“Fedrekult” começa com bateria de Havard Takle Ohr a lembrar black metal, depois começa o rock direto, mas sempre com a voz de Ivar Nikolaisen rasgada. As harmonias das três guitarras são bastante interessantes e preenchem bem o fundo. “Dogeniktens Kvad” começa com um riff ao estilo de Primus antes de entrar a voz, mas o principal destaque vai para o final da música com apontamentos de órgão e sinos.
Um dos aspectos mais importantes a ter em conta neste álbum é a forma como todos os instrumentos estão equilibrados na mistura, desde as várias harmonias de guitarra, ao baixo de Maciek Nygaard (que se destaca na introdução de “Endling”) e aos ocasionais teclados. Os solos de guitarra são incrivelmente bem executados e os apontamentos de guitarra acústica em determinados pontos da música são bem-vindos: a bridge instrumental de “Endling”; a introdução de “Svart September” (que nos dá a falsa sensação que nos espera uma balada). Destaca-se ainda o recurso a percussão além da bateria como o shaker em “Svart September” e os sinos em “Dogeniktens Kvad” (neste último, o órgão é extraordinário).
Rock com influências stoner e black metal é o temos com este lançamento (este último especialmente na voz, e por vezes na bateria). Temas como “Mostols” ou “Likvoke” lembram Queens of the Stone Age da fase Songs for the Deaf e Lullabies to Paralyze. As letras são, segundo a banda, inspiradas na vida do norueguês Helmut Von Botnlaus que vivia recluso na floresta norueguesa (principalmente no tema “Skoggangr”), mas sendo cantadas na língua nativa dos noruegueses, o principal enfoque do ouvinte será a música (a rebeldia central no rock é evidente nesta escolha de tema lírico).
Com “Morild”, que encerra o disco, temos as harmonias a três guitarras e o ritmo bem acelerado, numa sonridade reminiscente dos Mastodon da fase encapsulada no EP A Cold Dark Place (2014-2017). É um disco rock que vai buscar inspiração a outros géneros, mas que se mantém fiel à sua matriz (como um bom exemplo de um álbum de inspiração revivalista nesta veia, recomendo o EP Receive de Nocturno Culto’s Gift of Gods).
O clima de festa e adrenalina está presente em todo o disco. Assim, é um álbum que se ouve bem do princípio ao fim, embora se sinta a falta de um momento para recuperar o fôlego. Concluindo, Endling é um álbum de rock de excelente qualidade, por um lado, mas por outro, peca pela falta de variação nos arranjos das músicas. Destacam-se “Kroterveg te Helvete”, “Likvoke” e “Morild” como os temas mais fortes do álbum, assim como o trabalho dos guitarristas Vidar Landa, Bjarte Lund Rolland e Maciek Ofstad, que ocupam o papel central no som do álbum.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar