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Reportagem: Apocalyptica, Epica e Wheel @ Coliseu dos Recreios, Lisboa – 14.02.2023


Evento adiado por diversas vezes por motivos relacionados com o COVID 19, foi preciso esperar por este dia de namorados de 2023 para que pudéssemos finalmente assistir a esta tour conjunta dos Epica e Apocalyptica. A noite estava fria, mas não o suficiente para afastar o mar de gente que encheu o Coliseu. Primeira parte a cargo do Wheel, banda finlandesa que já nos tinha visitado num passado recente.

Talvez não estivessem à espera de uma tão numerosa audiência. Quando os Wheel subiram ao palco, pontualmente às 20h00, já a sala do Coliseu se apresentava muito bem composta. Apesar de não serem muito conhecidos do público nacional, este deixou-se encantar pela sonoridade menos direta do quarteto finlandês. O seu prog metal não é tão direto, é verdade, não entra à primeira, mas de uma forma geral, conquistou quem assistia. Foram apenas 20 minutos de atuação, preenchidos por 4 temas, que terminaram da melhor forma com a música “Wheel”.

Não decorreu muito tempo desde que os Epica fizeram a sua última aparição no nosso país. O facto de ter sido num festival de verão, num concerto a céu aberto, não ajudou a que a voz de Simone Simons soasse tão perfeita quanto esta noite no Coliseu. Nesta noite ela esteve irrepreensível. O desfilar de hinos de heavy metal sinfónico teve início com “Abyss of Time – Countdown to Singularity”, que conquistou de imediato a assistência. A legião de fãs da banda holandesa marcou presença em peso e ia cantando cada tema que era interpretado. O magnifico espetáculo visual que se desenrolava em pano de fundo dava o ambiente necessário, assim como a enérgica atitude de todos os elementos da banda, que contagiava quem assistia. O teclista Coen Janssen chegou mesmo a saltar do palco para uma maior aproximação à assistência. O concerto desta noite encerrava a primeira parte desta tour e marcou a estreia dos Epica no palco do Coliseu, algo que eles fizeram questão de lembrar. A interpretação de “Rivers” foi mágica. Este tema calmo, manteve todos em suspenso, como que hipnotizados pela voz de Simone. Os clássicos continuaram a ser interpretados e “Beyond the Matrix” pôs toda a sala a saltar. Antes do tema final, “Consign to Oblivion”, foi pedida uma wall of death. Também aí, o público respondeu de forma positiva ao desejo da banda, dando início até a um moshpit que se estendeu até ao final da atuação.

Mal-amados por uns, adorados por outros. Os Apocalyptica talvez não tenham sido devidamente compreendidos quando começaram funções há 30 anos atrás. Souberam, no entanto, conquistar o seu espaço quando mostraram ser muito mais que uma banda de covers. A sua capacidade de composição é assinalável e os seus temas ganham outra projeção quando são cantados e acompanhados por bateria. O concerto desta noite teve início com a instrumental “Ashes of the Modern World”, mas não foi preciso esperar muito até que Franky Perez se juntasse a eles para cantar a música “I´m Not Jesus”. Depois das habituais saudações, foi anunciada uma surpresa, que não foi nada mais, nada menos, que a chamada de Simone Simons novamente ao palco para interpretar com a banda finlandesa o tema “Rise Again”. Franky Perez, que é um excelente vocalista, revelou-se também um grande baterista ao substituir Mikko Sirén nesse instrumento durante o tema “Shadowmaker”. As já referidas covers estavam guardadas para a ponta final do espetáculo e foram servidas de enfiada. “Nothing Else Matters” foi a primeira, com toda a sala a cantar a uma só voz, num momento arrepiante. Seguiu-se “Inquisition Symphony”, dos Sepultura e o regresso aos Metallica com “Seek and Destroy”. O encore foi ao som da apropriada “Farewell” e “In the Hall of the Mountain King”.

Não é todos os dias que temos oportunidade de assistir a uma banda que interpreta metal sinfónico, tendo como principal instrumento o violoncelo. Os Apocalyptica proporcionam essa agradável experiência e são sinónimo de bons concertos. Os Epica foram as outras figuras da noite e se fossem eles a última banda a atuar, o grau de satisfação do público não teria sido muito diferente. Os Wheel também tiveram uma atuação muito agradável.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: House Of Fun