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Myrkur - "Ragnarok" Review


Myrkur começou a sua carreira com o EP que se enquadrava numa sonoridade crua e agressiva, claramente black metal, de inspiração Darkthrone, mas não só. Desde então, começou a enveredar pela sonoridade mais folk. O que nos leva ao, ao presente álbum que serve como banda sonora para a peça “Ragnarok” apresentada no “Royal Theatre” na Dinamarca. Trata-se de um álbum conceptual, em que cada faixa nos parece apresentar uma personagem distinta.

O tema instrumental que abre o álbum, apenas com instrumentos tradicionais e soundscapes é algo que nos remete para o universo de bandas como os Wardruna, ou Heilung. Mas as semelhanças acabam aqui, o segundo tema “Krigersang”, de uma sonoridade black metal, que relembra os dois primeiros lançamentos da artista. Por sua vez, “Odins Sang” é um tema simples, apenas com coro a duas vozes (com Maja Shining, dos Forever Still) e percussão. De seguida, “Jatternes Sang” começa com uma atmosfera ameaçadora, com a voz num tom grave, distorção pesada e uma sonoridade agressiva. 

É aqui que Ragnarok se torna num disco apelativo, com nuances sonoras que oscilam entre géneros, como que espelhando a carreira de Myrkur. Com efeito, este lançamento parece resumi-las, passando por todas as sonoridades que explorou, do black metal de Myrkur e M ao folk em Folkesange. Temos temas como “Kampsang” em que elementos de black metal e a forma de cantar folk se misturam, um pouco como fez em Maredit; sublinhe-se que a bateria de Kristian Uhre ajuda a destacar essas mudanças de dinâmica na música.

Note-se pormenores como “Livs Tema”, que é todo tocado ao piano, algo que já sucedeu em temas passados (todo o seu disco M foi disponibilizado em pautas para piano). Por outro lado, os efeitos usados nas guitarras em “Hells Sang” lembram os Garbage no seu primeiro disco, curiosamente. Há uma certa aproximação com a sonoridade de Sylvaine, nomeadamente com o álbum Nova, o seu álbum mais recente, em especial se tivermos em conta o recurso aos coros de vozes. O melhor exemplo desta parecença está em “Balders Tema” em que só temos a voz de Myrkur e teclados.

Concluindo, Ragnarok é um álbum que descreve uma viagem, em que conhecemos várias personagens, cada uma com a sua personalidade traduzida em músicas distintas. Por essa viagem, temos interlúdios como o instrumental “Modgunns Tema” ou “Livs Tema” em que há tempo para descansar antes de passarmos à etapa seguinte. É uma viagem que merece ser percorrida várias vezes.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar