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Sadus - “The Shadow Inside” Review


As associações / ligações entre músicos têm uma importância cabal no nosso processo de descoberta de novas bandas. Já tiveram mais numa altura em que a Internet não estava tão disseminada pela nossa sociedade, mas ainda têm a sua relevância. Tal como estou certo que aconteceu com outros leitores este humilde escriba descobriu esta banda, após apreciar imenso a prestação de Steve DiGiorgio no Human e no Individual Thought Patterns dos Death, e ir à procura de outros projetos em que este virtuoso do baixo tivesse participado. 

Foi portanto com uma dose muito substancial de cepticismo que encarei este lançamento sobretudo depois de ler que este músico não iria participar nas gravações deste trabalho, creio que por não querer abandonar os muito mais populares e lucrativos Testament. Os outros membros fundadores Joe Allen na Bateria e Darren Travis na Voz / Guitarras decidiram praticar uma manobra à lá Inquisition e continuar o projeto sem baixista. Darren assume esse papel em disco, com competência, pois o trabalho de guitarra não é nada simples e acompanha-lo no baixo não é tarefa corriqueira, se bem que em termos de produção o baixo é quase inaudível, talvez por seguir demasiado as linhas de guitarra. Não sei se o Lars dos Metallica passou pelo estúdio durante as gravações, pensando que era o Jason Newsted que lá estava….

Felizmente com a excepção do baixo serpenteante de Steve, que tem a capacidade única de se fazer ouvir, mesmo no meio de uma descolagem de um Boing, os restantes predicados desta banda estão presentes. Ritmos de bateria em compassos alucinantes, segundados na perfeição por riffs de guitarra desconcertantes, mas sempre dentro de uma estrutura bem definida.

Aliás estes senhores desde o primeiro trabalho que nos apresentam uma excelência composicional acima da média. Bandas como Kreator, Destruction ou Sodom demoraram pelo mesmos três trabalhos até refinarem o seu ataque e tocarem solos dentro da afinação e manterem todos os integrantes dentro do mesmo compasso. Embora tenha que admitir que essa falta de disciplina também tem o seu apelo e define muito daquilo que foram os primórdios do metal mais extremo.

Quer seja em tempos mais rápidos ou mais cadenciados, estes senhores têm sempre uma intensidade assinalável pontificada pelas vociferações de Darren Travis. Além disso os seus solos de guitarra também têm uma riqueza composicional, que os diferenciam de outros solistas de bandas extremas.

Um trabalho multifacetado, e com ideias suficientes para caber em pelo menos 3 trabalhos de músicos menos dotados. Serão portanto necessárias várias audições para perceber o que está a ser tocado por estes músicos a cada momento deste álbum.

Não será o melhor trabalho, mas para quem perdeu um membro fundador e um dos seus principais compositores, é um trabalho de thrash / death metal técnico que está muito longe de ser uma desilusão e que nos deixa prever um futuro auspicioso para esta banda. 

Nota: 7/10

Review por Nuno Babo