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Fleshgod Apocalypse - "Agony" Review



Não é nada normal vermos bandas de death metal brutal a introduzir no seu som apontamentos sinfónicos. Breves trechos no início e fim dos temas é comum, mas introduzir a componente sinfónica em massa no som geral da banda, isso já não é nada normal. Contam-se pelos dedos o número de bandas que o fazem e com “Agony”, o novo disco dos italianos Fleshgod Apocalypse, certamente que irão nascer novas bandas a praticar este estilo.

Música sinfónica é algo que está mais associado a banda de black metal, tais como os Cradle of Filth ou Dimmu Borgir, só para citar as mais importantes e conhecidas do público. Mas associada a bandas de death metal, ainda por cima brutal, a coisa muda um pouco de figura e daí nasce um novo estilo dentro do metal: o Symphonic Technical Brutal Death Metal. E este novo disco é uma autêntica bomba!

Os Fleshgod Apocalypse são a mais recente sensação dentro do mundo do metal. De um momento para o outro, começaram a ser falados em todo o lado. Quando lançaram em 2009 o disco de estreia, “Oracles”, foram considerados uma (muito competente) banda de death metal: vocalizações guturais, guitarras afinadas em baixo e rapidez, muita rapidez. Nesse registo utilizaram algumas passagens sinfónicas, mais como início e término dos temas e pouco mais. Provou ser um bom disco e foi bem recebido pela crítica internacional, o que lhes granjeou ter sido considerado um dos melhores discos de 2009 e algumas tours com monstros da cena, como os Vader, Marduk e Suffocation.

Em “Agony”, o nível de insanidade musical dos Fleshgod Apocalypse sobe vários degraus, quando decidem incorporar “a tempo inteiro” a componente sinfónica para o seu material, tendo inclusivamente recrutado um quinto elemento para o posto de teclados e orquestração. “Agony” apresenta-se como sendo um disco mais furioso, extremo e explosivo. O quintento, composto por Tommaso Riccardi (voz e guitarra), Cristiano Trionfera (guitarra), Paolo Rossi (baixo e voz), Francesco Paoli (bateria) e Francesco Ferrini (teclados e orquestração) apresentam um disco muito sólido, impecavelmente escrito e executado e, acima de tudo, repleto de muita originalidade.

Tudo é levado ao extremo: conhecemos poucas bandas onde a rapidez seja tão rápida e o peso seja assim tão pesado como nos Fleshgod Apocalypse. Paoli é um baterista de eleição e que irá surpreender o mundo do metal com esta performance (incrível como parece ser caótico e coordenado ao mesmo tempo) as guitarras continuam afinadas por baixo e exploram aqui a introdução de alguns solos (bem conseguidos) e os teclados de Ferrini ficam a ecoar na nossa mente por muito tempo. Inclusivamente, alguns apontamentos de vocalizações mais orquestrais (executadas pelo baixista Rossi) surgem aqui muito equilibradas ao longo do disco, em nada beliscando o poderio do global conjunto de temas.

A abertura e fecho do disco (“Temptation” e “Agony” respectivamente) são duas peças instrumentais que servem como preparação e apoteose da brutalidade presente dos restantes oito temas. Desde a selvajaria de temas como “The Violation”, “The Betrayal” e “The Imposition” e os registos a meio tempo como “The Egoism” ou “The Forsaking”, este disco é excelente, que irá de certeza catapultar os Fleshgod Apocalypse para a primeira divisão do panorama metálico.

Para quem torce um pouco o nariz a estas “misturas” de death metal com passagens sinfónicas, “Agony” é um excelente exercício de como as coisas devem ser bem feitas. Não há muitas bandas que o consigam fazer bem e é preciso saber como o fazer, conhecer a arte e saber balancear correctamente o quê, quando e onde.
Li à dias num website na internet (esta frase não é minha, mas é mais que apropriado para esta crítica) algo que espelha bem o que digo: Quando uma banda de death metal insere na sua música orquestrações deixa de ser uma banda de death metal, passa a ser Septicflesh. Existem semelhanças entre as duas bandas, é certo, mas os Fleshgod Apocalypse optaram por uma abordagem mais selvagem da música, em vez da intensidade e dramatismo dos mestres gregos.

“Agony” é um dos melhores discos que ouvi não só este ano, mas ao longo de todos este tempo que oiço metal. E isso para mim diz tudo. Simplemente fantástico e recomendado.


Nota: 9/10

“Agony” track list:

01. Temptation
02. The Hypocrisy
03. The Imposition
04. The Deceit
05. The Violation
06. The Egoism
07. The Betrayal
08. The Forsaking
09. The Oppression
10. Agony




Review por João Nascimento