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Reportagem: Resurrection Fest @ Viveiro, Espanha - 30.06.2022 | Dia 2





Ao segundo dia, na realidade o primeiro dia “oficial”, o público do Resurrection já pôde experimentar todos os quatro palcos em plena atividade.


É complicado assistir a tudo, num festival com quatro palcos, alguns a arrancar em simultâneo. Desde logo sofrem mais as bandas locais, porque atraem menos quem viaja de fora. Foi por isso, que para o escriba, a primeira banda em destaque, após o cancelamento de Spiritbox, foi a banda brasileira que usa o nome Sepultura nas suas atuações.  O poder do velho catálogo, ficou logo bem patente ao arrancarem com «Arise» e «Territory». No caso particular da primeira, consegue soar mais pesada, num registo quase hardcore, com a aproximação feita por Derrick Green. Aliás, não fosse o peso do passado, e esta seria uma banda formidável de assistir. Na realidade é, mas fica-se sempre a pensar em algo com os velhos temas, como um filtro que impede a satisfação completa. Pena que entradas e saídas de elementos, tenham causado uma turbulência que empurrou a banda para posições mais baixas no cartaz. Bom concerto de um grupo que tem, cada vez mais, em Derrick Green o motor da banda.


Já no caso do regressados Vomitory, a sua presença no palco Ritual, não resultou bem. Death metal executado a meio da tarde, debaixo de Sol, perde impacto. Com os elementos a moverem-se pouco, transformou-se naqueles momentos de preencher cartaz. Talvez o objetivo fosse mesmo divulgar o regresso deste grupo outrora poderoso, mas que necessita urgentemente de um álbum novo e mais groove no seu death.

Continuando com os grupos que perdem ao atuar debaixo do Sol, e principalmente num palco tomado pelo cabeça-de-cartaz, chega-se a Opeth. Hoje são claramente prog, e os temas mais viscerais até resultam mais melódicos. Perde-se é toda a ambiência e magia de uma sala fechada. Mikael Åkerfeldt, continua bem-disposto e humorado. Fredrik Åkesson está cada vez mais incrível na guitarra e mesmo nos coros, todos os restantes músicos estão em excelente forma. Apenas falta a magia do espetáculo visual. Bom concerto, no entanto, embora sempre com poucos temas, mas nem um concerto de duas horas de Opeth, deixaria satisfeitos os fãs.


Se Vomitory tinham parecido abaixo da média, a presença de Benighted, no Ritual Stage, sublinhou esse problema. Também tocando de dia, os franceses tiveram uma prestação muito superior e enérgica. Um tremendo concerto em que de destacou o vocalista Julien Truchan. O músico agradeceu a entrega do público, mesmo reconhecendo como era difícil ser aceite, entre Opeth e Judas Priest. Quase em simultâneo a esta atuação no Ritual Stage, os belgas Wiegedood, que recentemente nos visitaram, também davam tudo, lutando contra a luz diurna. Menos eficazes que Benighted, eventualmente até mais deslocados, conseguiram arrebatar o público que os foi ver.


Todos os palcos se calaram para o Main Stage quando foi a vez de Judas Priest. Neste dia, era muito o público que claramente queria ver a celebração de cinco décadas de Judas Priest. Claramente não é mais a antiga banda que cruzou os anos 80, ou que regressou com a reintegração de Halford. Scott Travis continua excelente, mas a idade pesa. Tipton e Downing já lá não estão. Ian Hill, permanece o mesmo, sempre no fundo do palco. Halford é o Metal God, mas percebe-se a idade, a dificuldade em movimentar. Mesmo os temas de arranque não foram os melhores para o fã mais antigo que só se animaria com «Freewheel Burning». Para quem chegou a Judas Priest na última década, certamente foi um concerto inesquecível, para os veteranos foi, claramente, uma atuação em que se sentiu o peso da idade. Ver um Halford numa actuação em que disfarça o peso da idade retraindo-se da frente de palco, com passos lentos e vocais reforçados por reverb, custa. Reconhece-se o esforço, mas pensa-se na forma desafiante como entrava em palco ao som de «Hell Bent for Leather». A parte final do concerto e o longo encore foram, no entanto, irrepreensíveis.


Após a atuação da banda de Birmingham vieram uns Dark Funeral brutais, no Ritual Stage, e uns Me And That Man, no Desert Stage, mais próximos de banda de bar, do que se desejava. A opção, já que era preciso escolher, foi de passar mais tempo no palco onde atuavam os autores de «Open the Gates». E assim se encerraria a segunda noite do Resurrection.


Reportagem por Freebird
Agradecimentos: Resurrection Fest