O segundo álbum dos Bloodbark vem no seguimento de Bonebranches de 2018, um dos primeiros álbuns cuja review fiz para esta publicação, daí a minha curiosidade em ver como havia evoluído o som do coletivo anónimo. Ora, a sua sonoridade é marcadamente black metal, mas introduz, logo no primeiro tema elementos de shoegaze, com teclados e efeitos na guitarra, o que torna a sonoridade do coletivo mais interessante e dinâmica.
Estamos perante um lançamento com mais maturidade, sempre próximo dos Alcest, com a voz limpa e ambiente sonoro no seu geral. No entanto, a produção crua torna mais difícil apreciar os detalhes. Quando chegamos a “From Ash to Dust to Pollen”, as teclas assumem a melodia, antes de entrar a bateria frenética e as guitarras distorcidas, mas a voz é engolida pelos restantes instrumentos antes da bridge mais suave; o recurso a teclados é extenso ao longo de todo o tema, com apontamentos de piano.
O terceiro tema, “Glacial Respite”, trata-se de um interlúdio instrumental que divide o disco ao meio, e acaba por ser o tema mais interessante do álbum, muito em virtude da melodia de piano que vai guiando o ouvinte (relembra os temas de piano a solo dos Fleshgod Apocalypse). Quando entra o tema seguinte, “The Augury of Snow” regressa a sonoridade abrasiva, com apontamentos melódicos interessantes de guitarra limpa. Trata-se de um tema que relembra os finlandeses Cosmic Church, uma das bandas mais interessantes neste subgénero (o chamado black metal atmosférico).
O disco é encerrado por “Grievers’ Domain”, um tema interessante em termos dos apontamentos de guitarra, com a voz abrasiva ao centro. Apesar de se ser um tema longo (na verdade, o mais longo do álbum) é bastante cativante e consegue manter a atenção do ouvinte. Um dos pontos altos é a bridge com as guitarras limpas e o baixo (audível) a assumirem o papel principal (aqui aproximam-se do post-rock dos Isis ou Red Sparowes), ao fim da qual regressa voz em registo gritado e limpo.
No seu todo, The Sacred Sound of Solitude é um álbum mais ambicioso que o seu predecessor e consegue bravar mais terreno sonoro, por um lado. Por outro lado, os Bloodbark mantêm-se próximos daquilo que é feito por outras bandas na sonoridade black gaze, como os Deafheaven ou Alcest, sem conseguirem criar uma identidade própria. Estamos perante um álbum contemplativo e agressivo que mostra que os Bloodbark poderão ainda ir mais longe se continuarem a ampliar os seus horizontes sonoros, tendo demonstrando um crescimento e maturação sonoros neste segundo registo.
Nota: 7/10
Review por Raúl Avelar