se saiu bem, e não precisaram de enfrentar a plateia desenfreada do SWR Café. O concerto decorreu normal, porventura demasiado cedo na tarde. Mesmo assim suscitaram a curiosidade e foram enchendo o recinto. 

Equaleft, a frio, parecia um nome desenquadrado do cartaz, mesmo que o SWR não lhes seja estranho. Com um groove, por vezes próximas do slam, o colectivo portuense entregou-se ao slot e provou merecer o mesmo. Numa sala demasiado cheia, partiram-se pescoços e suou-se em demasia, com um público rendido aos “húngaros” e com o verdadeiro espírito da Força.

Sijjin foi o primeiro nome internacional do dia. Depois da prestação dos nomes portugueses, ficou pouca margem a estes germânicos que apenas possuem um trabalho, «Sumerian Promises». Estáticos em palco, e sendo um trio, sobrou pouco numa actuação mediana. Ponto alto, para os apreciadores, o shredding de Ekaitz Garmendia, que já integrou a formação em palco de Angelus Apatrida.

De volta ao SWR Café, foi giro ver a forma calmeirona e mais calejada como Simbiose coordenou o caos à volta do seu punk crust. Muita partilha, gestos a convidar à subida ao palco, e sempre tudo de forma relaxada, como apenas fosse mais um dia de trabalho. Observar, na mesma tarde, o caos de uns Alcoholocaust e o fim do mundo controlado de Simbiose, não deixou de ser interessante. Cada um, à sua maneira, soube como agitar corpos. Por esta altura, o SWR Café já era um local impraticável, sempre cheio em demasia e praticamente inacessível a quem chegava dez minutos depois do início.

Autopsy, foi, sem dúvida, a melhor actuação do festival. Sem dúvida que em anos futuros, ficará para memória, nos relatos de anteriores edições. Chris Reifert é um showman, recheado de ironia e capaz de um multi tasking endiabrado. Muita da energia do grupo, vive da prestação do baterista e vocalista. Greg Wilkinson, nova entrada para o baixo, traz também uma dinâmica em palco que é necessária, com o frontman sentado na bateria. Eric Cutler é o riff master e assegura a guitarra na banda, enquanto Danny Coralles se dedica mais à pose. Com Autopsy, o SWR preenche mais uma lacuna na coleção de bandas de death presentes no evento. Cannibal Corpse está mais perto. 

A festa poderia ter ficado por aqui, mas faltava a cartada de Filii Nigrantium Infernalium. O SWR Café novamente se revelou exíguo e Monsignori Belathauzer trouxe uma cerimónia repleta de clássicos, que por vezes ia explicando ao público, e pejada de Heavy Metal no sentido puro do mesmo. No meio do caos, do som menos bom e que oscilava consoante o local da sala, o gig de FNI teve muito para ser memorável.

O encerramento do festival, fez-se com o habitual baile de happy grind, a cargo de Birdflesh. O trio sueco actuou já para uma audiência em debandada, ou preocupada em gastar os últimos steels numa conversa. Afinal eram já três anos desde que muitos se tinham reunido e visto, pela última vez. 


Reportagem por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: SWR