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Reportagem: Rageful, Alpha Warhead, Dercetius e Klatter @ R.C.A. Club, Lisboa – 09.09.2022

Noite de música extrema no RCA, a fazer as delícias de todos os apreciadores destas sonoridades. Quatro bandas nacionais, todas elas distintas, o que alargou o leque de oferta musical e atraiu público em número significativo ao evento. Se os jovens Klatter e os Dercetius ainda estão “verdinhos” nestas andanças, os Alpha Warhead e os Rageful têm acumulado espetáculos atrás de espetáculos, sobretudo nos tempos mais recentes. O curioso é a quantidade de vezes que estas duas últimas bandas têm partilhado os palcos, encontramo-los amiudadas vezes associados aos mesmos cartazes dos eventos.

A juventude dos Klatter não espelha o seu comportamento em palco, pois eles compensam-na com uma entrega digna de ser assinalada. Este sexteto de Santarém entrou em palco pelas 20h30, com uma atitude e uma vontade assinaláveis. O facto de terem três guitarristas ajuda a preencher o seu som que, encontrando-se dentro daquilo que é o metal alternativo, nos soou bastante fresco. O seu primeiro trabalho de originais está para breve, vale a pena estar com atenção aos Klatter.

Seguiram-se os Dercetius com o seu death metal de vertente mais melódica. De salientar que neste quarteto encontra-se Ricardo Pato, guitarrista dos Rageful, que aqui acumula essa função à de vocalista. Tal como a banda anterior, também os Dercetius se encontram em processo de gravação do seu trabalho de estreia. Nesta noite tocaram alguns dos temas a incluir nesse registo, onde se destacam “Lost”, dedicado ao Fábio Abenta, vocalista dos Neuropsy que havia sido assassinado nesse mesmo dia e “The Curse and the Cure”, tema que aborda a luta contra doenças oncológicas e por isso também alvo de dedicatória especial. A prestação dos Dercetius foi boa, especialmente depois de resolvidos ligeiros problemas que incomodaram durante o tema inicial. Oportunidade para ouvir o primeiro single, “Call of Despair”, imediatamente antes da última música, “The Last Enchantment”, que encerrou a sua atuação.

Cada concerto dos Alpha Warhead que assistimos mostra uma banda mais madura, bastante segura de si. A experiência adquirida ao longo das suas inúmeras atuações proporciona-o e quem assiste fica seguramente a ganhar com isso. Em pouco mais de 30 minutos os thrashers nacionais deram um concerto que teve o condão de agarrar a audiência do primeiro ao último minuto. Os temas a apresentar é que não são muitos, para além de serem rápidos, o que leva a banda a ter que tocar uma ou outra cover. Nada que pareça incomodar quem assiste. “Bullets of Hate” não podia faltar, assim como os temas dos seus dois singles, “Code Red” e “Fuel to the Fire”. Chegando à parte final e às já mencionadas covers, de salientar “Silent Scream” dos Slayer e “Troops of Doom”, clássico dos Sepultura, com um convidado muito especial, Lucas Bishop vocalista dos Downfall of Mankind, que viria a encerrar a atuação, havendo ainda direito a efeitos pirotécnicos no baixo de Pedro Silva.

A sala estava muito bem composta quando os Rageful subiram ao palco. São uma das bandas do momento, já o havíamos referido aquando da recente entrevista aqui publicada, sendo que o seu death metal parece continuar a conquistar adeptos. O seu álbum de originais, Uneptitude está recheado de temas que, pela sua qualidade, resultam muito bem ao vivo. “Feed the Pigs” deu início a uma atuação que teve bastante circle pit entre a assistência e até stage diving. “Slavery Ways” foi dedicada ao Fábio e quem pensar que a música extrema não consegue abordar temas delicados deveria atentar nas letras de “Femme” e livrar-se desse preconceito. Com exceção de um dos seus temas, Uneptitude foi tocado na integra, com a surpresa de “Inhuman Greed” ter contado com a presença de Diogo Garcia, guitarrista dos Alpha Warhead, que foi “orgulhosamente” dar uma ajuda. “Portugal the Torch” encerrou mais uma fantástica atuação dos Rageful, que já merece a inclusão de material novo.

Esta parceria Xxxapada na tromba e F.F.C. continua a proporcionar momentos musicais bastante aprazíveis como o vivido nesta noite. Apesar dos muitos concertos que aconteceram nesse dia, um pouco por todo o país, o RCA apresentou uma boa casa.

(ver mais fotografias do evento, aqui)


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Rita Almeida

Agradecimentos: First Five Core