Senhores de uma discografia bastante aplaudida, os Saturnus voltam finalmente em 2023 com mais um lamento soturno de longa duração, depois de um hiato de 9 anos, que separou este "The Storm Within" do anterior "Saturn in Ascension".
Desde os primeiros acordes que o coletivo dinamarquês nos mostra ao que vem, ao presentear-nos com um doom/death melódico feito com mestria, que embora não tenha muito de inovador, é bastante eficaz. Nesse primeiro tema, por sinal a faixa título, ouvimos como conseguem fundir um elegante acorde de teclado com arpeggios de guitarra repetitivamente, quase como se nos hipnotizar, até explodirem com a distorção e os seus já conhecidos leads melancólicos e oníricos. E com isto o mote está dado para quase uma hora de desespero, desolação e porque não dizê-lo, de beleza.
Ao terceiro tema, "The Calling", aceleram um pouco o compasso, sem, no entanto, comprometer a génese do álbum e dos próprios Saturnus. Aliás, é importante mencionar que o lead principal desta composição é simplesmente delicioso e promete ficar na nossa cabeça por muito tempo. De seguida, "Even Tide", traz-nos a grande surpresa do álbum, numa delicada composição, onde o piano, o violino e as vozes de Thomas Jansen e do convidado Paul Kuhr (Novembers Doom), nos embalam durante quase 8 arrepiantes minutos de pura emoção. Um excelente tema, a capturar muito aquilo que os My Dying Bride fizeram em "For My Fallen Angel", mas com uma identidade própria.
No fundo "The Storm Within" é um ex-libris deste género, para o bem e para o mal. Se é verdade que os predicados estão bem à vista de todos, também não será errado admitir que, dificilmente, este trabalho irá fazer novos adeptos. Inclusivamente ao escutá-lo, se a disposição não for a correta, poderá tornar-se numa escuta bastante monótona e até mesmo um pouco aborrecida. Afinal de contas, dinamismo e variedade não abundam na música dos Saturnus.
Em suma, os Saturnus estão claramente de volta, mostrando que este género ainda tem algumas cartas na manga, quando feito de forma tão eficiente.
Nota: 8/10
Review por António Salazar Antunes
