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Entrevista aos Glorior Belli


Os Glorior Belli já fazem parte do underground há cerca de uma década mas só agora é que conseguiram alcançar a tão desejada e merecida atenção devido ao contrato assinado com a Metal Blade. Estes franceses adeptos do ocultismo e do luciferianismo são apaixonados por boa música, como ficou provado nesta conversa com a Metal Imperium. 


M.I – Quando a banda surgiu em Dezembro de 2002, porque é que escolheste o nome latim Glorior Belli para expressar as vossas ideias? Qual é a maior influência (musical ou não) de Glorior Belli? O que vos inspira?


“Glorior Belli” é latim e significa algo como “banhar-se de orgulho em tempos de guerra”. Basicamente significa que tens de te melhorar enquanto enfrentas tempos dificeis, passar pela adversidade e alcançar as estrelas! Isso lembra-me que é importante desafiar o cosmos e também é uma doutrina de auto-melhoramento. Um caminho tenebroso é mesmo assim, desenvolver e manifestar a atracção pelas artes negras e transcender numa iluminação que nos liberta.


M.I – A descrição que se encontra de Glorior Belli na página official do facebook é “uma perfeita mistura de texturas desert-rock com ameaçadoras e brutais vibrações de Black metal tipico”. Quem é o autor desta descrição? Acreditas que define bem a banda?

É uma espécie de mistura de várias criticas que recebemos dos últimos álbuns. Acredito mesmo que define e encaixa na banda. Pelo menos, é uma boa e curta descrição.


M.I – Em 2009, Glorior Belli lançaram um álbum “Meet us at the Southern Sign” e agora o novo ábum “The Great Southern Darkness”… ambos contêm a palavra “Southern”… é algum tipo de “fetish” ou os dois álbuns estão relacionados de algum modo?

Os álbuns estão ligados pois “The Great Southern Darkness” é a lógica continuação do que começamos com "Meet Us At The Southern Sign". O objectivo era concluir o que iniciámos em “Meet us”. Em vez de negarmos os principios do Black Metal, aprendemos a extrair o melhor deles. O uso repetido do termo “Southern” funciona na perfeição para nós, pois destaca a música assim como a noção de Inferno.


M.I – Qual é o principal conceito por trás do novo album? Os temas abordados estão relacionados com o ocultismo e luciferianismo. Porque sentem necessidade de escrever sobre estes temas? Não acham que estes tópicos já foram demasiado usados?

O conceito por trás de “The Great Southern Darkness” tem a sua origem na mitologia Sumero-Babilónica e os aspectos mais significativos do culto do dragão Tiamat, de acordo com o gnosticismo anti-cósmico. Nada pode ser melhor do que ter um gajo francês a cantar em inglês sobre as forças obscuras. É extremamente importante para mim que as pessoas compreendam as letras, pois o meu objectivo principal é dar-lhes a oportunidade de criar as armas que permitirão a sua própria libertação, apesar de eu saber que as minhas palavras confundirão as mentes mais fracas tal como o fogo de Lúcifer pode iluminar ou destruir. Não é importante se tópicos destes já foram exageradamente usados porque eu acho que nós estamos a oferecer uma versao completamente diferente.


M.I – Achas que o álbum requer várias audições de modo a que o ouvinte consiga compreendê-lo?

Algumas faixas são de fácil compreensão, mas penso que é necessário ouvi-lo algumas vezes para se poder sentir a verdadeira essência do novo álbum.


M.I – O título do álbum “The Great Southern Darkness” é fruto da vossa inspiração do metal produzido na América do Sul? Que bandas mais ouves?

Era o título mais adequado pois lembra-me algumas influências de Americana/Blues e que são bastante perceptiveis. Quanto às nossas influências, refiro as mais notáveis: Eugene Edwards, 16HP/Woven Hand, Mr Phil Anslemo, Pantera, Down, Alice In Chains, Neurosis, Acid Bath, Kyuss, Slash, Eyehategod, Dissection, Cursed, The Mars Volta.


M.I – O álbum “The Great Southern Darkness” foi considerado um melhores lançamentos de Setembro e atingiu o top 5 metal do site aux.tv. Atribuis grande importância a este facto? Prestas atenção ou preocupas-te com toda a agitação que estais a causar no mundo do metal?

Nem sabia disso da aux.tv até tu mencionares. Claro que é sempre uma satisfação pessoal saber que a minha música é apreciada mas eu nem presto muita atenção. Interesso-me principalmente em andar para a frente para alcançar novos objectivos.


M.I – Todos os vossos álbuns foram lançados por editoras diferentes e agora assinaste um contrato com a Metal Blade Records. Porque é que estais constantemente a mudar de editora?

Sabes que, às vezes, acontecem merdas. O que passou, passou e não me posso queixar. O contrato com a Metal Blade é definitivamente o melhor que nos aconteceu desde que começamos há dez anos atrás. Espero que esta colaboração funcione bem e estamos determinados a fazer o necessário para fazer uma excelente promoção do novo álbum. Há uma boa simbiose na colaboração e não estamos a desperdiçar energia. Nunca tinha testemunhado tanto profissionalismo e apoio, eles sabem exactamente como tomar conta dos negócios com paixão e perseverança. Portanto, é menos uma coisa com que tenho de me preocupar e isso tira-me um grande peso dos ombros.


M.I – Ao longo dos anos, algumas bandas francesas tiveram um grande impacto na cena underground, como são os casos de Gojira, Alcest, Blut Aus Nord, Anorexia Nervosa, Antaeus… Este facto coloca pressão sobre os Glorior Belli? Como é que vos sentis com esta herança cultural tão rica?

Com certeza não me sinto nada pressionado. Sentimo-nos orgulhosos de fazer parte da cena underground francesa por causa da qualidade das bandas que mencionaste. A França foi um berço de revolução e essa é a única herança em que estou interessado.


M.I – Vocês têm alguns concertos e tournées programados para os próximos meses. Estais entusiasmado?

Vamos dar alguns concertos em Novembro: Bélgica (Sint Niklas no dia 5), Holanda (Tilburg no dia 6) e Alemanha (Bad Oeynhausen no dia 11 e Bitterfeld no dia 12). Tocaremos o primeiro concerto em solo canadiano no dia 25 de Novembro em Montreal. Claro que estamos entusiasmados!


M.I – O video “They call me Black devil” é divertido e aparenta ser um grande “fuck off” para a indústria musical. Porque decidiste fazê-lo e de quem foi a ideia?

Basicamente há muito humor no video, a começar pela carta de orçamento… foi feita por mim e quis salientar que o que viria a seguir seria muito barato. É uma espécie de “fuck off” para a indústria musical… quero destacar o videoclip “Wires” dos Red Fang que gastam 5,000$ na destruição de material com um carro. Acredito que possa ser confuso mas esse era o objectivo do videoclip. O resto é feito ao calhas pois foi feito por mim com a ajuda de uma pequena câmara. O mais importante é a música, e realmente há uma razão para me chamarem Black Devil.


M.I – Palavras finais…

Destruiremos o cosmos!



Entrevista por Sónia Fonseca