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Entrevista aos SepticFlesh


A Grécia sempre teve um extremo peso cultural no mundo. Apesar de, nos dias que correm, ser notícia por causa do seu mercado financeiro estar em baixa, a verdade é que o metal grego está em alta... prova disso é o novo álbum “The Great Mass” dos SepticFlesh! Estes gregos estão de volta com um álbum arrebatador produzido ao estilo de Peter Tägtgren e com todos os ingredientes para ter um sucesso estrondoso. A Metal Imperium esteve à conversa com Christos e Sotiris, dois dos cérebros por trás desta grande máquina chamada SepticFlesh.

M.I. – Antes de mais, quero felicitar-vos pelo espectacular novo álbum! “The Great Mass” está a provocar algumas dores de cabeça aos críticos porque ninguém consegue encaixá-lo num género específico. Como é que o descreverias? Será que os SepticFlesh inventaram um novo género dentro do metal?


Christos Antoniou - Obrigado pelas palavras. Eu acredito que “The Great Mass” é o nosso álbum mais maduro. Contém elementos de álbuns anteriores dos SepticFlesh e também marca uma nova era para nós. Não posso dizer que inventámos um novo estilo mas, definitivamente, trouxemos uma lufada de ar fresco ao Metal sinfónico.



M.I. - Este é o segundo álbum em que trabalhastes com a Orquestra Filarmónica de Praga, porquê esta em particular? Sabendo que esta orquestra trabalha maioritariamente para bandas sonoras, será justo dizer que bandas sonoras e os trabalhos clássicos como os de Igor Stravinsky’“The Rites of Spring”, Iannis Xenakis “Metastasis” e Wolfgang Amadeus Mozart “Requiem” foram mais inspiradores do que bandas de metal?

Christos Antoniou - O nosso trabalho com eles é único. Mantemos uma excelente comunicação e entusiasmo quando trabalhamos com esta orquestra. Quando uma equipa trabalha bem não se pode mudá-la. Quanto às influências da música clássica é natural que construas a tua música fora do contexto do metal. Nós somos bem sucedidos na junção desses dois géneros sem perder a energia do metal ou as cores da orquestra. Nós pedimos “emprestados” os elementos de orquestração destes compositores e aprendemos através dos seus trabalhos.



M.I. – Como foi gravar na vossa cidade natal, tornou o processo menos cansativo, mais intenso? Porque é que escolhestes gravar o álbum em Atenas e concluir a produção nos Abyss Studios?


Christos Antoniou - Nós temos o nosso estúdio em Atenas e isso é uma grande vantagem. Passámos muitas horas a discutir e a experimentar algumas ideias, particularmente a secção rítmica com as partes orquestradas. É um luxo termos o nosso estúdio e, definitivamente, iremos usá-lo a partir de agora. Temos a experiência de termos trabalhado com vários produtores e estamos em posição de gravar com excelente nível. Fomos aos Abyss Studios para a mistura de modo a tentar algo novo e mais obscuro com o estilo do Peter Tägtgren e o resultado foi fenomenal.


M.I. – Os SepticFlesh deram por terminada a colaboração com o produtor Fredrik Nordstrom e substituíram-no pelo único Peter Tägtgren. Porque decidistes mudar? Esta mudança teve o resultado pretendido?

Christos Antoniou - Como eu disse anteriormente, nós queríamos seguir um caminho diferente do trabalho do Fredrik. Ele é um óptimo produtor e ninguém pode questionar isso. Nós iniciamos o contacto com o Peter Tagtren através da editora pois sempre quisemos trabalhar com ele, especialmente após o seu trabalho com o último álbum dos Celtic Frost. O som era inacreditável! O Peter teve a difícil tarefa de misturar metal com sinfonia mas ele fez um excelente trabalho com o seu estilo único.


M.I. – A espantosa capa foi desenhada pelo Seth Siro e contém muitos detalhes gráficos: criaturas mitológicas, símbolos religiosos, criaturas humanas, um relógio simétrico, a estátua do Deus suicida... esta capa transmite a mensagem do álbum? Quais são os temas abordados nas letras?

Sotiris Anunnaki V – O Seth dedicou muito tempo à criação desta capa, focando os elementos e simbolismo das letras. No final, ele conseguiu algo composto por variadas e interessantes camadas. Nós poderíamos ter inúmeras capas diferentes baseadas apenas nos detalhes. A imagem está centrada numa horrível estátua de um deus feita de mármore e carne que está sentada no centro de uma catedral. A parte de baixo da estátua é uma massa, em forma triangular, de figuras antropomórficas que se regalam com um simpósio auto-canibalista. O Seth foi capaz de criar um excitante macro-cosmo composto a partir de um visualmente cativante micro-cosmos. Nós somos sempre uma banda extrema, tanto musical como visual e liricamente. O álbum é uma espécie de missa negra musical composta por dez salmos que destroem o simbolismo religioso e exaltam o espiríto rebelde. A palavra Missa pode ser usada em diferentes e interessantes contextos e por isso é que escolhemos este título para o álbum. Também é um termo usado para referir a música clássica sinfónica e há trabalhos de compositores clássicos com essa palavra, tal como “The Great Mass” do Mozart, por exemplo. Também há a grande massa do universo, a grande massa de humanos que vivem na terra, etc.


M.I. – Porque é que decidistes fazer diferentes edições de “The Great Mass”? Foi algo que os fãs pediram?


Sotiris Anunnaki V – Nós queríamos oferecer diferentes opções aos fãs, tendo em consideração o valor de cada pacote, dando-lhes a oportunidade de obter ou não material adicional, para além do album. A edição do livro de coleccionador é a mais cara mas também é a mais completa, fornecendo um olhar mais profundo aos trabalhos visuais do Seth com um livro de cem páginas que também inclui as pautas musicais do Christos. Também temos um CD adicional que está incluído com edições alternativas das músicas, focando-se na vertente sinfónica e um DVD com um documentário sobre a criação do álbum.


M.I. – Os SF usam samplers para tocar ao vivo pois não é nada prático levar uma orquestra de 150 pessoas convosco... se vos oferecessem a oportunidade de actuar ao vivo com a Orquestra Filarmónica de Praga, que local/cidade escolherias e porquê ? O dinheiro não era problema nesta situação imaginária!

Christos Antoniou - Já que a pergunta é imaginária, vou dar-te uma resposta imaginária! Nós adoraríamos tocar com a orquestra no The Ancient Theater de Epidaurus. É um teatro sagrado que foi usado para actuações dramáticas nos tempos antigos. É um sonho para qualquer artista actuar no local dos seus sonhos!



M.I. – Estais satisfeitos com o trabalho que a Season of Mist tem feito na promoção da banda?


Sotiris Anunnaki V – Sim. A Season of Mist trata-nos com respeito e demonstra profissionalismo. Temos uma boa colaboração!


M.I. - Os Septic Flesh teve a agenda cheia de concertos e festivais nestes meses. Estais com vontade de estar em tournée? Eu li que gostariam de fazer uma tournée com os Morbid Angel... já que ambas as bandas estão na Season of MIst, será que há uma possibilidade de isso se concretizar?


Christos Antoniou - Por acaso conhecemos o David Vincent no Brutal Assault no mês passado! Ele disse-nos que gostaria de nos ter na tour norte americana deles e que era fã de “The Great Mass”. Os Morbid Angel mudaram a nossa vida musical. “Altars of Madness” foi uma bíblia para nós e continua a ser até aos dias de hoje. Ficámos extremamente contentes de ouvir aquelas palavras vindas de uma lenda como o David Vincent. Estamos em conversações mas ainda não há nada concreto quanto à tournée.


M.I. – “The Great Mass” foi considerado álbum do mês na Metal Hammer da Grécia. Como se sentem por serem tão apreciados no vosso país? Acham que a Grécia e os Gregos têm sido simpáticos com o metal em geral? A situação política e financeira do país afectou a banda de algum modo?

Christos Antoniou - Estamos contentes por termos conseguido conquistar os gregos mas não foi nada fácil. Primeiro obtivemos sucesso fora da Grécia e só depois é que a Grécia nos aceitou. Agora temos muitos fãs no nosso país. Há uma má psicologia geral na Grécia e as coisas que antes eram consideradas como certas, estão a mudar e há desapontamento e medo quanto ao futuro. Como somos cidadãos gregos, era impossível não termos sido afectados de um modo ou outro.


M.I. – Têm alguma mensagem final para partilhar com os fãs Portugueses?


Christos Antoniou - Obrigado pela entrevista e apreciem “The Great Mass!”





Entrevista por Sónia Fonseca