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Entrevista aos WAKO


Os nacionais WAKO são uma banda que já dispensa apresentações. Em 2007 lançaram "Deconstructive Essence", um marcante álbum de estreia e em Abril deste ano lançaram o seu digno sucessor, intitulado "The Road of Awareness", mais um excelente disco que mostra a evolução musical de um colectivo em franca ascenção. Saibam mais sobre os WAKO e o novo disco lendo esta elucidativa entrevista que fizemos com o vocalista Nuno Rodrigues.

M.I. - "Deconstructive Essence" foi um álbum de estreia muito bem recebido. Sentiram a pressão de tentar igualar ou superar esse disco?

Boas. O primeiro álbum foi um marco muito importante na nossa carreira musical,revelou nossa sonoridade a um maior número de público e catapultou-nos para um patamar significativo no meio musical nacional, com certas repercurssões também no meio internacional. Por certo sentimos uma maior responsabilidade ao fazer este novo disco, mas de forma alguma condicionou nossa percepção artística ou liberdade criativa. A nosso parecer, sentimos que superámos o trabalho envolvente do primeiro álbum.


M.I. - Na hora de compor, pensam no que os vossos fãs irão pensar, ou fazem música apenas para vos satisfazerem?

Em determinada altura da etapa criativa, surgem efeitos colaterais, de certa forma projectados inconscientemente. Por exemplo estamos no apogeu de culminar a construção de um refrão, e de maneira colectiva olhamos uns para os outros, sentimos e dizemos "isto vai ser brutal ao vivo, ou que refrão magnífico, vamos alojar esta melodia no subconsciente do público e vamos faze-lo cantar estas harmonias". Mas é tudo derivado de um processo muito natural, criamos com sensibilidade artística, num regozijo muito individual, mas sabendo no fundo que iremos provocar júbilo em certos ouvidos e mentes.


M.I. - Agora que o álbum já foi lançado estás satisfeito com o seu resultado final, ou mudarias algo?

Não mudaria nada neste álbum, revisito-o constantemente, e sinto um amadurecimento, um novo estágio musical, algo que ficará cravado em nós como a evolução natural da banda como músicos e indivíduos.


M.I. - Porque escolheram "The Road Of Awareness" para nome do novo álbum? Algum significado especial?

O título do álbum é deveras importante. Assume-se como uma auto-consciência despojada de tudo o que a banda passou para chegar a este ponto. A temática pinta-se de forma negra, psicadélica e cruel tudo o com que vivemos e nos rodeamos.


M.I. - Quais são os tópicos explorados nas letras do novo álbum? Consideras a parte lírica algo importante na arte dos WAKO?

O álbum reporta a viagem de um ser imaginário, um produto concebido pela nossa mente, elevando-se num estado onírico, permutando-se através de estados de sonho, edificando seu caminho por cada experiência abstracta que se envolve. Este tipo de "wonderer" esta "personna" desdobra-se em vários "Eus", sofrendo metamorfoses mentais e mesmo físicas, almejando no seu horizonte um desapego total com a realidade física e procurando uma final coroação de sua existência, mas no final de contas todo esse caminho, esse fluxo de correntes de sonho, torna-se um infindável pesadelo, no qual o ser fica aprisionado em si, como numa cela dentro de uma cela inserida em outra cela... Acho toda a componente lírica de extrema importância.. Sempre bebi de diversas fontes, a literatura, cinema, pintura etc.. todo o tipo de artes está bem latente em mim. Não aprecio letras que são criadas somente para glorificar a vulgaridade e para "encher chouriços", desculpa a expressão... Mas o músico ou interprete musical tem de entender que a música, neste caso o metal, alternativo ou rock tem a responsabilidade de revolucionar consciências e pedagogicamente instruir ou influenciar o pensamento social... Fico com o sentimento de missão cumprida quando um seguidor ou determinada pessoa vem a meu encontro e diz "Devido aquela tua letra, ou frase, despertou-me a curiosidade para absorver aquele ou outro tipo de literatura" ou noutros campos artísticos. Para mim este é o melhor complemento ou reconhecimento do verdadeiro sentido da arte, despertar os adormecidos. Todos nós temos essa arma nas mãos, temos de saber utilizá-la...


M.I. - Porque escolheram o conhecido produtor norte-americano Josh Wilbur, para misturar e masterizar o álbum?

Foi sem dúvida uma escolha acertada.É um passo especial, se formos analisar bem as coisas, são barreiras que se quebram, é o reflexo que trabalho iguala conquista. O Josh é um nome de peso mundial,queriamos que nosso novo disco tivesse uma maior referência e exposição. Apesar de tudo sabemos que grande níveis de produção no nosso país, mas era algo que tinha de ser feito, tal como tem de ser recriado, as tours internacionais, a luta constante por uma boa exposição internacional, a visibilidade e a procura incessante por um maior reconhecimento e afirmação musical.


M.I. - Pensam com este álbum alargar o vosso número de ouvintes?

(risos) Boa questão, só o tempo dirá... Tenho consciência que este álbum não de tão fácil digestão como o primeiro, é mais complexo e estranho. Mas também sei que os melhores álbuns que ouvi na minha vida, foram aqueles que demorei a assimilar e absorver... "The Road Of Awareness" é uma obra para todos e para ninguém... Mas espero que sim, que muitas mais pessoas descubram WAKO através deste álbum.


M.I. - Os temas de "The Road Of Awareness" já foram compostos há bastante tempo. Já têm album material para o terceiro álbum?

Sim já temos alguns riffs para novo trabalho, mas nada em concreto. O que mais queremos agora é tocar este álbum e partilhá-lo com todos... Hit the Road of awareness.


M.I. - Há uma diferença de quatro anos entre "Deconstructive Essence" e o novo "The Road Of Awareness". Esperam demorar menos tempo a lançar um futuro trabalho?

Planificamos em dois anos lançar próximo trabalho, mas tudo com muita calma e preponderância. Não temos pressa, quando urgir o tempo certo para criar, estaremos prontos para tal.


M.I.- Vocês têm algumas metas em concreto para atingir na vossa carreira?

Sim claro. O mais importante será nunca deixar de compor boa música, nunca vamos regermo-nos pela estandardização musical, iremos sempre guiar-nos pelo que sentimos. Em planos profissionais, vamos tentar expandir-nos mais a nível internacional, programar boas tours lá fora, atingir o máximo de público possível, produzir um terceiro álbum e insistir mas sempre com os pés bem assentes na terra, na integração de uma editora de topo internacional. Não digo viver da música, mas conseguir um estado auto-subsistente e autónomo como banda, seria o equilibrio pleno para podermos continuar a trabalhar com estabilidade.


Entrevista por Mário Rodrigues