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Entrevista aos Gwydion


São um nome importante no Metal português e têm conquistado sucesso além-fronteiras. Tivemos o prazer de falar com o Daniel César (teclista e um dos fundadores da banda), para conhecermos a história do grupo. Falámos um pouco acerca: do contrato com a editora Trollzorn (no que respeita a Folk/Viking Metal); da tournée com grandes nomes, como os Týr; o facto de fazerem parte de um evento, em Inglaterra e ainda sobre o novo álbum. 

M.I. -  Obrigada por responderes a algumas das nossas questões. Podes falar um pouco da vossa história e qual o teu papel na banda, por favor?

Antes de mais, obrigado nós pela entrevista e continuação do bom trabalho desenvolvido. Sou o Daniel, teclista dos Gwydion e um dos membros fundadores da banda. Os Gwydion são uma banda de Folk/Viking Metal que existe desde 1995 que, como é óbvio, já passou por diversas peripécias e aventuras no seu trajeto, tendo até à data 4 álbuns lançados.


M.I. -  A vossa aventura começou em 1995 e são uma banda de Folk/Viking Metal. De onde surgiu a ideia de formarem a banda?

Bom, a banda começou inicialmente em casa, juntamente com o meu irmão (Vítor) que já não está na banda desde 2011, onde começamos a compor algo. Depois, em Fevereiro de 1995, conheci, na minha turma de escola, o antigo vocalista (Rúben) e decidimos começar a ensaiar um pouco na brincadeira. As coisas começaram a fluir com entusiasmo e completamos a formação da banda, período este que durou até 1998, quando fizemos os nossos primeiros concertos em escolas e eventos locais! A partir daí, saíram 3 membros da formação inicial e começou uma nova era, entrando para as nossas fileiras o guitarrista Kaveirinha, que ainda dura até hoje como eu na banda.


M.I. -  Os vossos temas abordam a mitologia nórdica, celta e mitologia da História Portuguesa. Há alguma história portuguesa, que queiram partilhar connosco. Uma que considerem fascinante?

Bom, nós temos uma história tão rica, que é complicado isolar e escolher uma, mas focando-me no nosso último trabalho, gosto de destacar o que anda à volta da “Thirteen Days”. Foi muito interessante explorar a História do Cerco, que foi feito pelo povo nórdico, durante 13 dias no nosso País. Tem um significado especial, porque normalmente perguntam-nos sempre do porquê de falarmos da cultura nórdica, como se não houvesse nenhuma ligação com Portugal… mas creio que ficou bem explícito nesta música que, de facto, existiu algo que comprova o contrário. 


M.I. -  O que vos influencia musicalmente e liricamente?

Isso vai variando muito ao longo dos anos, nunca estamos estagnados sempre a ouvir a mesma coisa, por isso vamos bebendo aqui e ali as nossas influências com o evoluir dos tempos. Mas essencialmente ouvimos os mais variados sub-géneros dentro do Metal, desde o Folk/Viking ao Black/Death e, musicalmente, acho que isso se reflete um pouco nas nossas músicas, que contêm um bocado de tudo dentro do Metal… e, para além disso, a componente épica que gostamos de ir buscar a bandas sonoras e afins! Liricamente, não sou a melhor pessoa para responder a essa questão mas, com a entrada do Pedro, creio que ele desenvolveu um excelente trabalho no “Thirteen” ao fazer uma “divisão” entre a cultura nórdica e a nossa história. Nós somos uma espécie de “historiadores”, não nos vamos cingir apenas a uma cultura, gostamos de explorar e conhecer mais dos nossos antepassados e tentar transpor essas histórias para novas músicas. 


M.I. -  Em 2007, assinaram contrato com a editora Trollzorn. Como se deu a oportunidade de terem assinado por uma editora especializada no género praticado pela banda?

Bom, resposta muito simples. Voltando para 2007, havia sem dúvida a melhor plataforma para bandas que já existiu: o MySpace. Tínhamos na nossa página alguns temas de demos e, a partir daí, surgiu naturalmente um convite por parte da Trollzorn, o que na altura nos deixou bastante orgulhosos e o qual, obviamente, aceitamos. Ainda hoje mantemos contacto com eles, pois ficou um legado de 2 álbuns e uma boa amizade.


M.I. -  O mesmo abriu-vos, de algum modo, portas a nível internacional?

Sem dúvida, com o lançamento do nosso primeiro álbum “Ynys Mon” através de uma editora alemã, projetou a banda, não só internacionalmente, mas também a nível nacional. Foi, a partir daí, que começaram a olhar com outros olhos para a banda e a darem mais valor ao nosso trabalho. É assim que as coisas normalmente funcionam.  


M.I. -  Achas que a banda beneficiou, de algum modo, por ter feito parte do catálogo da editora?

Sim, numa primeira fase, isto é, tirou a banda um pouco do anonimato e deu aquele empurrão necessário mas, ao mesmo tempo, acrescentou-nos uma responsabilidade enorme de fazer um sucessor digno do primeiro álbum. Ainda hoje lembro-me perfeitamente, em 2009, depois da tournée, as “mil ideias” que tínhamos para incluir no “Horn Triskelion”. Conseguimos apenas pôr algumas, pois estávamos todos a fervilhar de ideias e conceitos. Foi um álbum que faz agora 10 anos e foi, sem dúvida, o que mais prazer deu fazer... não tirando, como é óbvio, os seus dignos sucessores que, para mim, musicalmente, estão mais evoluídos!


M.I. -  No ano seguinte (2008), integraram a tournée Ragnarok Aaskereia, da editora Napalm Records, onde partilharam palco com nomes importantes, como os Týr e Alestorm. O que podem contar-nos sobre essa experiência e como correu?

Foi ótimo, uma das experiências de vida que todas as bandas deveriam experienciar. Foram cerca de 20 e tal concertos em 9 países diferentes, juntamente com bandas de renome, como as que referiste. Aprendemos coisas tão simples com Týr como, por exemplo, assistir à forma como faziam o soundcheck, de forma meticulosa em cada concerto. Para além dos concertos e de tocar em algumas das melhores salas por essa Europa fora, ficou o excelente ambiente de convívio entre todas as bandas. Ainda hoje falamos com membros de Svartsot, Hollenthon, Alestorm e Týr e, todos são unânimes, considerando que aquela foi umas das tours que ficou para a história!    


M.I. -  Tocaram em Pindelo dos Milagres e gravaram um vídeo ao vivo de nome “Strength Remains”. Porque é que optaram por gravar o vídeo no Milagre Metaleiro?

Apenas uma correção, o vídeo é gravado em 2 locais, no Pindelo e no Laurus. Vivemos numa era de conteúdos digitais, em que as pessoas procuram mais e mais vídeos e afins, portanto temos que ir lançando músicas, videoclips, notícias e curiosidades acerca da banda. Temos de estar sempre ligados às redes sociais, de modo a manter a banda ligada aos fãs.


M.I. -  No próximo dia 29 de novembro de 2020, participarão no HRH Vikings III, em Inglaterra, com grandes nomes como, por exemplo, Ensiferum. É uma grande façanha, não concordam?

Sim, é de facto um dos grandes festivais na Europa, relativamente ao estilo de Folk/Viking Metal e é sempre um privilégio fazer parte de um cartaz que contém as melhores bandas deste estilo musical e, para nós, Gwydion, vai ser um marco importante. Esperamos mostrar a nossa música e toda a garra em palco com a nossa passagem por este festival! Vai ser a nossa primeira presença no Reino Unido, portanto, isso também é muito importante para nos estabelecermos e conquistar novos fãs!


M.I. -  Assinaram com a Art Gates Records e, em novembro de 2020, lançarão novo álbum. Quais as expectativas para o novo álbum e para o lançamento, pela nova editora?

As expectativas são sempre enormes. Sempre que preparas um álbum, tens sempre a ideia de que este é que é a “obra-prima”, juntando essa vontade com uma nova editora, tem tudo para correr bem.  


M.I. -  Pensam ficar mais conhecidos fora de portas?

Esse é um objectivo constante, claro que com um novo álbum e com uma editora estrangeira, temos sempre a esperança de alcançar novos fãs e obter novos contatos dentro da indústria da música. Mas lá está! A banda faz 25 anos, temos os pés bem assentes na terra e não temos ilusões nem deslumbramentos, sabemos bem o que o que podemos obter, e vamos aguardar que coisas boas apareçam naturalmente!


M.I. - Como estão a decorrer as gravações? Podemos esperar evolução na vossa sonoridade ou continuidade relativamente aos vossos últimos trabalhos?

Temos praticamente o “esqueleto” das músicas montado e iremos entrar em estúdio em junho para as gravações. Evolução esperamos sempre alcançar, esse é um dos propósitos de termos uma banda, procurar sempre fazer melhor que o álbum predecessor. A sonoridade claramente vai soar a Gwydion, isso é o que podemos prometer aos nossos fãs, mas tentaremos sempre inovar com alguns elementos diferentes.


M.I. -  Podemos esperar alguma surpresa? Algum convidado, uma cover ou algo do género que já possam revelar?

Bom, ainda é prematuro chegar a esse detalhe, normalmente, consoante o progresso das gravações do álbum vão-nos surgindo essas ideias mas, por norma, não gostamos de o fazer apenas por ser moda ou ser “engraçado”, mas apenas se nos fizer sentido no contexto do trabalho que vamos apresentar. Vamos ter que aguardar mais um pouco, mas sempre que pudermos, vamos revelando alguns detalhes!  


M.I. -  Mais uma vez obrigada e espero que o novo álbum seja tão bom quanto os anteriores. Alguma mensagem para os nossos leitores e fãs da banda?

Mais uma vez, obrigado em nome dos Gwydion por esta entrevista. A nossa promessa é que o próximo álbum vai ser intenso e épico como nos caracteriza. Será mais um capítulo na nossa história e contamos com todos os nossos fãs, para partilharem connosco todos os sucessos e conquistas! Horns up e obrigado!

Entrevista por Raquel Miranda