About Me

Decoherence - “Order” Review


Decoherence, banda formada em 2018, é composta por um trio sediado no Reino Unido e que partilha dois dos seus elementos, Stroda (multi-instrumental) e Prior (electrónica), com Infants Of The Afterlife, projeto onde temos Marcos Martins responsável pelos vocais. Mas a ligação de Decoherence a artistas portugueses não se esgota aí, pois temos também Maria Carolina Mendes como autora da arte na capa do álbum. Ou seja, a boa impressão deixada pelos dois álbuns anteriores desta banda e poder dar destaque a artistas nacionais constituíram boas razões para elaborar uma review sobre Order.

Emergindo do mais retorcido abdómen do black metal, a música dos Decoherence tem vindo a infectar-nos com punções de industrial, atmosférico e death metal.  Este seu terceiro álbum começa com a faixa “Closed Timelike Curves”, e somos imediatamente relembrados das configurações icónicas de Blut Aus Nord na sua faceta mais industrial. Mas a faixa rapidamente acelera, passando depois por incursões atmosféricas, deixando claro o cunho próprio da banda. Segue-se “An Unconfined System” com a qual passamos a uma tónica bem mais furiosa e assoladora, especialmente devido aos blast-beats impiedosos e aos guturais desesperados de Tahazu, que parecem ecoar de uma caverna. Alguns minutos mais tarde, o ritmo abranda, mantendo uma sensação de etéreo e asfixia. Ambiente esse que resulta muito do trabalho na electrónica de Prior, e de uma wall of sound extremamente densa ao longo de todo o álbum. Chegando a “With No Pre-Existing Direction”, esta dá continuidade ao tipo de registo nas faixas anteriores, mas com leads de guitarra mais límpidos e de maior brilho, abrindo uma dimensão mais melódica.

Chegando à segunda parte da jornada, com outras três faixas, começamos a sentir alguma repetição. Notamos que no álbum ficou menos desenvolvida a composição de cada música, o que cada uma traz em particular, e de como as várias faixas se orquestram num todo. Alguns momentos de “Quintessence Field” e de “Degenerate Ground States” tentam vencer essa falta, mas conforme avançam, perde-se o efeito de singularidade, pois os riffs das secções mais rápidas não são diferenciados o suficiente. 

Perante a quantidade avassaladora de música a que estamos expostos, e perante as muitas semelhanças entre bandas, acaba por ser fulcral saber reter e surpreender o ouvinte. Para isso, muito contribui o “storytelling” do álbum e das faixas, de forma a criar expectativa, tensão ou catarse nos momentos certos, evitando usar em demasia as mesmas expressões, sob o risco de perderem efeito. Mas o balanço final é positivo, e Order faz valer a pena a atenção que lhe dedicarmos pois consegue oferecer-nos dinamismo, riffs e leads magnetizantes o suficiente. No final de contas, são essas partes memoráveis que nos fazem regressar aos álbuns, e Order tem bastantes para desvendar.

Nota: 7/10

Review por Luna