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Entrevista aos Thee Orakle

Cerca de dois meses passaram desde o lançamento de “Smooth Comforts False”, o novo trabalho dos nossos Thee Orakle. De uma forma muito directa e descontraída, a Micaela Cardoso (vocalista feminina) conversou com a Metal Imperium num teor altamente simpático como já é habitual na artista. Reacções do público, relações internas e vontade de vingar são os três factores que marcam esta pequena, mas explicativa, conversa.


M.I. - Cerca de dois meses após o lançamento de "Smooth Comforts False", qual é a reacção do público e dos media?

Pelas reacções que nos chegam do público em geral e das críticas das quais temos conhecimento, estamos bastante satisfeitos e com muita garra para mostrar este trabalho ao vivo! Já começaram a chegar propostas de entrevistas de rádios no estrangeiro e reviews de zines que ainda não nos conheciam, e as palavras que nos revelam são encorajadoras e elogiosas!


M.I. - O processo para este novo disco durou um ano. Existiu, de certa forma, algum impasse ou foram até ao limite da minuciosidade?

Gostamos de fazer tudo com calma e muita atenção ao que criamos e ao que produzimos. Portanto, mesmo que demore mais algum tempo, o que nos interessa mais é que tudo esteja do nosso agrado e nos transmita confiança!


M.I. - Como é trabalhar com Daniel Cardoso? (Que dispensa apresentações.)

Trabalhar com o Daniel é ter noção de que vamos passar excelentes semanas… Tudo o que é bem feito, exige muito trabalho e empenho! Portanto são tempos de dedicação e de muito “suor”…mas, ao longo do processo de gravação, os resultados surgem e a cada tema as coisas ganham outra forma e outra intensidade! O Daniel Cardoso é um produtor cheio de qualidades e de ideias fenomenais, fora do estúdio é uma excelente pessoa e um amigo que faz questão de nos proporcionar momentos divertidos.


M.I. - Reparei numa forte cumplicidade musical entre os membros da banda durante as várias audições ao disco; são um forte colectivo. Como é que os Thee Orakle constroem esse factor tão importante?

Se calhar por estarmos separados fisicamente uns dos outros…? (riso) Não faço ideia… Acho que todos gostamos deste projecto com a mesma intensidade mas de forma diferente; ou seja, cada um mostra da sua forma, mas em palco ou em estúdio, todos nos empenhamos com a mesma vontade! No entanto, acho que já passamos por momentos difíceis e sempre regressamos mais fortes… E sempre funcionou assim, somos amigos!


M.I. - O experimentalismo versus veia progressiva foi algo fortemente notado neste novo disco. Que mais fronteiras musicais têm intenção de quebrar?

Não queremos intencionalmente quebrar nenhuma barreira! Fazemos o que mais gostamos e estudamos bem as ideias, mais ou menos, loucas, que possam surgir! Ou seja, é muito difícil hoje em dia ser original, e no metal provavelmente ainda mais… Acho que nos correu bem esta inclusão de sons experimentais mas mesmo esses não são novidade para ninguém… Consideramos importante sim, fazer a música que gostamos e fazer música que agrade e que surpreenda, mas nada é “chapado”, ou seja, nada é intencional para “vender”!


M.I. - Um dos aspectos mais intrigantes para mim em "Smooth Comforts False" foi aquele discurso em ambiente Terceiro Reich no tema "Rescue Of Mind". O que nos podes desvendar quanto a isso?

Esta música fala das angústias de um momento de vida ou morte de um soldado aliado que solitariamente encontra um esconderijo em plena 2ª Grande Guerra Mundial… É claro que não é literal, são metáforas! No entanto foi essa a ideia original e portanto o discurso de Hitler foi escolhido precisamente por vir dar o ambiente ainda mais pesado a este tema.


M.I. - Pergunta cliché (é inevitável): como foi elaborada a aproximação aos convidados especiais? Destaco até a surpresa que foi Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta.

A “Faraway Embrace” foi um tema que originalmente foi escrito com uma grande parte da letra em Português. E isso causou alguma indecisão entre nós. O nosso baterista, o Fred, lembrou-se que para dizer algo em português, o Adolfo seria o vocalista ideal… e teve toda a razão! Através do Daniel Cardoso conseguimos o contacto dele e a partir daí eu falei com ele e enviei-lhe a música e a letra. Ele gostou muito e gravou com um grande empenho e com um profissionalismo invejável! A participação do Yossi dos Orphaned Land foi um continuar de uma forte amizade e como já disse algumas vezes, é um prazer ter este senhor nos nossos trabalhos. O Marco Benevento, dos The Foreshadowing, foi uma agradável surpresa, isto porque nunca pensamos que a “Winter Threat” tivesse tanta preferência no meio do público. O Marco é um excelente vocalista, uma pessoa muito humilde e com um carácter espectacular. O Ricardo Formoso – trompete e o Fábio Almeida – saxofone, são amigos de alguns dos elementos da banda, agora já amigos de todos os elementos e são dois excelentes músicos que nos deram momentos muito especiais neste álbum!


M.I. - Achas que o público português está preparado para uma banda como Thee Orakle?

Acho que o público português está preparado para os Thee Orakle e para tantas outras bandas que editem álbuns mais “difíceis” de escutar. O público português não é “fechado” como já ouvi tanta gente a dizer… se os Thee Orakle não tiverem mais reacções positivas de público português não será esse o motivo, mas estamos confiantes que isso não vai acontecer e portanto, nós temos real consciência do trabalho que fizemos.


M.I. - O que esperam os Thee Orakle para este ano de 2012?

Esperamos um ano difícil… um ano complicado para conseguir tocar ao vivo. Cada vez se torna mais complicado nos deslocarmos seja para onde for porque os promotores de eventos não querem pagar o pouco que pedimos. Já não somos uma banda que aceita tocar por uma grade de cerveja… e aliás, nunca o fomos! (riso) Mas mesmo com todas as adversidades os Thee Orakle esperam conseguir alcançar os objectivos que delineamos para este álbum e a sua divulgação!


Entrevista por Diogo Ferreira