Os verdadeiros fãs de heavy metal não perderam a oportunidade de assistir ao concerto de uma das bandas, ainda no ativo, com mais peso dentro desse universo musical. Falo logicamente dos Rage, banda alemã que marcou as décadas de 80, 90 e ainda o início deste século. Com uma discografia impressionante, não só pela quantidade e qualidade, mas sobretudo pela regularidade com que desde o início da sua longa carreira lançam os seus trabalhos, eles fizeram-nos nova visita, para provarem a todos que continuam a dar cartas.
A primeira banda a atuar nesta noite foram o Tri State Corner que, para quem não sabe, são um projeto que tem como vocalista, Vassilios “Lucky” Maniatopoulos, baterista dos Rage. Estas duas bandas até já tinham atuado juntas em Portugal naquela que foi a 13º edição do Milagre Metaleiro, mas esta não é uma simples banda paralela. Apesar de terem membros originários de três países diferentes – Grécia, Alemanha e Polónia -, os Tri State Corner existem há cerca de 17 anos, mantendo sempre a sua formação original. Outra curiosidade reside no facto de usarem um instrumento pouco comum, o bouzouki, que se assemelha muito a um alaúde. Este instrumento é peça fulcral no rock melodioso deste quarteto e é tocado com mestria por Ioannis Maniatopoulos. As músicas entram facilmente no ouvido e o público pareceu gostar. Destaque para “Tomorrow Land”, “Daydreamer” e para a mais acelerada “Stereotype”, que encerrou a sua atuação.
Seguiram-se os Dark Embrace que vieram de Espanha para mais um concerto de death metal de cariz melódico. A banda espanhola tem marcado presença nos nossos palcos com manifesta regularidade e esta foi mais uma oportunidade para os escutar. O vocalista Oscar Rilo interpreta os temas usando duas vozes diferentes, como se estivesse a travar um diálogo, um pouco à imagem do que King Diamond faz, se bem que com timbres de voz completamente diferentes. Apoiados num baterista muito competente e num bom guitarra solo, os temas dos Dark Embrace resultam muito bem ao vivo. O ponto alto ficou guardado para o final, altura em que a banda interpretou 3 temas que são um hino ao heavy metal: “Metal is Religion”, “Metalhead ´Til I Die” – com os dois guitarristas a tocarem entre o público - e “Dark Heavy Metal”.
Desde o início do evento que a sala do RCA esteve bem composta. Mais de metade da capacidade o que, para um dia de semana, é bastante significativo. Quem compareceu pôde ver ao vivo e a cores uma lenda viva do heavy metal, o simpático Peter “Peavy” Wagner. Acompanhado por Vassilios (agora na bateria) e por um endiabrado guitarrista, de seu nome, Jean bormann, o trio apostou numa visita a muitos dos clássicos que a banda reuniu ao longo dos seus 37 anos de carreira. “Resurrection Day” foi a exceção, pois após esse tema deu-se início a uma viagem no tempo que percorreu temas que se tornaram incontornáveis na história do heavy metal. “Solitary Man”, “Nevermore” e “Refuge” são apenas alguns deles e foram cantados com alegria por todos os presentes. Com um conhecimento da língua portuguesa que se resumia a “obrigado”, Peavy Wagner foi sempre comunicando com o público, muitas vezes sem necessitar de introduzir os temas. Assim que se escutavam os primeiros acordes na guitarra de Jean, eles eram imediatamente identificados. As músicas mais recentes que o trio interpretou foram “A New Land”, que juntamente com “Resurrection Day”, foram extraídas do novo álbum.
Nos dois últimos temas da atuação dos Rage a voz de Peavy Wagner foi quase abafada pela do público que também quis cantar a plenos pulmões “Don´t Fear the Winter” e “Higher than the Sky”, naquela que foi uma memorável noite de heavy metal. Uma palavra final para o atual guitarrista dos Rage, Jean bormann, um virtuoso que faz lembrar Zakk Wylde nos seus primeiros tempos com Ozzy.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por João Neves
Agradecimentos: Hugo Fernandes – Metals Alliance